segunda-feira, 24 de maio de 2010

Os Bilhões do Vaticano - parte 76

Os santuários da Igreja contemporânea são os cenários de supostos milagres, aparições e portentos, que funcionam com a mesma eficiência de uma Fábrica Ford ou com os mesmos lucros para a Igreja. Os consumidores, isto é, os fiéis, se congregam nessas cidades grandes e pequenas para rezarem, terem esperança, e se consolarem, achando que pisaram também o chão onde S. Francisco de Assis andou e a Virgem apareceu e falou. Quem olhando a propaganda de uma agência de turismo, não recebeu a oferta de uma viagem econômica de ida e volta a Lourdes ou  Fátima, só para mencionar os dois santuários mais celebrados do nosso tempo? Lourdes, por exemplo, uma cidade nos Pirineus, com apenas 16 mil almas, ostenta mais de 600 hotéis. Das 710 casas de negócio nada menos de 600 negociam exclusivamente com objetos e souvenirs religiosos, que vão desde a Virgem de plástico até a figura de Bernadete a quem a Virgem ensina a fritar ovos. A água da gruta é vendida em garrafas plásticas, enquanto perfumes, sabonetes e velas são propagandeados como tendo sido fabricados com “a água milagrosa abençoada pelo papa e pela Mãe de Deus”.
O santuário recebe entre ¾ de milhão e 1 milhão de dólares anualmente somente em suas caixas de coleta e durante o ano de 1958, quando Lourdes celebrou o primeiro centenário de aparição da Virgem, os peregrinos que lá estiveram gastaram mais de 200 milhões de dólares. Desde então, as doações e gastos dos peregrinos tem aumentado progressivamente. Lourdes é ainda o mais celebrado santuário produtor de dinheiro do nosso tempo. Fátima, Mont Serrat, Assis e Roma não ficam longe disso. Juntem-se a estes as centenas de outros santuários e locais sagrados, águas bentas e equivalentes aqui, ali e em toda parte, todas elas recebendo ofertas de devotos.
Roma é, sem dúvida, ainda um lugar de grande atração para Católicos e não-Católicos.  S. Pedro já não precisa mais escrever cartas com letras de ouro, nem vender raspas de suas correntes pois as ofertas, na maior parte das cunhagens do mundo, agora  superam qualquer coisa com que os papas dos séculos 18 e 19 poderiam sonhar. Em adição às caixas de coletas colocadas estrategicamente em todos os lugares, dentro das igrejas, existem ainda muitas maneiras de se trazer cada vez mais  dinheiro para os cofres do Vaticano. São os certificados, indulgências, fórmulas de bênçãos, tudo englobado nas rotas romanas. Todos esses são atuais, sutis e persuasivos meios de enriquecer a “santa madre”. Notamos recentemente, quando visitávamos um amigo em Terragona, Espanha, uma foto emoldurada do papa em seu quarto, ornada de arabescos dourados e ostentando impressionantes assinaturas. Quando indagado sobre o assunto, ele disse  que se tratava de uma “absolvição preventiva”, em caso dele morrer sem receber os sacramentos da “santa madre”.  Fora obtida naquele mesmo ano em Roma e havia custado milhares de pesetas, além de uma oferta especial. Tal documento havia sido impresso nas principais línguas européias e era vendido aos milhares (4).
Também há a venda de medalhas milagrosas, escapulários, imagens e, sim, relíquias dos santos antigos. A última prática mencionada não é uma colorida relíquia do passado, mas uma prosaica realidade do presente.   Embora conservada em segredo, ela constitui mesmo assim um negócio florescente dentro e fora do Vaticano. Se as relíquias devem ser acrescidas de atributos peculiares, místicos e miraculosos,  os fiéis devem dizer, mas elas continuam acarretando dinheiro. Deve-se acrescentar que a relíquia deve ser selada no altar de cada igreja e desde que as igrejas as consagrem em todas as partes do mundo, acontece a fluência constante de dinheiro para o Vaticano. Acrescente-se a isto a aquisição de indulgências, algumas das quais vendidas aos milhões, durante anos. Nada é dado de graça. Para consegui-las é preciso rezar e visitar o altar exato da igreja, onde é sempre aconselhável deixar algumas moedas. Multipliquem-se esses lugares sagrados por centenas que procuram essas indulgências aos milhões, no final do ano a igreja terá coletado vastas somas de dinheiro (5). Essas transações são efetuadas em toda a Europa, desde Roma até os lugares sagrados, como Assis, Pádua, Compostella, Mont Serrat, Fátima, Lourdes, e centenas de outros, todos trazendo dinheiro para os cofres da Igreja.
Os fiéis são condicionados a se lembrarem da Igreja em seus testamentos, de modo que muito freqüentemente os mosteiros, conventos e outras instituições da Igreja se tornam os beneficiários de pequenos e grandes legados, de bens imóveis, terras, fronteiras e pedaços de terras. Essa constante acumulação de riqueza é muito mais compensadora do que geralmente se crê, conforme qualquer bispo ou  arcebispo primaz poderia testificar. Paulo VI, antes de se tornar papa, foi um especialista em legados e nesse particular obteve milhões de dólares dos fiéis para a Igreja. O hábito tanto se expandiu que até mesmo nos Estados Unidos mais de uma diocese veio a confiar na Providência Divina ao balancear  bagatelas inexpressivas  ou dispensar mais generosidades, a fim de favorecer o bispo vizinho.
Talvez se deva relatar que em muitos países, mas particularmente nos Estados Unidos, a prática de legados tornou-se um sistema concreto de conseguir acumular vastas somas. Nos Estados Unidos a Igreja Católica, bem como as demais igrejas, tem isenção de taxas e seu negócio é solicitar sistematicamente grandes doações e auxílios. Os grupos católicos, como já mencionamos, solicitam ativamente testamentos. Eles mandam cartas a advogados, lembrando-os de que um bom Católico deve colocar a Igreja em seu testamento com, pelo menos, 10 por cento do bruto. A riqueza acumulada por tais meios é notável. Basta um exemplo. Um despacho da Associated Press registrou que a Sra. R. T. Wallace de Saratoga Springs, NY, doou 2,5 milhões de dólares para o papa e mais 2,5 milhões para  os Padres Redentoristas de Nova York. Desse modo, a Igreja Católica faturou cinco milhões, isenta de taxa. Isso em apenas um testamento!  O dinheiro coletado somente nos Estados Unidos chega a muitas centenas de milhões de dólares. O Vaticano jamais esclareceu quanto obtém em legados, testamentos e doações. Mas a soma deve ser colossal, uma vez que um corpo especial está no encargo da coleta de riquezas adquiridas por tais meios. A prática está difundida com o resultado de que grandes e pequenos legados ponham constantemente dinheiro nos cofres do Vaticano, o ano inteiro.
 A fonte mais obvia de dinheiro é sem dúvida a das ofertas dominicais. Essa forma de tributo monetário não deve ser desprezada como indigna de menção. Senão por outro motivo, porque é um hábito firme e regular do fiel e da feliz receptadora a “santa madre”.
             Os católicos devem ir à missa pelo menos uma vez por semana e geralmente o fazem. Admitindo-se que dos oitocentos milhões (agora um bilhão) de católicos apenas a metade vá à missa, isso representaria pelo menos quatrocentos milhões, toda  semana. Admitindo-se ainda que cada um desses quatrocentos milhões desse apenas cinco centavos, isso representaria cerca de vinte milhões de dólares cada domingo, cinqüenta e duas vezes anualmente perfazendo um total de cerca de um mil e quarenta milhões de dólares. Dissemos cinco centavos, o mínimo, mas na maioria da vezes essas ofertas chegam em dólares e mesmo nos países mais pobres a generosidade dos mais pobres paroquianos é admirável.
            Mas uma fonte ainda mais proveitosa e regular de lucro da Igreja Católica é a hóstia, mais valiosa do que qualquer mina de ouro ou poço de petróleo. Os padres católicos, frades e monges são obrigados a rezar missa pelo menos uma vez ao dia. A missa é um sacrifício e o católico deve assistir a tal sacrifício, isto é, a missa oferecida em sua própria intenção ou de um parente falecido, para a libertação de sua alma do purgatório, ou como ação de graças, e por aí afora. A Igreja Católica fixa uma taxa mínima para cada fiel que deseje uma missa celebrada em sua intenção. Na Inglaterra, por exemplo a taxa é de uma libra ou mais. Com cerca de quatro milhões de padres dizendo missa diariamente, o lucro da Igreja monta a mais de um milhão de dólares anuais. Nos Estados Unidos a taxa mínima é de um dólar, embora muitos padres cobrem cinco ou mesmo dez dólares por missa chegando o montante a trinta milhões de dólares anuais. Junte-se a estes dois países, as Repúblicas  da América Central e América do Sul, mais os países da Europa e todas as comunidades católicas no mundo inteiro e o lucro chegaria a cinqüenta ou sessenta milhões de dólares anuais.
         Finalmente, a mais firme de todas as fontes de lucro do Vaticano tem sido a “Moeda de Pedro”. Esta originou-se durante a grande peregrinação ao altar do culto de Pedro e as chaves do reino que já foram descritos. O rei Ina decretou a doação de um penny sobre cada família do reino de Essex a fim de ajudar os peregrinos que fossem a Roma cultuar São Pedro. A taxa – Moeda de Pedro então começou. Eventualmente ela foi chamada de Romscoat, isto é o imposto a ser pago em benefício de Roma. O Romscoat foi ratificado pelos rei inglês, Orffa II, rei da Mércia, e outros. O rei Ethelwulf enviava anualmente a Roma uma quantia em dinheiro para as “luzes da basílica de São Pedro”, para o “óleo usado na basílica de São Paulo” e cem mangons para “o uso pessoal do papa apostólico universal”. O Imperador Carlos Magno tornou a Moeda de Pedro compulsória para todos os proprietários de casas e terras através do seu império. O Rei Canuto fez o mesmo na Dinamarca, os Normandos na Sicília (1059) para indicar o final da ocupação árabe. Ela foi introduzida na Espanha em 1073, na Croácia e Dalmácia em 1076, na Boêmia em 1075, em Portugal em 1144. Também foi imposta mais tarde na Ucrânia, Polônia e outros países.
            A Moeda de Pedro era um misto de oferta voluntária e imposto. Na Inglaterra ela terminou com Henrique VIII em 1534. Foi restabelecida pela Rainha Mary (Bloody Mary), mas finalmente abolida pela Rainha Elizabeth I, em 1558. Ela continuava ou era suprimida nos vários países, conforme as vicissitudes dos tempos. Quase desapareceu nos séculos 18 e 19 como contribuição voluntária para os cofres papais. Entretanto, quando Roma se tornou   República Romana em 1848 e o papa teve de fugir, os católicos vieram em socorro do mesmo. Em 1849 foi organizado um comitê em Paris a fim de coletar a Moeda de Pedro. Os bispos do mundo inteiro pediram dinheiro para ajudar o papa. A Irlanda se tornou o coletor mais entusiasmado. A partir daí a Moeda de Pedro foi reativada por toda a Europa e Américas. Os fundos se tornaram tão impressionantes que em 1860 o Vaticano estabeleceu um corpo especial para administração da mesma. Quando em 1870 o papa finalmente perdeu o seu domínio temporal a Moeda de Pedro foi a sua salvação financeira. Na Alemanha e particularmente na Irlanda os padres das paróquias se transformaram em zelosos coletores de dinheiro para o papa.
            A Moeda de Pedro tendo sido desse modo restabelecida continua em vigor até hoje. Aliás ela tem se tornado atualmente uma das menores fontes de acumulação da riqueza papal. É coletada regularmente por todo o mundo, em todas as Igrejas Católicas, em geral, no dia de São Pedro, 29 de 

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