sábado, 3 de abril de 2010

Os Bilhões do Vaticano - parte 26

sido usados nos quarenta anos anteriores. O “fato” foi atestado por uma declaração dos habitantes de Avignonet no Ano de 1293. O “fato” também foi incluído como tal nos “Acte Notaire” (atos notáveis) de 29 de janeiro de 1676. Com que autoridade? Não só daqueles habitantes de Avignonet, mas com certeza do próprio papa. Pois, verdadeiramente, nenhum outro papa senão Paulo III mencionou o “fato” numa Bula de 1537. (9)

Todas estas manifestações, quando “ocorriam” eram tidas como eventos sólidos e concretos. Elas aconteciam graças ao poder com o qual a Igreja investia àqueles que estavam em plena comunhão com ela – a saber, os santos. O resultado de natureza mais prática, foi que santuários foram construídos sobre os ossos deles; e desde que os santos continuavam se multiplicando com o passar das gerações, seus santuários também se multiplicavam. Um santuário é lugar de devoção daí um magneto seguro a peregrinações; uma espécie de Jubileu local, regional ou até mesmo internacional. Santuários como o de São Tiago de Compostella na Espanha, por exemplo, tornaram-se quase tão famosos quanto o túmulo do Abençoado Pedro em Roma. Peregrinos aí se congregaram de todas as partes da Europa, e eles incluíam príncipes e reis que nunca chegavam de mãos vazias. O povo mais pobre sempre deixava dinheiro no altar. Presentes magníficos de ouro maciço, prata e pedras preciosas e semelhantes ainda enfeitam o lugar.

Agora deve ser lembrado que toda a Europa foi dotada com santuários e que as peregrinações têm sido a ordem do dia durante séculos. Isto tem trazido um fluxo contínuo de lucro, como já vimos, em capítulo anterior, com o resultado de que a acumulação de riqueza tem prosseguindo imbatível, em matéria de dinheiro, terra e imóveis.

A devoção dos santos, portanto, tem se tornado ultimamente uma fonte imensa, firme de contínua riqueza para a Igreja Romana, como um todo, e para o clero em particular.

Capítulo 10

O Câmbio das Indulgências

Milagres, portentos e maravilhas, embora tenham produzido um notável volume de renda, não mereciam confiança da parte de uma administração clerical, que como sua moderna equivalência, era sobrecarregado por uma despesa cada vez maior, concreta e firme. A renda derivada destes, era por demais incerta e imprevisível, portanto muito duvidosa. Algo de natureza mais consistente, precisava ser divisado para a coleta de lucros. Este estava bem à mão; o poder do papa de ligar e desligar.

Esse poder era, aos olhos de todos os católicos romanos, capaz de indefinida e deveras de infinita aplicação. Quando posto a funcionar, ele fez surgir, dentre outras coisas, a prática de comprar e vender indulgências. As indulgências, como tantos outros privilégios, eram eventualmente muito abusivas; tanto assim que de fato se tornariam no maior de todos os escândalos da cristandade.

Originalmente uma indulgência era um dos mais inócuos instrumentos do arsenal espiritual do papado. Inicialmente era designada a auxiliar um penitente, uma vez que não era nada mais do que a remissão de uma pena imposta pelos pecados confessados. O perigo de deixar tal poder, nas mãos de um clero notoriamente rapina, era óbvio demais. Então o papa reservou a concessão de indulgência a si mesmo.

Como muitas outras instituições da Igreja, a prática de conceder indulgências não surgiu imediatamente. No começo elas eram concedidas com a maior parcimônia e, mesmo assim, apenas em circunstâncias excepcionais. A indulgência “verdadeira” começou a aparecer durante os séculos 11 e 12 de uma maneira muito discreta e nesse período era verdadeiramente um tremendo evento se um papa concedesse uma indulgência de pelo menos sete dias. Mais tarde, a de um ano era ainda uma raridade.

Foram os Cruzados que eventualmente trouxeram as indulgências à tona. A fim de induzir as pessoas a se alistar sob a bandeira da cruz, os papas começaram a conceder indulgências com generosidade. À medida em que o ardor das Cruzadas diminuía, assim proporcionalmente as indulgências cresciam.

A partir da liberação do túmulo de Cristo, as indulgências se voltaram para o extermínio dos inimigos da Igreja na Europa. Mais tarde, elas degeneraram em “cruzadas” de todo tipo, principalmente de caráter político-religioso. O Papa Urbano VI, por exemplo, ordenou que a Inglaterra lutasse contra a França porque esta havia ficado do lado do rival de Urbano, o Papa Clemente VII. A fim de encorajar voluntários, Urbano prometeu indulgências a qualquer um que pegasse em armas. O Papa João XXIII fez o mesmo quando anunciou uma cruzada contra Nápoles e resolveu apoiar o rival de João, o anti-Papa Gregório. Daí para um grande número de várias causas os passos foram apressados. Indulgências eram concedidas com facilidade cada vez maior a lugares, pessoas, santos, ordens monásticas e assim por diante, ad infinitum.

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