quarta-feira, 19 de maio de 2010

Os Bilhões do Vaticano - parte 71

O desastre aconteceu quando o IOR recusou-se a fazê-lo, ou porque o dinheiro havia sido “trancado” em contas numeradas das quais outras pessoas tinham os códigos. O Grão Mestre da Loja P2, Gelli conhecia os códigos secretos das contas do Union Bank na Suíça, até setembro de 82, que o Advogado Geral do Cantonticino Suíço, Bernasconi, revelou ao declarar “que grandes somas do Ambrosiano haviam sido guardadas em várias contas numeradas”.
A especulação parecia Ter sido substanciada, mesmo sem a identidade dos depositantes, quando os membros importantes da Loja P2 tentaram os saques, um de 60 milhões de dólares e o outro de soma ignorada, dos bancos da suíça, conforme foi visto antes, e foram detidos por causa disso.
O vôo de Calvi para Londres e sua fracassada tentativa de entrar em negócio com a Opus Dei para evitar o iminente desastre Ambrosiano-IOR, parecia, portanto, ter sido uma tentativa da parte da Opus Dei de prover o dinheiro a fim de salvar o Vaticano da inevitabilidade de um grande escândalo financeiro.
E também para evitar a descoberta do envolvimento da Igreja com duvidosos sócios operacionais como a notória Loja Maçônica P2, e sócios equívocos suspeitos de negociar com a subversão política e social, para não mencionar o tráfico de armas e até mesmo o contrabando de drogas.
Que eessas especulaçõe não eram meras suposições parece Ter sido compeovado pelo próprio Calvi. Algumas semanas antes referindo-se ele ao iminente colapso do Ambrosiano, de fato, até fez uma admoestação verbal: “se algo me acontecer... o Vaticano estaria ele próprio envolvido em tal esc6andalo que teria de abandonar a Praça de São Pedro”. (7)
A partir daí, reconhecendo o temor de que até poderia ser morto, ele foi ao ponto de sugerir que a descoberta que viria a seguir, caso não fosse encontrada uma solução imediata, seria de natureza tão perigosa que “ o próprio papa seria forçado a renunciar”. (8)
Era óbvio que um homem que podia fazer alusões tão perigosas devia Ter aos seu dispor evidência comprovada da mais alarmante natureza. Visto comoe stava claro que ele se referia a operações que transigiam meras tarnsações financeiras tais como a fermentação da preocupação política, a venda de armas e a promoção da subversão ideológica. A soma dessas atividades apromovidas simultanemaente pela máfia Franco-maçonaria, Igreja Católica. E o IOR teria amalgamado suas forças em um monstruosos consórcio de atividades secretas, senão ilegais. Calvi, que aprecia estar pronto a aceitar a oferta da Opus Dei, foi advertido a “não aceitar sua assistência financeira”. Essa admoestação, no último momento, tinha vindo, conforme se diz, de certos membros importantes da Loja P2.
 (ver p. 2458 do livro)
            O artigo editado no Il Jornale, de 22.08.82, apresenta um documento proveniente dos católicos portadores de ações endereçado ao papa ao JP2. Ele condena a íntima parceria do Ambrosiano com o IOR. Acusa ambos negociar com a Franco-maçonaria e a Máfia internacional. A parte mais chocante dessa acusaçào é que essas atividades são conduzidas através de     SUPRAFIN. A sociedade suprafin, dizem os articulistas pertence ao IOR. O IOR e a suprafin, juntos com o Ambrosiano operam todos com a Loja P2 e com Sindona, bem como com os franco maçons, todos eles protegidos pelo próprio Vaticano. O Banco da Itália, além do mais, tem confirmado que o Arcebispo Marcinkus está operando como “agente principal” do próprio Banco Ambrosiano. Os autores pedem ao papa de desconecte as atividades do Ambrosiano das atividades do IOR e do Vaticano, antes que seja tarde demais.
Durante a crise do verão de 1982 após o “suicídio” de Calvi, o Vaticano negou qualquer envolvimento com o Ambrosiano. Contudo, o documento acima foi enviado ao papa e lido por Marcinkus, em janeiro de 1982. O documento foi datado de 12.01.82.
Desde 1978, isto é, da eleição do papa polonês, o Vaticano ficara visivelmente motivado por uma forte interpretação social dos evangelhos. Durante suas diversas peregrinações, o papa Wojtyla, havia gerado insatisfação ao encorajar os movimentos subversivos católicos, os quais haviam aceitado suas idéias socialistas. Contudo sua aceitação não era apenas verbal ela ultrapassava os campos da insurreição. Estes necessitavam de apoio monetário, fornecido através de canais secretos da Igreja e bem mais freqüentemente de sócios seculares do IOR.
            Concessões financeiras constantes, através de organizações religiosas simpatizantes das insurreições da ala esquerdista visavam o envolvimento, mesmo que tangencial do Banco do Vaticano, cujo núcleo financeiro deriva dos depósitos de organizações religiosas. A partir daí os padres católicos estariam envolvidos em reais insurreições armadas na América Latina, Filipinas e Polônia, apoiando automaticamente o tráfico potencial da venda clandestina de armas  e, portanto, o envolvimento de corporações bancárias duvidosas, tais como as misteriosas companhias “fantasmas” do IOR e consequentemente do próprio Vaticano.
            Os associados maçônicos de Calvi e mais tarde muitos dos seus acusadores maçônicos, após sua morte, voaram para a América do Sul, onde possuíam fundos monetários, “amigos” e fizeram uso, segundo alegado, dos ramos do Ambrosiano no Peru e nas Bahamas. O pano de fundo das operações de Calvi, antes de sua fuga da Itália, assume significação maior se formos levados a reunir ainda outra faceta sobre o que estava acontecendo antes do colapso final. O chefe da policia anti terrorismo, General Roberto Della Chiesa, havia repetidamente admoestado Calvi do “perigo eminente” que sua vida corria. Contudo, o General havia sugerido que esse perigo era de natureza mais intangível do que ele imaginava: “fique atento com a sua retaguarda”, ele costumava dizer-lhe. A esposa de Calvi que a essa altura precisava de segurança policial, insistiu mais tarde em que a vida do seu marido fora ameaçada pelos “padres”. Calvi, ao que parece, estava convicto de que aqueles que desejavam vê-lo fora do caminho eram do Vaticano, suspeita que jamais foi comprovada. Antes de partir para Londres ele preveniu sua esposa de que realmente o perigo vinha da parte “dos padres”.
            O que quer que ele tenha sugerido com essas acusações emotivas, o fato é que o general Della Chiesa, chefe da polícia anti terrorista deveria saber de algum complô definitivo para se livrar de Calvi, ou pelo menos suspeitava de que alguns elementos estavam determinados a silenciá-lo para o bem, temendo que ele citasse nomes  visto como esses nomes poderiam estar entre o mais alto pináculo da vida política, maçônica e até eclesiástica da Itália, ou até mesmo do próprio Vaticano. Após o “suicídio” de Calvi a pasta que ele sempre carregava consigo desapareceu misteriosamente – o único item que estava faltando. Ela continha documentados secretos conectados com a Loja P2 e o IOR.
            A sugestão do General para Calvi deve ter-lhe provocado grave apreensão, em meio àqueles que estavam planejando sua demissão, visto como o general estava a par de todo o caso, mais do que lhe convinha saber. O alarme soando através da teia invisível do Ambrosano-IOR e Loja P2 fez com que decidissem entrar em ação. O general Della Chiesa estava ausente, na Sicília. Enquanto lá se encontrava ele e a esposa forma eliminados com cem balaços em plena luz do dia no centro de uma cidade da Sicília em 22.09.82, ostensivamente pela Máfia. Contudo na realidade, foi pelas mesmas força que já haviam liquidado vários outros indivíduos envolvidos no Ambrosiano-IOR-Loja P2..
            A morte de Calvi sob a Ponte Blackfriars assinalada pelo seu macabro ritual foi o clímax de algo que estava sendo engendrado através de um compacto pelotão de conspiração de operações equívocas, muitas das quais haviam penetrado profundamente na cidadela do Vaticano. Movimentos posteriores comprovaram isso. O próprio Secretário do IOR, Monsenhor Donato de Bonis, diretamente sob as ordens de Marcinkus, teve cancelado o seu passaporte quando, em 10/02/83, foi acusado de evasão de impostos sobre derivados de petróleo. A operação incriminatória datava do tempo da junta financeira Sindona-Calvi-Marcinkus. Também envolvido estava um General, ex-chefe do Ministério das Finanças da própria polícia. Foi sentenciado a vários anos de cadeia,  por evasão de impostos envolvendo manipulação fraudulenta de 300 milhões de dólares.
            Oito prelados foram presos em 07/02/83, inclusive Mons. Simeone Duca, de Roma, e D. F. Onaglia. Outros tiveram seus passaportes candelados, inclusive o Nos. Mário Pimpo, diretor do departamento conhecido como “Assuntos Confidenciais”, no escritório do Cardeal Paletti, o próprio vigário do papa em Roma.
            As atividades do IOR e do seu ex-associado leigo (Ambrosiano), conquanto promotoras principais de um enorme escândalo financeiro, haviam mostrado apenas uma ponta do imenso iceberg  submersos, cujas proporções gigantescas haviam alcançado os mais obscuros recessos, com um resquício de luz em meio a um mundo de intrigas globais, de corrupção religiosa e banditismo financeiro raramente igualada, até mesmo neste século 20.

Capítulo 33

A Solução de um enigma – O Banco do Vaticano

            O Instituto para Obras Religiosas (IOR) dá a impressão de ser um corpo corporativo  totalmente dedicado a operações  piedosas e atividades caridosas. Porém não é nada disso. Ele é ou era um dos bancos mais ricos do mundo.
            Como entidade semi-autônoma, ele ficou oficialmente encarregado da manipulação de depósitos e investimentos de centenas, milhares, de fato milhões de dólares, sendo a maior parte destes propriedade legal dos católicos romanos leigos e ordens religiosas, trusts, legados e congêneres. Ele agia e continua agindo também por muitos dos próprios “holdings” e fundos monetários da Igreja e portfólios multimilionários de seguridade, muitos dos quais são ou foram guardados em vários cofres nos Estados Unidos ou em contas numeradas nos bancos suíços.
            Como poderosa casa financeira, ele foi e continua sendo um subterfúgio criado para ultrapassar as barreiras nacionais, regulamentos internacionais, e executar evasões monetárias  através de canais subterrâneos e semi-diplomáticos. Por essa razão ele opera dentro e fora das fronteiras da legalidade ultranacional.
            Sua riqueza já foi reputada como sendo imensa. Que isso não é mera especulação foi provado pelas prosaicas afirmações de um órgão financeiro do mais alto nível de liderança. Um destes, nada menos que o Registro Anual do Banco para Estabelecimento Internacional, de Basle, Suíça, coloca a posição de moeda estrangeira dos bancos entre os dez maiores, países industriais do mundo.
            De acordo com este, em 1977, o IOR possuía depósitos estrangeiros no valor de 100 milhões de dólares, sem débito algum. Esta era apenas uma da suas diversificadas contas atuais. Em 1983, o IOR possuía cerca de 2 bilhões de dólares em “assets” líquidos, 6 bilhões em depósitos e um ativo relacionamento com mais de 200 bancos através de todo   o globo. (1)

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