fazer uso dos manuscritos do Novo Testamento". 37/54
Em refência às citações em comentários, sermões, etc, Bruce Metzger reitera a declaração acima, dizendo: "De fato, essas citações são tão vastas que, se todas as demais fontes de conhecimento sobre o texto do Novo Testamento fossem destruídas, sozinhas essas citações seriam suficientes para a reconstituição de praticamente todo o Novo Testamento". 62/86
Sir David Dalrvmple estava refletindo sobre a preponderância das Escrituras nos escritos antigos, quando alguém lhe perguntou: "Supondo que o Novo Testamento houvesse sido destruído, e se tivessem perdido todas as suas cópias, seria possível até o fim do terceiro século reconstruí-lo novamente a partir dos escritos dos pais da igreja do segundo e terceiro
séculos'.'"
Após uma prolongada investigação, Dalrymple chegou à seguinte conclusão: "Veja aqueles livros. Você se lembra da pergunta que me fez sobre o Novo Testamento e os pais? Aquela pergunta despertou a minha curiosidade, e, como eu conhecia todas as obras existentes dos pais do segundo e terceiro séculos, comecei a pesquisar e, até agora, já encontrei todo o Novo Testamento, com exceção de onze versículos". 58/35, 36
Uma advertência: Joseph Angus, em História, Doutrina e Interpretação da Bíblia; Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1971, 1953. 2 voL, apresenta algumas limitações dos escritos patrísticos antigos:
1. Às vezes se fazem citações sem exatidão verbal.
2. Alguns copistas tinham tendências para erros ou para alterações intencionais.
Clemente de Roma (95 A.D.). Orígenes, em De Principus (Sobre o Principio), livro II, capítulo 3, chama-o de discípulo dos apóstolos. 8/28
Em Contra Heresias, capítulo 23, Tertuliano diz que Clemente foi nomeado por Pedro.
Irineu, prossegue, em Contra Heresias, livro III, capítulo 3, dizendo que "ainda tinha o ensino dos apóstolos ecoando em seus ouvidos e a doutrina deles diante de seus olhos". Ele faz citações de:
Mateus 1 Coríntios
Marcos 1 Pedro
Lucas Hebreus
Atos Tito
Inácio (70-110 A.D.) foi bispo de Antioquia e foi martirizado, tendo conhecido bem os apóstolos. Suas sete cartas contêm citações de:
Mateus Efésios 1 e 2 Tessalonicenses
João Filipenses 1 e 2 Timóteo
Atos Gálatas 1 Pedro
Romanos Colossenses
1 Coríntios Tiago
Policarpo (70-156 A.D.), martirizado aos 86 anos de idade, foi bispo de Esmirna e discípulo do apóstolo João.
Entre outros que também citaram o Novo Testamento encontram-se Barnabé (cerca de 70 A.D.), Hermas (cerca de 95 A.D.), Taciano (cerca de 170 A.D.) e Irineu (cerca de 170 A.D.).
Clemente de Alexandria (150-212 A.D.). Dentre as citações que faz, 2.4000 são do Novo Testamento. Ele cita todos os livros, com exceção de três.
Tertuliano (160-220 A.D.) foi presbítero da igreja em Cartago, tendo citado mais de 7.000 vezes o Novo Testamento, das quais 3.800 são citações dos Evangelhos.
Hipólito (170-235 A.D.) faz mais de 1.300 referências ao Novo Testamento.
Justino Mártir (133 A.D.) combateu o herege Marcião.
Orígenes (185a 253 ou 254 A.D.). Esse dinâmico escritor fez uma compilação a partir de mais de 6.000 obras. Ele apresenta mais de 18.000 citações do Novo Testamento. 32/353
Cipriano (falecido em 258 A.D.) foi bispo de Cartago. Ele usa aproximadamente 740 citações do Antigo Testamento e 1.030 do Novo Testamento.
Geisler eNix acertadamente concluem dizendo que, "a esta altura, um rápido apanhado estatístico mostrará a existência de umas 32.000 citações do Novo Testamento feitas até a época do Concilio de Nicéia (325 A.D.). Essas 32.000 são apenas um número parcial, e nem mesmo incluem os escritores do século quarto. Apenas acrescentando-se as citações feitas por um outro escritor, Eusébio, que escreveu prolificamente num período que vai até o Concilio de Nicéia, teremos o total de citações do Novo Testamento aumentado para mais de 36.000". 32/353, 354
A todos esses ainda se pode acrescentar os nomes de Agostinho, Amábio, Latâncio, Crisóstomo, Jerônimo, Gaio Romano, Atanásio, Ambrosósio de Milão, Cirilo de Alexandria, Efraim o Sírio, Hilário de Poitiers, Gregório de Nissa, etc.
Sobre as citações patrísticas do Novo Testamento, Leo Jaganay escreve: "Dentre as volumosas obras de material não publicado que o deão Burgon deixou ao morrer, destaca-se o índice de citações do Novo Testamento, feitas pelos pais da Igreja antiga. Consiste de dezesseis espessos volumes que se encontram no Museu Britânico, e contém 86.489 citações". 44/48
CITAÇÕES PATRÍSTICAS ANTIGAS DO NOVO TESTAMENTO *
ESCRITOR | Evangelhos | Atos | Epístolas Paulinas | Epístolas Gerais | Apocalipse | Total |
Justino Mártir | 268 | 10 | 43 | 6 | 3 (266 alusões) | 330 |
Irineu | 1.038 | 194 | 499 | 23 | 65 | 1.819 |
Clemente de Alexandria | 1.017 | 44 | 1.127 | 207 | 11 | 2.406 |
Orígenes | 9.231 | 349 | 7.778 | 399 | 165 | 17:922 |
Tertuliano | 3.822 | 502 | 2.609 | 120 | 205 | 7.258 |
Hipólito | 734 | 42 | 387 | 27 | 188 | 1.378 |
Eusébio | 3.258 | 211 | 1.592 | 88 | 27 | 5.176 |
---- Totais 19.368 1.352 14.035 870 664 36.289
6C. A CREDIBILIDADE DOS MANUSCRITOS APOIADA PELOS LECIONÁRIOS
Essa é uma área grandemente negligenciada, e, no entanto, o segundo maior grupo de manuscritos gregos do Novo Testamento é o dos lecionados.
Bruce Metzger explica a origem dos lecionários: "Seguindo o costume das sinagogas, mediante o qual em todos os sábados, por ocasião do culto religioso, liam-se trechos da lei e dos profetas, a Igreja Cristã adotou a prática de ler trechos dos livros do Novo Testamento por ocasião dos cultos. Desenvolveu-se um sistema regular de lições dos Evangelhos e das Epístolas, e surgiu o costume de prepará-las de acordo com uma ordem fixa de domingos e outros dias santificados do ano cristão". 62/30
Metzger prossegue, dizendo que 2.135 lecionários já foram catalogados, mas que, até o momento, a maioria deles ainda espera um exame crítico.
J. Harold Greenlee afirma que "os mais antigos fragmentos de lecionários são do século sexto, enquanto existem manuscritos completos com datas a partir do século oitavo." 37/45
Em geral, os lecionários refletiam uma atitude bem conservadora e utilizavam textos mais antigos. Isto os torna muito valiosos na crítica textual. 62/31
3B. O Teste Bibliográfico da Credibilidade do Antigo Testamento
Ao contrário do Novo Testamento, no caso do Antigo Testamento não dispomos da abundância de manuscritos copiados em data próxima à composição original. Até a recente descoberta dos Rolos do Mar Morto, o mais antigo e completo manuscrito hebraico existente havia sido copiado por volta de 900 A.D. Isso representava um intervalo de 1.300 anos. (O Antigo Testamento hebraico foi completado por volta de 400. a.C.) À primeira vista tem-se a impressão de que o Antigo Testamento não é mais confiável do que os outros textos da literatura antiga. (Veja a página 54).
Com a descoberta dos Rolos do Mar Morto, vários manuscritos do Antigo Testamento foram encontrados, aos quais os estudiosos atribuem datas anteriores à época de Cristo.
Quando os fatos são conhecidos e comparados, surge um número surpreendentemente grande de motivos para se crer que os manuscritos que possuímos são confiáveis. Descobriremos que, tal como diz Sir Frede-ric Kenyon, "o cristão pode apanhar a Bíblia toda na mão e dizer, sem receio ou hesitação, que está segurando a verdadeira Palavra de Deus, transmitida de geração em geração, através dos séculos, sem nenhuma perda expressiva." 49/23
Em primeiro lugar, a fim de perceber a singularidade das Escrituras no aspecto da credibilidade, é preciso examinar o extremo cuidado com que os copistas transcreveram os manuscritos do Antigo Testamento.
1C. OS TALMUDISTAS (100-500 A.D.)
Durante esse período gastou-se grande parte do tempo na catalogação das leis civis e canônicas dos hebreus. Os talmudistas possuíam um sistema bem intricado para transcrever os rolos das sinagogas.
Samuel Davidson descreve algumas das exigências que os talmudistas deviam seguir, em relação às Escrituras. Essas minuciosas diretrizes (estarei empregando a numeração incorporada por Geisler e Nix ao texto de Davidson) são as seguintes: "(1) o rolo de uma sinagoga deve ser escrito em peles de animais puros, (2) preparados por um judeu para o uso específico da sinagoga. (3) Essas peles devem ser presas por meio de barbantes feitos de animais puros. (4) Cada pele deve conter um certo número de colunas, o qual deve se manter igual por todo o códice. (5) O comprimento de cada coluna não deve ser inferior a 48 nem superior a 60 linhas e a largura deve ser de trinta letras. (6) Deve-se primeiramente traçar as linhas de toda a cópia, e se três palavras forem escritas sem linha, a cópia fica inutilizada. (7) A tinta deve ser preta, e não vermelha, verde, nem qualquer outra cor, e deve ser preparada de acordo com uma fórmula específica. (8) Deve-se fazer a cópia a partir de uma cópia autêntica, da qual o transcritor não deve se desviar de modo algum. (9) Não se deve escrever nenhuma palavra ou letra, nem mesmo um iode, de memória, isto é, sem o escriba tê-lo visto no códice diante de si... (10) Entre cada consoante deve haver o espaço de um fio de cabelo ou de uma linha; (11) entre cada novo parashah, ou capítulo, deve haver a largura de nove consoantes; (12) entre um livro e outro deve haver três linhas. (13) O quinto livro de Moisés deve terminar exatamente no final de uma linha; mas com os demais isso não é preciso. (14) Além disso, o copista deve estar vestido com trajes judaicos a rigor, (15) lavar o corpo todo, (16) não começar a escrever o nome de Deus com uma pena recém-mergulhada na tinta, (17) e, caso um rei se dirija a ele enquanto está escrevendo o nome de Deus, não deve dar atenção ao rei". 21/89; 32/241
Davidson acrescenta que "os rolos que não são feitos de acordo com essas especificações estão condenados a ser enterrados ou queimados, ou ser banidos para as escolas, para serem usados como livros de leitura".
Por que não temos outros manuscritos antigos? A própria ausência de manuscritos antigos, considerando-se as exigências feitas aos copistas e os cuidados que eles tomavam, confirma a credibilidade das cópias que temos hoje.
Ao comparar as variações de manuscritos do texto hebraico com as da literatura pré-cristã (como o Livro dos Mortos, dos egípcios), Gleason Archer Jr. afirma que surpreende o fato de que o texto hebraico não tenha o fenômeno de discrepâncias e de alteração dos manuscritos, presente em outros textos de literatura da mesma época. Ele escreve: "Muito embora as duas cópias de Isaías descobertas em 1947, na caverna número 1 de Qumran (próximo ao mar Morto) fossem mil anos mais antigas que o mais velho manuscrito até então conhecido (980 A.D.), verificou-se que, em mais de 95% do texto, eram idênticas palavra, por palavra ao nosso texto hebraico padrão. Os 5% de variação são, principalmente, erros óbvios de cópia e variações de ortografia. Mesmo os fragmentos de Deuteronômio e Samuel, descobertos no mar Morto e que indicam pertencerem a uma família de manuscritos diferente da do nosso texto hebraico conhecido, não apontam para quaisquer diferenças de doutrina ou de ensino. Absolutamente não afetam a mensagem revelada". 10/25
Os talmudistas tinham tanta certeza de que, ao terminarem de transcrever um manuscrito, eles teriam uma cópia exata, que atribuíam à nova cópia uma autoridade igual à do original.
Em Our Bible and the Ancient Manuscripts (Nossa Bíblia e os Manuscritos Antigos), Frederic Kenyon entra em mais detalhes sobre a questão acima e sobre a destruição das cópias mais antigas: "O mesmo extremo cuidado devotado à transcrição dos manuscritos também explica o desaparecimento de cópias mais antigas. Após um manuscrito ter sido copiado com a exatidão determinada pelo Talmude, e após ter sido devidamente conferido, era aceito como autêntico e considerado como tendo igual valor ao de qualquer outra cópia. Sendo todos igualmente corretos, a idade não significava vantagem para um manuscrito; ao contrário, a idade era positivamente uma desvantagem, pois, com o de correr do tempo, um manuscrito estava sujeito a tornar-se ilegível ou a sofrer algum dano. Uma cópia defeituosa ou imperfeita era imediatamente considerada imprópria para o uso".
"Junto a cada sinagoga havia uma 'Gheniza', ou armário de madeira, onde eram deixados manuscritos defeituosos. Foi nesses armários que se encontraram, em épocas recentes, alguns dos mais antigos manuscritos atualmente conhecidos. Assim sendo, ao invés de considerar uma cópia mais antiga das Escrituras como mais valiosa, o costume judeu foi o de dar preferência à mais nova, considerando-a como a mais perfeita e isenta de defeitos. É natural que as cópias mais antigas, uma vez postas na 'Gheniza', se perdessem, seja por falta de cuidado, seja por serem deliberadamente queimadas quando a 'Gheniza' ficava lotada de manuscritos."
"Por essa razão, a ausência de cópias bem antigas da Bíblia hebraica não precisa causar surpresa ou inquietação. Se, às causas já mencionadas, acrescentarmos as repetidas perseguições (implicando destruição de muitos bens) sofridas pelos judeus, estará satisfatoriamente explicado o desaparecimento de manuscritos antigos, e poderá ser aceito que os manuscritos remanescentes preservem aquilo que afirmam preservar — a saber, o texto massorético." 49/43
"O respeito pelas Escrituras e o interesse pela pureza do texto sagrado não surgiram após a queda de Jerusalém." 36/173
Pode-se remontar a Esdras 7:6, 10, onde se afirma que Esdras era um "escriba versado". Ele era um profissional hábil nas Escrituras.
2C. O PERÍODO MASSORÉTICO (500-900 A.D.)
Os massoretas (palavra que vem do hebraico massorat, "tradição") aceitaram o fatigante trabalho de editar o texto e padronizá-lo. Seu centro de atividades foi Tiberíades. O texto que os massoretas produziram é chamado de texto "massorético". Esse texto a que os massoretas chegaram recebeu pontuação vocálica, a fim de garantir a pronúncia correta. O texto massorético é, hoje, o texto hebraico padrão.
Os massoretas eram bem disciplinados e tratavam o texto "com a maior reverência que se possa imaginar, tendo elaborado um complicado sistema de salvaguardas contra erros de cópia. Por exemplo, eles contavam o número de vezes que cada letra do alfabeto aparecia em cada livro; eles assinalavam a letra que ficava exatamente no meio do Pentateuco e a que ficava exatamente no meio da Bíblia toda; e faziam cálculos ainda mais minuciosos do que esses. 'Parece que contaram tudo o que se pode contar', afirma Wheeler Robinson, e elaboraram recursos mnemônicos pelos quais os vários números podiam ser facilmente lembrados". 15/117
Sir Frederic Kenyon diz: "Além de registrar as variantes de leitura, a tradição, ou as conjeturas, os massoretas realizaram inúmeros cálculos que não dizem diretamente respeito à crítica textual. Eles contaram os versículos, as palavras e as letras de cada livro. Eles calcularam a palavra e a letra que ficava no meio de cada livro. Fizeram uma lista dos versículos que continham todas as letras do alfabeto, ou um certo número delas; e assim por diante. No entanto, essas trivialidades, como bem poderíamos considerá-las, tiveram o efeito de garantir uma atenção minuciosa à transmissão fiel do texto; e elas não passam de uma manifestação exagerada de respeito para com as Escrituras Sagradas, manifestação que merece apenas um elogio. Na verdade, os massoretas tinham uma profunda preocupação de que não se omitisse nem se perdesse um só i ou til nem uma só das menores letras ou uma pequena parte de uma letra, da Lei."
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