domingo, 23 de maio de 2010

Os Bilhões do Vaticano - parte 75

Moeda de Pedro por exemplo, e  outros derivados do culto da papolatria, que ele tem cultivado assiduamente. Sua invenção do Ano Santo de 1983-84 para levantar fundos foi muito controvertido. Muitos cardeais ficaram mortificados, outros condenaram uma ação que fez o papado adotar práticas dos papas do passado horroroso. O papado de hoje ainda tem o poder de fixar calendários eclesiásticos, conforme comprado pela espúria comemoração da crucificação de Cristo de JP2.
O perigo do resultado é não apenas o engrandecimento religioso, a magnificação da aura do papado e o reforço das inclinações papais, mas também a coleta de vastas somas ded inheiro sob pretensões piedosas. Os perigos da natureza mercenária de tais operações são cuidadosamente ocultos pela imponderabilidade espiritual de um ofício, que para muitos está, ou deveria estar acima de todas as considerações terrenas, a começar das monetárias.
O papado contemporâneo, com todas as suas modernizações, basicamente não é diferente daquele do passado. Além de ter permanecido dogmaticamente imutável, os papas individuais sõ indefiáveis com as suas indiosincrasias pessoais. E não pode ser de outro modo porque um papa não pode se desvencilhar dos seus hábitos, preconceitos, pontos de vista ou inclinações. A história está cheia de papas que têm provado ser assim. Um dos exemplos mais chocantes em conexão com o uso inescrupuloso do prestígio do papado com o propósito de angariar fundos foi o de Benedito IX.
No início do século 11, um potentado local possuidor de grande riqueza “comprou”o papado para cada um dos seus três filhos. Quando o primeiro filho, depois de ter-se tornado papa, faleceu, o pai comprou o papado para o segundo filho. Quando este faleceu, o papado foi comprado para o terceiro filho que também se tornou papa. Ele foi coroado no outono de 1032 como Papa Benedito IX.
Uma das feições mais notáveis de Benedito IX foi que não apenas ele teve dois irmãos que haviam sido papas, mas que ele próprio se tornou o papa mais jovem até hoje. De fato Benedito IX se tornou papa quando tinha apenas 14 anos de idade. A compra do papado para um garoto de 14 anos pôs em ação vários complôs para assassiná-lo. Um dos primeiros fracassou por causa de uma coincidência por demais extraordinária. Vale a pena relatar:
Os conspiradores decidiram executar a obra na própria Basílica de São Pedro. Visto não terem permissão para nela entrar, cada um deles levou uma corda. Mediante um sinal combinado eles renderiam o jovem papa e o estrangulariam antes que qualquer guarda pudesse intervir.
Contudo, a Providência ou o diabo, conforme foi dito mais tarde, o salvou. Pois, citando em cronista antigo: “As seis horas da manhã aconteceu um eclipse do sol, o qual durou até às oito horas; todos os rostos ficaram pálidos como a morte”. (7)
O fenômeno salvou Benedito, visto como os  conspiradores perderam a paciência. Benedito fugiu imediatamente de Roma, a primeira de suas muitas fugas. O jovem papa, depois de muitos anos de depravação e outros mal feitos, estabeleceu um bordel dentro de São Pedro, onde ele próprio  e alguns dos seus jovens cardeais raptavam peregrinos. Foi então que ele, de repente, resolveu se  casar. O pai da noiva concordou, contanto que Benedito renunciasse ao papado. A verdadeira razão, provavelmente, foi o crescente temor do papa de ser assassinado.
Antes de depor a tiara, contudo, Benedito decidiu amealhar tanto dinheiro quanto possível. Ele espoliou São Pedro de todo o ouro e metal precioso que havia lá. Mas como o resultado foi decepcionante (seus dois outros irmãos papas já o haviam eles mesmos feito isso). Benedito decidiu vender o que ainda havia de mais valioso em seu poder: o papado. Ele o pôs ostensivamente à venda no mercado livre. Conseguiu imediatamente um comprador interessado, o arcebispo de uma igreja romana local. (8)
O dinheiro exigido para a compra, foi imenso. O padre que havia amealhado imensos fundos com a desculpa de que precisava restaurar igrejas arruinadas de Roma, ao saber da oferta do papa logo decidiu comprar o papado. A barganha foi rápida. O Papa Benedito recebeu o preço que havia pedido – 1.400 pesos em ouro. Em maio de 1045 o tal arcebispo se tornou papa com o nome de Gregório VI.
Como na Idade Média, alguns papas contemporâneos têm abusado de sua autoridade para coletar grandes somas de dinheiro e satisfazer suas ambições pessoais. O Papa Pio XII, por exemplo (1939-1958) fez seus irmãos e sobrinhos príncipes. (NT. Um dos sobrinhos seria mais tarde o proprietário de uma indústria química fabricante de anticoncepcionais, enquanto o papa bombardeava  pesadamente o controle de natalidade). O Papa JP2 se atreveu a proclamar o Ano Santo a fim de arrecadar dinheiro dos crentes para salvar certos faltosos do Vaticano da cadeia ou da desgraça.
A “sacralidade” do 1983/84 jamais teria sido descoberta por ele se não tivessem sumido centenas de milhões de dólares dos cofres do  IOR (Banco do Vaticano), do Ambrosiano e de seus demais associados leigos e religiosos. O Papa Benedito IX pôs à venda o papado para obter 1400 libras de ouro. JP2 colocou no mercado a máquina eclesiástica global do papado para obter 1.400 milhões de dólares ou o seu equivalente dos bolsos dos peregrinos iludidos pelas suas promessas de indulgências. Se a simonia de Benedito IX foi um insulto, a proclamação do Ano Santo em 1983-1984 feita por JP2 não foi menos repreensível.
Embora tenham decorrido 938 anos, entre os dois eventos, ambos os papas  rebaixaram sua Igreja por ganhos monetários: um para saciar sua ambição pessoal, o outro para encobrir a extravag6ancia e as fraudes resultantes das desventuras financeiras e ideológicas do IOR-Ambrosiano (Banco do Vaticano). No passado os católicos ficaram chocados por idênticas promulgações papais mercenárias: “A corte de Roma é insaciável e o seu apetite é um desfiladeiro sem fim”, queixou-se uma Delegação Flamenga no século 13, quando o Papa Bonifácio inventou o primeiro Ano Santo, em 1.300, especificamente para coletar tanto ouro quanto pudesse.
Mais tarde Eduardo da Inglaterra referiu-se sucintamente ao papa, o qual tinha “inventado”comemorações religiosas para extrair dinheiro dos crentes: “Os apóstolos foram comissionados para levar as ovelhas ao pasto, não para tosquiá-las”. Um resumo mais apropriado do espírito do Vaticano de hoje seria quase impossível de ser seguido.

Capítulo 35

Os Intangíveis Bilhões da Igreja Católica

            A Igreja Católica tem outro tipo de riqueza, embora não possa ser contabilizada com o que até agora podemos chamar de bens disponíveis a serem negociados, nem tão reais, concretos e valiosos como qualquer lingote, nem leves como os bens em circulação.
            São estas as riquezas intangíveis, invisíveis e espirituais, que estão à sua disposição. Algumas dessas crescem diariamente em valor, apenas pela razão de sua existência. Outras são exploradas através da emoção religiosa, da esperança e temor dos  crentes.
            A Igreja Católica é a maior proprietária de construções históricas, arquitetônicas e artísticas do mundo. Algumas remontam a antigas culturas ou aos primeiros séculos do Cristianismo. Além da sua historicidade, os locais onde elas estão edificadas – via de regra dentro dos limites de cidades antigas – são tão valiosos e além disso o patrimônio artístico, religioso e nacional a elas conectado é incalculável, não facilmente definido e consequentemente não facilmente acessado em termos de moeda contemporânea. Assim, por exemplo –  para nos confinarmos somente à Itália, o que a Catedral de Florença, a Catedral de Pisa na Praça dos Milagres, a Basílica de S. Marcos em Veneza, ou as quatro principais basílicas romanas da Santa Sé – isto  é,  de S. Paulo fora dos Muros,  de Sta. Maria Maior, de João Laterano e do próprio S. Pedro – valeriam  se fossem colocadas à venda?  Considerando que a Igreja Católica possui centenas – de fato, milhares, de tais construções históricas e artísticas, através de toda a Europa, pode-se imaginar que a riqueza que elas  representam em dólares atuais está, para se dizer o mínimo,  além de qualquer avaliação.
            Seu valor intangível atual, entretanto, não é tudo. Constantemente a Igreja se apropria de objetos eclesiásticos porque eles têm sido acumulados ao longo dos séculos, adquirindo um considerável  valor como antigüidades somado ao seu valor intrínseco. Desse modo, um cálice de ouro, além do seu valor real do ouro é avaliado em 10, 100 ou milhares de vezes mais do que o precioso metal, em razão do seu valor histórico.    Os tesouros de catedrais, basílicas e igrejas famosas através do mundo ocidental são realmente tesouros, na mais prosaica, concreta e monetária expressão da palavra. Qualquer um que tenha visto os da catedral de Valência, de S. Tiago de Compostela, na Espanha, de Sto. Antônio de Pádua, de S. Marcos em Veneza, de S. Pedro no Vaticano e outras semelhantes, não terá dúvida de que a Igreja Católica que as possui é uma multi, multi milionária em seu próprio direito.
             Juntem-se as inumeráveis estátuas de santos, anjos, mártires, que adornam muitas igrejas católicas em toda parte. Algumas são lindas, com coroas de ouro maciço, de prata e pedras preciosas, pérolas raras, diamantes e outras preciosidades. Os preços que tais itens atingiriam num leilão atual seria de centenas de milhões de dólares, na mais baixa estimativa possível.
            Mas isso não é tudo. A Igreja Católica é a mais antiga, a maior e a mais forte colecionadora de arte de todos os tempos. Os pintores, escultores e artistas mais célebres do mundo ocidental, desde os primeiros séculos da era cristã até nossos dias, todos têm trabalhado para ela ou têm contribuído para o embelezamento de suas construções. Montegna, Piero de la Francesca, Botticelli, Rafael, Miguel Ângelo, Leonardo da Vinci, Ticiano, só para mencionar alguns, deixaram com ela suas obras primas.
            Em novembro de 1969 a imprensa italiana registrou que três pinturas de “pequeno e médio porte” haviam sido roubadas do apartamento particular de Paulo VI, no Vaticano, enquanto o pontífice estava em sua residência de verão em Castel Gandolfo, fora de Roma. Elas foram avaliadas em 65 milhões de liras, ou seja, cerca de 2 milhões de dólares (1).
            Em 1972 uma pintura de Ticiano – A Madona e o Menino Entre Dois Santos – foi roubada, sendo a décima oitava arte roubada da igreja italiana naquele ano, de Pieve de Cadore, ao nordeste da Itália. Seu valor comercial era de meio milhão de libras, ou 1,5 milhão de dólares. Um ano antes, uma pintura de Velasquez fora vendida na Inglaterra por 2.300.000 libras esterlinas, ou mais de 7 milhões de dólares.       Novamente em 1972 outra pintura de Ticiano, A Morte de Actaeon havia se tornado objeto de violenta disputa entre a Galeria de Londres e o Museu Americano. O preço era de 2,5 milhões de libras esterlinas, mais de 7 milhões de dólares.            Não muito antes uma escultura de Miguel Ângelo, que fora posta à venda pela Real Academia de Londres, recebeu uma oferta imediata de quase um milhão de libras esterlinas (cerca de 3 milhões de dólares). Os britânicos aborrecidos porque essa oferta viera dos Estados Unidos, promoveram um subscrição pública para guardar a escultura em Londres. A soma foi coletada em poucas semanas.
            Este autor calculou que pinturas valendo pelo menos um milhão de dólares existem em cerca de seiscentas igrejas, catedrais, mosteiros, conventos, basílicas, só na Itália. Se juntarmos a França, Alemanha e sobretudo Portugal e Espanha, existem pelo menos 400 peças valendo um milhão de dólares cada uma. O valor monetário dessas mil peças seria de  pelo menos mil milhões de dólares.
            Consideremos as obras primas que a Igreja possui na Europa. Consideremos as que se encontram no Vaticano, nas Igrejas de Florença e Veneza. Se uma simples pecinha de Leonardo foi avaliada em 3 milhões de dólares, quanto valeriam as obras primas de Rafael, Miguel Ângelo  e outros?            Poderia algum marchand ou museu avaliar a riqueza da Capela Sistina? Num mercado livre esta poderia ser avaliada em cerca de 250 a 500 milhões de dólares. Então, o que dizer das esculturas romanas e gregas, das infindáveis galerias do Vaticano?
            Há alguns anos atrás o Museu Britânico em Londres pagou mais de um milhão de dólares por um manuscrito antigo. Em 1972 Hans Kraus, livreiro de Nova York, pôs à venda uma Bíblia de Gutenberg, conhecida como Schuckburgh Gutenberg,  por um milhão de libras – 3 milhões de dólares. O Vaticano possui centenas, em verdade milhares de manuscritos antigos, alguns únicos no mundo. As vendas de tais manuscritos acarretaria aos cofres do Vaticano  uma incontável soma de milhões de dólares.
            É fato bem conhecido que as obras de arte podem ser encontradas em toda igreja católica, maior ou menor, e em mosteiros de toda a Europa. Pelo simples fato de existirem, elas tornam a Igreja Católica uma  bilionária por direito. E desde que o valor de tais obras de arte, longe de decair, vai aumentando cada ano, a Igreja se torna ipso facto  a maior empresa bilionária do mundo somente nas obras de arte que possui.
            Que isso não é apenas especulação ficou provado pelo próprio Vaticano, quando em 1971 ordenou um censo de todos os tesouros da Igreja.  Os bispos foram instruídos no sentido de que todos os padres das paróquias fizessem inventários exatos das obras de arte, nas respectivas igrejas, com a ajuda de peritos descrevendo cada objeto e estimando o valor financeiro de cada um. Além disso, o Vaticano advertiu que se “qualquer padre vendesse tesouros de arte de sua igreja” sem permissão perderia o ofício e, consequentemente, seria excomungado (2).
Que a Igreja Católica ficou a par das imensas riquezas à sua disposição também ficou provado pelo fato de que os bispos e até mesmo os cardeais advogaram abertamente vender essas obras primas para ajudar a pobreza, conforme testemunho do  Cardeal Heenan, arcebispo de Westminster e Cardeal Primaz da Inglaterra. Durante o Sínodo Mundial dos Bispos, em Roma, ele propôs que o papa “encorajasse as Igrejas Católicas Romanas a  venderem os seus tesouros e possessões, a fim de ajudar os pobres do mundo”.  “Eu  sugiro”, ele disse “que as igrejas , mosteiros e conventos pudessem ver quais os tesouros que podem vender. Deve haver milhares de cálices, ostensórios e outros objetos sagrados que raramente são usados. Eles poderiam ser vendidos para comprar alimento para os famintos”. Ele chegou ao ponto de afirmar que o Vaticano  deveria dar o exemplo. “Seria de grande valor o exemplo da Santa Sé vendendo algumas das obras de arte do Vaticano” (3).
A intangível riqueza que a Igreja possui, portanto, faz dela uma bilionária intangível e contudo potencialmente concreta, uma vez que o tesouro artístico atualmente em seu poder é um capital garantido e que  não apenas está aumentando com o passar do tempo, como também permanece muito mais seguro do que qualquer outro investimento em estoque e ações contemporâneas dos mais prósperos  trusts e corporações do mundo.
Mas se a intangibilidade do seu patrimônio artístico e histórico é um bem concreto, o mais proveitoso investimento nos seus portifólios multibilionários  é a imponderabilidade dos seus atributos religiosos.  É esse o maior e mais rentável capital, visto como seus membros estão prontos a reconhecer a Igreja como sua ministra, mãe e despenseira espiritual e como conseqüência estão ansiosos para participar com o seu dinheiro, seus valores, suas riquezas terrenas, a fim de obter seus favores na intercessão dela para chegar ao céu. Vimos que no passado, multidões se congregaram de todos os recantos da Europa em Roma, durante o Primeiro Jubileu, no ano 1.300. Vimos como  os peregrinos da Inglaterra, Saxônia, Escócia e Irlanda foram prestar homenagens no túmulo de S. Pedro. Estes, procurando ganhar indulgências, deram o seu dinheiro à Igreja. Os tempos mudaram. Mas a prática não terminou com eles. Ainda hoje continua. Embora não haja mais essas aglomerações espetaculares de piedade em massa, como na Idade Média, a arrecadação de dinheiro continua até maior, ainda hoje.  Pois os campos se alargaram. Os fiéis e peregrinos aumentaram e as peregrinações aos lugares sagrados são promovidas com freqüência, eficiência e proveito, através do turismo de massa em nosso século, quando em lugar da carroça puxada a mula, trens ou andanças do passado, os carros das famílias, os trens expressos, os transatlânticos aéreos e os jatos intercontinentais sãos os meios de transporte que multiplicam aos milhões os peregrinos contemporâneos.

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