quinta-feira, 20 de maio de 2010

Os Bilhões do Vaticano - parte 72

Suas operações têm sido tão secretas e intrincadas que se torna quase impossível saber onde, como e por quem o dinheiro é usado ou empregado, como foi amplamente demonstrado no caso do Ambrosiano. Por causa de suas ramificações e do mistério de suas atividades, ou talvez de seus verdadeiros objetivos, o IOR tornou-se a principal casa de poder financeiro do Vaticano. Desde o princípio, como tal, ele tem agido sem eu favor, em operações oficiais e semi-oficiais, muitas da quais, freqüentemente,  tendo deixado de ser meras operações financeiras, transformando-se em campos religiosos, diplomáticos e ideológicos.
            Existe um axioma que considerações financeiras corrompem a religião e as instituições religiosas. (1Tm 6: )? Porém, conquanto seja verdadeiro que as considerações religiosas podem corromper as finanças, também é verdade que quando a religião é sustentada pelas finanças e estas pela religião, a religião se tornará simultaneamente corrompida em duas frentes. O resultado é ser ela também instrumento acessório para ambas.
            Quando acontece ser a Igreja Católica, em vista do fato de que ela tem dado a si mesma uma exclusividade somente peculiar a si mesma, então ela usaria e abusaria do seu poder financeiro para manter sua exclusividade a qualquer preço.
            Dinheiro é poder. O poder se entrelaça com a política.  A partir daí os problemas políticos  se entrelaçam com a influência financeira do Vaticano na administração monetária. O caso do escândalo Ambrosiano-IOR foi típico da natureza dupla e dos objetivos duplos do próprio IOR.  Não poderia ter sido de outro modo, visto como as atividades financeiras do Vaticano raramente foram confinadas a simples operações monetárias.
            Sempre quando ativados, são ativados por causa de algum objetivo ulterior. Além de alvos imediatos eclesiásticos ou de outro modo, seu verdadeiro motivo é constantemente a expansão da influência da Igreja bem como uma cruzada ideológica.
Sob o governo de Paulo VI, por exemplo, grandes somas de dinheiro foram desviadas, via IOR, para alimentar movimentos orientados pelas alas de esquerda em muitas partes do mundo. Estes também foram patrocinados por outro poder financeiramente forte – o dos jesuítas, os quais compartilharam com as visões esquerdistas de Paulo VI.  A Aliança Vaticano Moscou, embora jamais oficialmente aceita, como tal, foi de fato uma realidade. O que tronou tal realidade política ativa foram as operações financeiras do banco do Vaticano e suas subsidiárias.
O IOR com seus vastos recursos derivados dos fundos ao seu dispor, podia, desse modo,  alimentar os movimentos católicos subversivos na África, América Latina, Filipinas e até mesmo na Europa Oriental.
 O advento de um papa polonês nada  mudou até o ponto relativo ao uso das finanças do Vaticano. Pelo contrário. Visto como este acelerou o fluxo para fora  das reservas monetárias do Vaticano no sentido de fortalecer vigorosas atividades ideologicamente motivados.
O papa Wojtyla, ao contrário de Paulo VI, cujo horizonte ideológico era o mundo inteiro, manipulou milhões para financiar a estreita subversão nacionalista da em seu próprio país. Depois de sua visita “pastoral” à Polônia em 1979, apenas um ano depois de eleito, ele se tornou o Padrinho do movimento católico polonês híbrido de esquerda chamado “Solidariedade”, disfarçado sob o símbolo inocente de união nacional.
Na realidade, ele era apenas uma clara conspiração política de desestabilização contra o governo polonês.
Os trabalhadores católicos foram abertamente encorajados pelos padres, bispos e cardeais, não apenas com água benta, mas também com vastas somas de moeda estrangeira e abundantes subsídios da CIA no valor de milhões de dólares. Grandes somas de dinheiro chegaram até os padres e trabalhadores revolucionários com a regularidade digna de um aparato banqueiro multinacional.
Os cofres do IOR foram ativados para despender seus fundos na direção leste. Não foi coincidência que alguns desses fundos começassem a diminuir desde 1979, quando começou o apadrinhamento de Wojtyla no “Solidariedade”. O Sindicato Calvi – Loja  P2- Ambrosiano – IOR contribuiu para desviar somas adicionais também para certas repúblicas da América Central.
O financiamento da subversão católica sempre é camuflado por trás do cenário de operações missionárias ou caridosas, sem jamais serem detectados.
O IOR, como sua agência oficial, patrocinava, aprovava e distribuía seus fundos monetários sob a inspiração política do banco do Vaticano. As atividades do Ambrosiano e do IOR com as suas companhias fantasmas e a cooperação de certos “irmãos” da Loja P2, eram destinados a subsidiar os objetivos políticos que todos tinham em comum. Calvi, por exemplo, embora católico praticante, sustentou publicações da ala esquerdista simpáticos ao catolicismo. Maçons como Gelli e Carboni, por sua vez ajudavam a gestão de direita na América do Sul, a lutar contra o comunismo de orientação russa até o ponto em que este advogava um socialismo inspirado no Catolicismo do tipo advogado por Wojtyla.
Desde a sua concepção em 1942 o IOR agiu consistentemente como um cenário destinado a camuflar atividades inconsistentes com assuntos financeiros. Ele era usado especialmente para desconsiderar, isto é, quebrar as regras da legislação monetária da comunidade nacional e internacional, tais como a transferência de valores do Vaticano para os Estados Unidos, invocando leis equívocas ou usando indevidamente a imunidade diplomática da Igreja para tirar as melhores vantagens para o Banco do Vaticano. A operação necessitava de uma máquina conciliatória bem como de aliados poderosos no mundo financeiro.
O mundo financeiro, mais freqüentemente é motivado por induções políticas. Estas muito constantemente são inspiradas pelas crenças ideológicas e religiosas dos organismos que representam. As curiosas realizações do Vaticano com a Franco-maçonaria, como no caso de Sindona – Calvi – Marcinkus  não foi, de modo algum, um caso único. Seu relacionamento, embora devido na maioria das vezes às amizades pessoais entre os indivíduos membros da fraternidade maçônica com indivíduos  membros do Vaticano, era, todavia, cimentada pela sua oposição a um inimigo principal que todos desejavam destruir – o comunismo de inspiração russa.
Esse objetivo era tão poderoso como o que todos eles tinham em comum – a manipulação e multiplicação legal e ilegal da riqueza amealhada.
A estreita relação do dinheiro com o poder político e da religião com ambos, sempre foi uma característica da Igreja católica. O que hoje é chamado de IOR ou Banco do Vaticano ou Prefeitura de Assuntos Econômicos, ou Congregação  ou qualquer outro eufemismo tem desempenhado consistentemente um papel importante em todas as administrações papais. Por causa da dualidade de suas naturezas e objetivo, ela sempre teve um lado oficial de suas operações monetárias e um lado secreto. O último é conhecido de poucos como um governo  é feito pelo próprio papa.
Esta tradição dupla, que originou há muito tempo o nascimento do IOR durante a II Guerra Mundial, regride no tempo à Idade Média e tem se tornado a política tradicional do, para mencionar apenas o mais notório, Alexandre VI, o Papa Alexandre Bórgia, por todas as suas legendárias bandalheiras, o qual foi um grande administrador e acrescentava que o dinheiro poderia ajudar governar a Igreja mais praticamente do que o Espírito Santo.
A melhor prova dessa crença era ele próprio. Tornou-se papa simplesmente usando o dinheiro em grande quantidade. Comprou cada cardeal que pôde, oferecendo-lhes sacolas cheias de florins de ouro conforme a importância do seu voto. Desde o mais baixo, o Cardeal de Veneza, de 95 anos de idade e cujo voto portanto valia comparativamente pouco, até o Cardeal Ascanio Sforza, um potencial candidato ao papado. O Cardeal Sforza aceitou uma gorgeta imensa e deixou o Bórgia se tornar papa. Bórgia conseguiu comprar nove num colégio de 40 cardeais.
Embora abertamente acusado de simonia, antes e depois de tornar-se papa, Bórgia idealizou o tesouro do Vaticano, ou que agora é chamado IOR, ou Banco do Vaticano e que naquele tempo era conhecido como Câmara Apostólica, ou Departamento de Estado, responsável pelas finanças. Os ganhos papais então, como hoje, eram de dois tipos – espirituais e temporais, um reflexo da dupla natureza do papado.
O primeiro rendimento tomava a forma convencional de ofertas, como a Moeda de Pedro e congêneres, coroados pelos costumeiros pagamentos tais como os annates. O annate era um imposto  anual de cada ocupante de um benefício, que fosse um cardeal, um bispo ou um humilde pároco.
Mais tarde, contudo, visto como os ganhos não eram suficientes, um ganho mais lucrativo veio à proeminência: a venda de indulgências e de ofícios eclesiásticos. As vendas aumentaram os ganhos a tal ponto que foi criado um sub-departamento da Câmara Apostólica especialmente para cuidar deles. Este era chamado Datário.
O Datário então se tronou uma espécie de seção secreta da Câmara Apostólica oficial. Onde quer que as finanças da Câmara Apostólica, a qual hoje chamamos Banco do Vaticano fosse controlada por vários oficiais financeiros cuja tarefa era supervisionar os entendimentos e despesas do dinheiro da Igreja em geral. O dinheiro do Datário era transformado em fundo secreto. Este era dirigido diretamente pelo papa sem qualquer supervisão pública ou controle oficial. O Datário precedente, no devido curso, tornou-se uma tradição e foi incorporado ao IOR desde que o mesmo foi estabelecido. Em outras palavras, o Banco do Vaticano, no passado e no presente, tinha um propósito duplo. O oficial, e concentração dos milhões depositados por instituições católicas e o extra-oficial, as operações secretas, cujo dinheiro permitia ao Vaticano conduzir em campos que nada tinham a ver com assuntos financeiros.
O Vaticano tem usado seus fundos secretos durante décadas. Nos anos 50, o Papa Pio XII fez isso  fortalecendo a Guerra Fria apoiado pelo cardeal Spelmann e Departamento de Estado dos Estados Unidos dirigido por John Foster Dulles.
O Papa João XXIII usou os fundos oficiais e secretos para financiar o Concílio Vaticano II. Seu sucessor, o Papa Paulo VI, inspirador da Aliança Vaticano-Moscou, embora tendo sido um cuidadoso administrador, gastou a maior parte  do dinheiro do IOR para apoiar uma política diplomática secreta  destinada a realizar uma reaproximação com a Rússia Soviética e o bloco comunista oriental. Sua política necessitava de dinheiro, a maior parte do qual veio de fontes secretas, as quais jamais foram nomeadas.

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