quarta-feira, 12 de maio de 2010

Os Bilhões do Vaticano - parte 64

Ele também proveu ajuda financeira para os edifícios do New York World Trade Center (Centro Comercial Mundial de Nova Iorque).

As incansáveis e sempre duvidosas operações de Sindona começaram a espalhar amplamente suspeitas e por fim animosidade. O Hambros Merchant Bank de Londres cortou sua conexões do mesmo modo, como o fizeram outras corporações financeiras.

Sindona, tendo de encarar um crescente ostracismo geral, decidiu fechar o seu campo de operações na Europa transferindo-se de mala e cuia para os Estados Unidos.

Capítulo 29

A Igreja, Nixon, os Franco Maçons e

o enjaulado “mago do Vaticano”

Antes de tomar a infortunada decisão de ir por bem para os Estados Unidos, Sindona consultou os seus dois amigos mais poderosos – o diretor do Banco do Vaticano e o papa.

Estes o abençoaram, além de dar-lhe secretas recomendações a importantes banqueiros e homens de negócios americanos constituídos de uma brilhante mistura de católicos, protestantes, judeus e agnósticos.

Concordou-se que Sindona continuaria a agir como consultor financeiro principal do Vaticano, mas em segredo. Sindona prometeu. Ele faria o melhor possível, como sempre, com o maior sucesso, conforme havia feito na Europa.

Entrementes, tendo-se estabelecido em Nova Iorque, ele iniciou suas operações. Os primeiros passos já haviam sido dados – a antiga aquisição de três companhias – a Oxford Electric, as Interphoto e a Angus Inc. em 1972 ele adquiriu 52% de interesse ( 1,6 milhão de ações) na Talcot National por 27.3 milhões de dólares e 21,6% de interesse na Franklin New York Corp., a companhia mantenedora do Franklin National Bank – um milhão de ações a 40 dólares cada, quando estavam sendo vendidas a 32 dólares.

Depois disso tendo feito mais avanços subsidiários proveitosos à parte, ele doou prontamente um milhão de dólares aos fundos da campanha presidencial do presidente Nixon. A maior parte dos fundos acreditava-se terem vindo do Banco do Vaticano. O resto veio d e Sindona e do bolso secreto dos membros da Franco maçonaria da Itália, a qual tinha ligações especiais com importantes lojas dos Estados Unidos.

A oferta foi recusada porque uma lei recente havia tornado ilegais as contribuições para partidos políticos. Havia mais considerações práticas políticas sobre isso do que mera retidão moral. Nesse período particular, estas considerações haviam se tronado de capital importância, visto como a clandestinidade poderia ter atingido pelas costas tanto os que davam como os que recebiam. É digno de registro o fato de que, visto como a partir de então as contribuições abertas a partir dos políticos nos Estados Unidos atingiram proporções alarmantes, um tipo de negócio tão condenável como os subsídios clandestinos que costumavam existir antes de se tornarem ilegais.

Dentro de uma década – de 1972 a 1982 – por exemplo dez Senadores Republicanos reeleitos em 1982 gastaram uma média de 1,7 milhão de dólares cada um – mais de cinco vezes o que haviam gasto em 1976. Os Democratas não ficaram muito atrás, com 1,4 milhão de dólares cada um.

O mero milhão de Sindona, quando visto retrospectivamente parecia brinquedo de criança, quando comparado ao fato de que apenas dez anos mais tarde os candidatos à Casa e ao Senado gastaram cerca de 300 milhões de dólares, cerca de 25% a mais do que haviam gasto apenas dois antes, em 1980. Outro lobby de interesse público computou que tudo seria dobrado em 1984. (1)

Esses algarismos são apenas a ponta do iceberg. Visto como diminuíam as contribuições permitidas, os fundos secretos para promoção política, embora ainda ilegais, continuaram a cair nos cofres da máquina eleitoral alimentando facções políticas a nível local e federal, muito mais eficientemente do que o faziam quando Sindona e o banco do Vaticano tentaram reforçar a campanha de Nixon.

Houve reticência dos que apoiavam Nixon, quando recusaram a oferta de Sindona. O Vaticano havia sido preparado, não somente por consideração política, mas também pelo medo de um escândalo iminente, o qual se permitido explodir abertamente poderia Ter afetado o pêndulo da eleição com potencial deslocamento do voto católico preocupado.

Suas apreensões eram justificadas, visto como anos mais tarde, em 1980, uma corte americana iria julgar Sindona por ter este desviado 45 milhões de dólares dos fundos Franklin para uma aventura não autorizada, a maior parte de volta à Itália. (2)

Contudo, os negócios de Sindona continuaram em plena força. Sua fama de financista generoso e audaciosos havia crescido. A comunidade financeira, impressionada com os seus patrões, o Vaticano e a Igreja, não menos do que com o seu sucesso positivo, começou então a estimulá-lo.

Tudo prosperava. O futuro de Sindoma parecia garantido. Além disso, ele havia conseguido o controle geral, com um simples piscar de olhos de 20% do maior banco dos estados Unidos, sem meios para tanto.

As coisas corriam fáceis, até que surgiram rumores de que o banco havia perdido 39 milhões de dólares, conforme foi dito, por causa de transações não autorizadas em divisas estrangeiras. Os vários patrocinadores de Sindona, o Vaticano e as Lojas Maçônicas, estas últimas apenas tangencialmente interessadas nas atividades marginais de Sindona no “affair” Franklin, ficaram alarmados e logo concordaram em ajudar. O misterioso IOR, isto é, o Banco do Vaticano, levantou 30 milhões de dólares e os encaminhou ao Franklin National Bank de Nova Iorque, o qual estava em perigo. A operação de resgate foi executada no maior sigilo.

Contudo, os esforços foram em vão. A derrocada veio antes do que era esperada e não poderia Ter vindo em momento pior. Visto como na Itália o próprio Banca Privata Italiana de Milão pertencente a Sindona já havia sido liquidado porque, conforme os rumores, 300 milhões de dólares haviam sumido. Por causa disso um mandato de prisão havia sido emitido sob a alegação de que Sindona havia sacado ilegalmente dinheiro do Banco de Milão. Além do mais, que ele havia falsificado o registro de balanço para encobrir essa operação.

Uma corte italiana acusou Sindona de 25 irregularidades nas contas bancárias, sentenciando-o a 30 meses de prisão. Contudo muito mais sério ainda foi que a Itália exigiu a sua extradição, acusando-o de manipulações bancárias fraudulentas. Caso a sentença tivesse sido executada iria custar-lhe quinze anos de cadeia. Enquanto tudo isso acontecia, a Comissão Americana de Seguridade e Câmbio acusou Sindona de contínuas violações, arquivando uma denúncia na corte federal.

Sindona foi sentenciado em dezesseis tipos de fraudes conectadas com as operações da Franklin National, o maior colapso bancário da história americana, até aquela data. Apesar do desastre, ele foi posto em liberdade sob a multa de um milhão e quinhentos mil dólares em agosto, quando desapareceu prontamente. Mas em outubro já estava de volta.

Durante os dois anos e dois meses de seu desaparecimento, Sindona, arriscando-se a ser preso, visitou a Europa. Ele contactou o Vaticano e implorou ajuda para o seu próximo julgamento na Corte Federal do Distrito de Manhattan.

O Vaticano não podia nem desejava envolver-se abertamente no escândalo. O Bispo Marcinkus foi reticente e evasivo. Desterrado Sindona foi para Frankfurt, onde se encontrou secretamente com o núncio papal, Monsenhor Del Mestri, creditado para Bonn, Alemanha. O núncio papal prometeu ajuda. Disse que tentaria fazer lobby com três patrocinadores financeiros do Vaticano dos amigos dele, o Cardeal Gern e o Cardeal Carpio e até mesmo com o relutante Bispo Marcinkus. Tentaria persuadi-los a ficar a favor de Sindona na Corte Americana.

Os três homens concordaram. Sim, eles votariam a favor do bom caráter de Sindona. Para esse fim preparavam um vídeo tape a ser usado na corte. Contudo, quando o Juiz Federal Marvin Frankel foi a Roma apanhar o mesmo foi proibido de fazê-lo. O veto havia partido nada menos que do Cardeal Casaroli, Secretário de Estado do Vaticano, a personalidade mais importante depois do papa.

É claro que João Paulo II não quis correr o risco de se envolver nessas descobertas embaraçosas (Paulo VI havia morrido em 1978). Ele estava a par do profundo envolvimento do IOR em prolongadas e destrutivas aventuras na América Central e na Polônia Comunista, nas quais a CIA e o IOR haviam sido pesados investidores. Essas descobertas seriam da natureza mais explosiva e poderiam tornar-se muito mais prejudiciais à Igreja do que quaisquer perdas financeiras menos pesadas.

Esse escândalo político ao contrário de um financeiro, poderia ter levado ao perigo a pedra de auxílio do novo alinhamento do papa – a Aliança Vaticano Washington.(3)

A melhor justificativa para a aparente falta de preocupação com o colapso de Sindona foi então apresentada como se a Igreja tivesse perdido muito pouco. O Bispo (agora arcebispo) Marcinkus confirmou a declaração. A perda fora amplamente compensada pelos lucros conseguidos nos negócios anteriores feitos com Sindona, ele declarou.

Anos mais tarde (1982), o próprio Sindona concordou: “Marcinkus ganhou pelo menos 200 mil dólares de mim... o Vaticano, portanto não perdeu um dólar sequer”. (4)

A opinião pública contudo continuou a calcular as perdas da Igreja em cerca de 60 milhões de dólares. Os peritos suíços discordaram afirmando que o Vaticano havia perdido mais de 250 milhões de dólares. Outros inclusive peritos americanos declararam que as perdas da parceria Vaticano Sindona alcançaram 750 milhões de dólares.

Confrontado com a magnitude desse escândalo Marcinkus declarou então, a uma incrédula mídia mundial, a qual sabia como Sindona e ele foram parceiros de golfe durante anos no Acqua Santa Golf Club, fora de Roma que ele, o Arcebispo Marcinkus havia encontrado Sindona apenas uma vez.

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