2C. O VALOR DAS FONTES PRIMÁRIAS
Eles escreveram como testemunhas oculares ou a partir de informações de primeira mão:
Lucas 1:1-3 - "Visto que muitos houve que empreenderam uma narração coordenada dos fatos que entre nós se realizaram, conforme nos transmitiram os que desde o princípio foram deles testemunhas oculares, e ministros da palavra, igualmente a mim me pareceu bem, depois de acurada investigação de tudo desde sua origem, dar-te por escrito, excelentíssimo Teófilo, uma exposição em ordem."
2 Pedro 1:16 — "Porque não vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas engenhosamente inventadas, mas nós mesmos fomos testemunhas oculares da sua majestade."
1 João 1:3 — "... o que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós igualmente mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo."
Atos 2:22 - "Varões israelitas, atendei a estas palavras: Jesus, o Nazareno, varão aprovado por Deus diante de vós, com milagres, prodígios e sinais, os quais o próprio Deus realizou por intermédio dele entre vós, como vós mesmos sabeis...."
João 19:35 - "Aquele que isto viu, testificou, sendo verdadeiro o seu testemunho; e ele sabe que diz a verdade, para que também vós creiais."
Lucas 3:1 — "No décimo-quinto ano do reinado de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos governador da Judéia, Herodes tetrarca da Galiléia, seu irmão Filipe tetrarca da região da Ituréia e Traconites, e Lisânias tetrarca de Abilene..."
Atos 26:24-26 — "Dizendo ele estas coisas em sua defesa, Festo o interrompeu em alta voz: Estás louco, Paulo; as muitas letras te fazem delirar. Paulo, porém, respondeu: Não estou louco, ó excelentíssimo Festo; pelo contrário, digo palavras de verdade e de bom senso. Porque tudo isto é do conhecimento do rei, a quem me dirijo com franqueza, pois estou persuadido de que nenhuma destas coisas lhe é oculta; porquanto nada se passou aí, nalgum recanto."
F. F. Bruce, professor que ocupa a cátedra Rylands de Crítica Bíblica e Exegese, na Universidade de Manchester, diz o seguinte a respeito do valor das fontes primárias dos registros do Novo Testamento: "Os primeiros pregadores do evangelho reconheciam o valor do testemunho de primeira mão, e repetida» vezes fizeram uso dele. 'Somos testemunhas destas coisas' era a afirmação constante e confiante que faziam. E, ao contrário do que parecem pensar alguns escritores, não teria sido absolutamente fácil inventar palavras e obras de Jesus naqueles primeiros dias, quando tantos discípulos estavam por ali espalhados, os quais poderiam lembrar-se do que tinha e do que não tinha acontecido."
"E os primeiros pregadores tiveram que levar em conta não apenas as testemunhas oculares simpáticas ao cristianismo; havia outros bem menos dispostos que também eram conhecedores dos principais fatos sobre o ministério e a morte de Jesus. Os discípulos não podiam se dar ao luxo de correr o risco de apresentar fatos inexatos (para não mencionar uma manipulação internacional dos fatos), os quais seriam imediatamente denunciados por aqueles que teriam imenso prazer em fazê-lo. Pelo contrário, um dos pontos fortes da pregação apostólica original é o apelo confiante ao conhecimento dos ouvintes; eles não apenas diziam 'somos testemunhas destas coisas', mas também 'como vós mesmos sabeis' (Atos 2:22). Caso tivesse havido qualquer tendência para se afastarem dos fatos em qualquer questão importante, a possível presença de testemunhas hostis ali na audiência teria se pronunciado, contestando o que fora dito." 16/33, 44-46
3C. MATERIAL DE FONTES PRIMÁRIAS LEGÍTIMAS
O Novo Testamento deve ser considerado pelos eruditos de hoje como um legítimo documento de fontes primárias, vindo do primeiro século. 64/34, 35
DATAS DOS CONSERVADORES
Cartas de Paulo 50-66 A.D. (Hiebert)
Mateus 70-80 A.D. (Harrison)
Marcos 50-60 A.D. (Harnak)
58-65 A.D. (T. W. Manson)
Lucas início dos anos 60 A.D. (Harrison)
João 80-100 A.D. (Harrison)
DATAS DOS LIBERAIS
Cartas de Paulo 50-100 A.D. (Kümmel)
Mateus 500-100 A.D. (Kümmel)
Marcos 70 A.D. (Kümmel)
Lucas 70-90 A.D. (Kümmel)
João 170 A.D. (Baur)
90-100 A.D. (Kürnmer)
Os dados acima foram extraídos das seguintes fontes: KÜMMEL, Werner Georg, Introduction to the New Testament (Introdução ao Novo Testamento). Traduzido para o inglês por Howald Clark Kee. Abingdon, 1973.
HARRISON, Everett. Introduction to the New Testamento (Introdução ao Novo Testamento). Grand Rapids: Wm. B. Eerdmans, 1971.
HIEBERT, D. Edmond. Introduction to the New Testament (Introdução ao Novo Testamento), vol. 2. Chicago: Moody, 1977; escritos e conferências por T. W. Manson e F. C. Baur.
William Foxwell Albright, que foi um dos mais destacados arqueólogos de todo o mundo, disse: "Podemos dizer enfaticamente que já não existe qualquer base sólida para atribuir a qualquer livro do Novo Testamento uma data posterior a 80 A.D., isto é, duas gerações inteiras antes do período entre 130 e 150, período calculado pelos críticos mais radicais do Novo Testamento da atualidade". 7/136
Ele reafirma essa posição numa entrevista à revista Christianity Today (Cristianismo Hoje; 18 jan. 1963): "Na minha opinião, cada livro do Novo Testamento foi escrito por um judeu batizado, entre as décadas de quarenta e oitenta do primeiro século de nossa era (bem provavelmente em algum período entre aproximadamente 50 e 75 A.D.)".
Albright conclui: "Graças às descobertas de Qumran, o Novo Testamento comprova que, de fato, é aquilo que anteriormente as pessoas criam que fosse: o ensino de Cristo e de seus seguidores imediatos, no período compreendido entre cerca de 25 e 80 A.D". 5/23
Muitos dos eruditos liberais estão sendo forçados a considerar datas mais remotas para o Novo Testamento. As conclusões do Dr. John A. T. Robinson em seu novo livro, Redating the New Testament (Atribuindo Novas Datas ao Novo Testamento), são surpreendentemente radicais. Sua pesquisa levou-o à convicção de que o Novo Testamento foi escrito antes da Queda de Jerusalém, em 70 A.D. 79
5B. O Teste das Evidências Externas em favor da Credibilidade das Escrituras
1C. CONFIRMANDO A AUTENTICIDADE
"Outros materiais históricos confirmam ou negam o testemunho fornecido pelos próprios documentos?" 64/31
Em outras palavras, que outras fontes existem, além da literatura que está sendo examinada, que confirmam sua exatidão, credibilidade e autenticidade?
2C. PROVAS FAVORÁVEIS DE AUTORES EXTRA-BIBLICOS
Eusébio, em sua obra História Eclesiástica (III. 39), preserva escritores de Papias, bispo de Hierápolis (130 A.D.), os quais Papias recebeu do Ancião (apóstolo João): "O Ancião também costumava dizer o seguinte: 'Marcos, tendo sido o intérprete de Pedro, escreveu fielmente tudo o que ele (Pedro) mencionava, fossem palavras ou obras de Cristo; todavia, não o fez em ordem cronológica. Pois não esteve ouvindo pessoalmente o Senhor nem o esteve acompanhando; mas mais tarde, conforme eu já disse, ele acompanhou Pedro, o qual adaptou os seus ensinos conforme as necessidades, não como se estivesse elaborando uma compilação das palavras do Senhor. Dessa forma, então, Marcos não cometeu qualquer erro, tendo assim escrito algumas coisas à medida que ele (Pedro) as mencionava; pois ele prestava toda atenção a isso, a fim de não omitir qualquer coisa que ouvisse, nem incluir qualquer afirmação falsa no que registrava.'"
Papias também comenta sobre o evangelho de Mateus: "Mateus registrou os oráculos em língua hebraica (isto é, aramaica)".
Irineu, bispo de Lion (180 A.D.), foi aluno de Policarpo, bispo de Esmirna, o qual foi martirizado em 156 A.D., tendo sido cristão por 86 anos e discípulo do apóstolo João. Irineu escreveu:
"Tão firme é a base sobre a qual esses Evangelhos repousam que os próprios hereges dão testemunho a favor desses livros, e, tomando-os por base, cada um deles se esforça por estabelecer sua própria doutrina particular" {Contra Heresias, III).
Os quatro Evangelhos haviam se tornado tão axiomáticos no mundo cristão que Irineu pôde se referir a eles como um fato comprovado e reconhecido tal como os quatro pontos cardeais: "Pois assim como existem os quatro cantos do mundo onde vivemos, e quatro ventos universais, e assim como a Igreja se encontra dispersa por toda a terra, e o evangelho é a coluna e o alicerce da Igreja e o sopro de vida, de igual maneira é natural que o evangelho tenha quatro colunas, soprando imortalidade a partir de cada canto e novamente despertando a vida nos homens. Por essa razão é evidente que o Verbo, o arquiteto de todas as coisas, que está assentado sobre os querubins e sustenta todas as coisas, tendo-se manifestado aos homens, deu-nos o evangelho em forma quádrupla, forma que se mantém coesa por meio de um só Espírito."
"Mateus divulgou seu evangelho", prossegue Irineu, "entre os hebreus (isto é, judeus), na língua deles, enquanto Pedro e Paulo estavam pregando o evangelho em Roma e fundando a igreja ali. Depois de sua partida (isto é, morte, a qual uma forte tradição identifica com a época da perseguição de Nero, em 64), o próprio Marcos, o discípulo e intérprete de Pedro, transmitiu-nos de forma escrita a substância da pregação de Pedro. Lucas, o seguidor de Paulo, pôs num livro o evangelho pregado por seu mestre. Então João, o discípulo do Senhor, e que também reclinou sua cabeça sobre o Seu peito (esta é uma referência a João 13:25 e 21:20), escreveu ele mesmo o seu evangelho, enquanto vivia em Éfeso, na Ásia."
Clemente de Roma (cerca de 95 A.D.) usa as Escrituras como sendo confiáveis e autênticas.
Inácio (70-110 A.D.) foi bispo de Antioquia, tendo sido martirizado por causa de sua fé em Cristo. Conheceu todos os apóstolos e foi discípulo de Policarpo, que foi discípulo do apóstolo João. 59/209
Em Who Was Who in Church History (Quem Foi Quem na História da Igreja), Elgin Moyer escreve que o próprio Inácio "disse: 'Prefiro morrer por Cristo a dominar toda a terra. Entreguem-me às feras para que, por meio delas, eu seja um participante junto com Deus.' Conta-se que ele foi jogado às feras no Coliseu em Roma. Ele escreveu suas epístolas durante a viagem de Antioquia para o martírio". 66/209
Inácio deu crédito às Escrituras pela maneira como depositou fé na fidedignidade da Bíblia. Teve grande quantidade de material e de testemunhas para consultar e, assim, descobrir a credibilidade das Escrituras.
Policarpo (70-156 A.D.) foi discípulo de João e sofreu martírio aos 86 anos de idade por causa de sua incansável devoção a Cristo e às Escrituras. "Por volta de 155, durante o reinado de Antonino Pio, quando uma perseguição a nível local estava acontecendo em Esmirna e vários dos membros da igreja haviam sido martirizados, foi escolhido por ser o líder da igreja e depois destinado ao martírio. Quando instado a renunciar à fé e viver, segundo se sabe, ele disse: 'Durante oitenta e seis anos tenho servido a Ele, e Ele não me tem feito mal algum. Como poderia falar mal do meu Rei que me salvou?' Foi queimado numa fogueira, experimentando a morte heróica de um mártir, por causa de sua fé." 66/337 Certamente ele teve grande número de contatos para conhecer a verdade. Flávio Josefo - historiador judeu.
As diferenças entre o relato de Josefo sobre o batismo de João Batista e o dos evangelhos é que Josefo afirma que o batismo de João não era para remissão de pecados, enquanto que a Bíblia (Marcos 1:4) afirma que era; e que João foi morto por razões políticas e não por censurar publicamente o casamento de Herodes com Herodias. Como Bruce ressalta, é bem possível que Herodes cresse que, aprisionando João, poderia matar dois coelhos com uma cajadada só. Em relação à discrepância sobre o batismo de João, Bruce diz que os Evangelhos oferecem um relato mais provável do ponto-de-vista "histórico-religioso" e que eles são mais antigos do que a obra de Josefo, e, portanto, mais exatos. A questão central, no entanto, é que, em linhas gerais, o relato de Josefo confirma o dos evangelhos. 16/107
Em Antigüidades XVIII 5:2, Josefo menciona João Batista. Pela maneira como essa passagem está escrita, não há base para se suspeitar de uma interpolação cristã. Nessa passagem lemos: "Alguns dos judeus pensaram que o exército de Herodes havia sido destruído por Deus e que esse era um castigo bem justo para vingar a morte de João, cognominado o Batista. Pois, Herodes mandou que o matassem, embora João fosse um homem bom, tendo ensinado os judeus a cultivarem as virtudes, serem justos uns com os outros, piedosos para com Deus e virem juntos para o batismo. Ele ensinava que Deus aceitava o batismo contanto que não se submetessem a esse ato a fim de obter remissão de certos pecados, mas para a purificação do corpo, caso a alma já estivesse purificada pela justiça. E quando os outros se reuniram em torno dele (pois foram profundamente tocados quando ouviram suas palavras), Herodes receou que, sendo tão grande o poder de persuasão que João tinha sobre as pessoas, conduzisse o povo a uma insurreição, pois eles pareciam prontos a seguir seus conselhos, Herodes resolveu prendê-lo e matá-lo antes que provocasse qualquer tumulto, de forma que mais tarde ele tivesse que enfrentar uma revolta. Devido a essa suspeita de Herodes, João foi enviado preso a Maquero, a fortaleza que já mencionamos acima, tendo ali sido morto. Os judeus creram que foi para vingar a morte de João que o desastre se abateu sobre o exército, com Deus querendo infligir mal a Herodes." 16/106
Taciano (cerca de 170 A.D.) organizou as Escrituras a fim de pô-las na primeira "seqüência dos Evangelhos", denominada Diatessarão.
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