Um caso típico deveria ser suficiente para prová-lo. Em Buffalo, Nova Iorque, os assessores do imposto taxaram a Igreja Católica Romana de impostos sobre escolas, colégios, terras e construções hospitalares no valor de 51 milhões de dólares. Mas os próprios algarismos da hierarquia mostraram um valor total de seus haveres ali, principalmente em imóveis e construções, no valor de 231 milhões.
O Departamento de Pesquisa dos Americanos Unidos, no estudo feito no estado da Columbia sobre os números oficiais de impostos, descobriu que embora a Igreja Católica Romana afirme ter apenas 19% da população da capital da nação, ela na realidade possui 38% do valor em dólares de todas as isenções religiosas de propriedades e 50% da área física de terreno isenta desse modo. As escolas primárias e médias do distrito de Columbia cobrem uma área de 68,1 acres com valor calculado de 6.430.000 dólares. Os colégios e universidades cobrem 265,5 acres com valor calculado de U$24.557.000. O número total de acres nestas categorias (333,6) mostra interessante comparação com os 108,7 acres do estado do Vaticano.
O valor total computado das propriedades da Igreja Católica, isentas de imposto no distrito foi de U$ 7.557.000 nas categorias acima. Isso não inclui propriedades de investimentos em mãos das agências da Igreja e do próprio Vaticano. Então, adicione-se à lista de isenção de impostos do “governo estrangeiro” do distrito, que inclui o quartel general em Washington, do delegado apostólico do papa um suntuoso estabelecimento na Av. Massachussets cobrindo 2 acres portando uma etiqueta de 550 mil dólares. Outra revelação interessante foi o fato de que a Igreja Católica Romana em Washington D.C. investe o mínimo do seu dinheiro – apenas 18% - em programas de caridade em relação a outras categorias.
O Church and State de maio de 1961 calculou baseado nas dioceses de Bufallo que a isenção total gozada diretamente pela Igreja Católica Romana nos Estados Unidos é de 11 bilhões anuais. Este cálculo é baseado em simples aritmética. Os haveres da Igreja, somente nesta diocese, chegam a 236 milhões de dólares. O imposto bruto é de 24.500.000 dólares. Tomando-se a membresia de Bufallo na base de U$860.000 com a alegada membresia americana de 40 milhões chega-se a uma riqueza nacional de 11 bilhões de dólares. Este é apenas um cálculo por baixo.
Os investigadores confiáveis, Larson e Lowell, conseguiram apenas uma estimativa conservadora da Igreja Católica dos Estados Unidos. Em cuidadoso cálculo de seus haveres eles chegaram a um total geral de proporções alarmantes. Entre estes eles resumiram as contribuições voluntárias anuais no valor de 5 milhões de dólares; imposto sobre negócios ativos, 1,2 bilhão; dinheiro, títulos e imóveis, 13 bilhões; propriedade comercial, 12 bilhões; imóveis usados pelos religiosos, U$ 54.277.600.000. com diversos outros haveres por eles mencionados o total geral alcança a soma de U$80.177.600.000 (13).
Este escritor, contudo, computa que eles subestimaram o valor total, visto como uma vasta soma de atividades financeiras, comerciais e religiosas não podem ser calculadas dentro do padrão convencional, em razão da intangibilidade, e, portanto, da impossibilidade de detectação. Essa aludida riqueza, contudo concreta, deveria ser levada em conta e certamente não seria subestimada em seu valor real se a ela juntássemos mais 20 bilhões chegando a um total de 100 bilhões de dólares.
Mencionamos dois ou três casos a fim de provar a validade da realidade desses bilhões invisíveis. A Igreja Católica, por exemplo, sempre solicita testamentos. As organizações católicas têm o hábito de contactar os advogados para reclamar pelo menos 10% do valor desses testamentos. A colheita jamais é revelada, mas é computada como atingindo centenas de milhões de dólares anualmente.
Embora o bingo seja legal em apenas 11 estados, a Igreja Católica tira proveito deste em todos os 50 estados. Larson e Lowell computaram que visto como muitas paróquias arrecadam 50 mil dólares anuais em bingo “se esta fosse a média, o total chegaria a um bilhão de dólares”. Esse é o seu cálculo fatual, depois de escrutinar os lucros líquidos das paróquias católicas. Outro haver invisível é a isenção de impostos. Os dois investigadores computaram que as variadas propriedades usadas para fins religiosos isentas de impostos podem chegar agora a exceder os 60 bilhões de dólares (14). Porém a feição mais espantosa de toda esta riqueza é que a Igreja recebe riqueza adicional como um “dom gratuito” do próprio governo americano, isto é, além dos 125 milhões dos fundos de impostos públicos que vão para os hospitais da Igreja, do qual ela recebe a parte do leão no valor de 112 milhões.
A anomalia da situação torna-se mais absurda como já mencionamos pelo fato de que a Igreja Católica, conquanto recebendo tantos milhões dos impostos pagos pelos cidadãos comuns dos Estados Unidos não paga ela própria imposto algum sobre as suas propriedades e ganhos.
Estes últimos ultrapassam os 12 a 13 bilhões de dólares (12.785.000.000 em 1970), de fato, além do total geral de todas as igrejas dos Estados Unidos, incluindo a dos judeus (141.813.400.000) sendo que acima de 50% é propriedade de uma só Igreja, a Católica (a riqueza da Igreja Judaica é de U$7.547.800.000; a das protestantes é U$54.088.000.000, enquanto a da igreja católica é U$80.177.600.000) (15). Imposto algum jamais foi coletado e nenhuma conta foi jamais solicitada a respeito dessa imensa riqueza.
Como já dissemos, todas as organizações religiosas são isentas de impostos federais, estaduais e municipais. Elas não pagam imposto imobiliário, imposto sobre heranças, imposto sobre vendas, imposto comercial, imposto sobre doações, imposto sobre empregados, imposto sobre seguro social. Todos dos ganhos até mesmo os comerciais possuídos e operados pela várias ordens religiosas de monges e freiras ou pelas várias dioceses e arquidioceses em todos os EU ou mesmo companhias intermediárias afiliadas não pagam os 52% do imposto corporativo que todo negócio é forçado a pagar pelo desvio do dízimo recebido como igreja ou convenção de igreja ou associação eclesiástica. Além disso, elas são isentas de fazer qualquer registro, de revelar seus haveres disponíveis, seus ganhos ou qualquer outra transação financeira, não importa qual seja o tipo de atividade.
Elas são isentas de impostos em dividendos de interesses, de bens imóveis, de royaltes, de lucros rentáveis e de capital (16). Em junho de 1965 a Igreja Católica havia acumulado um mínimo de U$80 bilhões somente em imóveis, do total de 325 bilhões dos imóveis concedidos como propriedade real em todos os Estados Unidos. E isto é 25% de toda a terra particular possuída. Destas, 56% são apropriados em trust pelo Vaticano (17). Em 1972 os registros combinados das cinco maiores corporações industriais dos Estados Unidos totalizaram cerca de US$46,9 bilhões. Enquanto os da Igreja Católica atingiram de 80 a 100 bilhões.
Em virtude disso, a Igreja Católica é, portanto, a mais poderosa corporação dos Estados Unidos, um colosso diante do qual até mesmo as organizações mais poderosas dos EU mergulham na insignificância.
Assim, dentro de apenas uma geração, ela conseguiu transformar-se na mais rica teocracia gigante do hemisfério ocidental e quiçá do mundo inteiro.
Capítulo 25
A mais rica e a mais pobre
A Igreja da América e a Igreja da Rússia.
Certa vez, durante uma cerimônia solene na Basílica de S. Pedro em Roma o Papa Paulo VI retirou sua tiara e colocou-a sobre o altar, dizendo : “esta tiara é um presente para os milhões de pobres deste mundo”.
Os cardeais aprovaram perplexos. O gesto ajudaria a silenciar a crítica crescente sobre a riqueza da Igreja. Contudo, a tiara, em vez de ir para os pobres do mundo, de um certo modo acabou se tornando propriedade particular do mais hábil, mágico financista da América, o Cardeal Spellman. Mais tarde por causa dos protestos, a tiara foi colocada em exposição permanente no Santuário Nacional da Imaculada Conceição, em Washington D.C., onde permanece desde então.
O ato de aquisição da tiara pelo cardeal Spellman, por um simples impulso romântico, e, portanto sem nenhum outro motivo posterior, foi, contudo, interpretado como a epítome da Igreja Americana, cujo objetivo principal parece ser a incansável busca de riquezas.
Embora os capítulo precedentes possam bastar para justificar essa crença, com o risco de repetição, uma olhada cautelosa em sua imensa massa financeira levaria qualquer pessoa lúcida a ponderar com maior esforço sobre os perigos pendentes de tal estado de coisas.
Não é somente por causa de sua política na mais desavergonhada anulação da afirmação de Cristo: O meu reino não é deste mundo – mas também pela sua reputação como a Igreja mais ambiciosa do mundo poderia se transformar na promotora do seu potencial declínio, num futuro próximo ou distante.
Que isso não é mera especulação de retórica está provado pelo fato de a Igreja Católica na América está correndo em disparada para o acúmulo de mais e mais riqueza, cm tal despreocupação que é quase digna de admiração se não fosse tão trágica.
Se essa luxúria aquisitiva se restringisse ao seus clero já seria o bastante. Contudo o seus segmentos mais piedosos, a saber as ordens religiosas católica supostamente contemplativas, se contaminaram de ambição tanto quanto a sua hierarquia.
O fato é por demais lamentável, se nos lembrarmos de que essas ordens têm se “dedicado a Deus em perfeita caridade”. De fato algumas começaram e continuam a ser “ordens mendicantes”, “vivendo de esmolas”, presas à “votos” e “prática da pobreza”. “Pobreza é a palavra de ordem”. E contudo, muitas, se não todas são tão ligadas às riquezas terrenas ao ponto de transformá-las em negativas visíveis do Cristianismo que afirmam representar. Seus nomes e a lista de seus haveres financeiros, propriedades e atividades operacionais em geral, vistos nos capítulo anteriores, tornam a maioria delas prósperas, ricas e em muitos casos embaraçosamente ricas.
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