As Instituições são o reflexo do tipo de sociedade que as cria e as tolera. As igrejas não constituem exceção; daí porque as igrejas compartilham do idealismo materialista da sociedade americana e têm muito sucesso em fazer explodir no mais desregrado entusiasmo e emocionalismo elementar do crente americano. Quando a isso é adicionado uma grande tintura de patriotismo, racialismo e clanismo (os principais ingredientes do protestantismo) e mais o misticismo, um senso de exclusidade e a crença de ser ela a única Igreja verdadeira – ingredientes adicionais do Catolicismo – então a tolice religiosa do crente americano explode ao máximo, até mais inteiramente do que um poço de petróleo sugado a seco por uma bem sucedida companhia de petróleo.
Isto acontece visivelmente com os resultados concretos, substanciais e fantásticos das igrejas dos Estados Unidos. O negócio delas, ao que parece, é bater os big business em seu próprio jogo.
Consideremos o seguinte: em 1962 o Departamento do Tesouro Americano mostrou que os freqüentadores de igrejas da América, registrados nas devoluções do Imposto de Renda haviam dado 2,9 bilhões de dólares à igreja. Em 1966 as Igrejas Protestantes estavam registrando 3 bilhões de entradas anualmente, conforme apresentado no livro Yearbook of American Churches. Este montante não inclui contribuições nem para a Igreja Católica nem para as comunidades judaicas, nenhuma das quais se reportam oficialmente ao público americano. Em 1967 a entrada anual foi estimada pelos serviços noticiosos da América através de fontes extra oficiais do governo, como sendo de 6 bilhões de dólares por ano ou 16 milhões de dólares por dia (1). A partir daí as cifras têm subido. Em qual outro país o valor das possessões da igreja tem crescido as tais incríveis cifras dentro de período tão curto?
A campeã nesse campo e em tantos outros, é a Igreja Católica. Já relatamos como nos idos de 1942 o Papa Pio XII criou o Instituto com o objetivo precípuo de enviar dinheiro para o exterior. Muito deste foi colocado nos Estados Unidos. Por que ele escolheu os Estados Unidos? Não tanto por serem geograficamente seguros contra os exércitos bolchevistas ou contra os desordeiros vermelhos europeus do após guerra mundial. As Américas Central e do Sul ficavam igualmente bem situadas. Pio XII enviou os milhões do Vaticano para os Estados Unidos porque a Igreja Católica já era uma poderosa força econômica e política por seu direito próprio, e por causa de tantos membros da mesma, leigos e eclesiásticos, que tinham se infiltrado dentro da sociedade americana para identificar os interesses da Igreja com os do país e vice-versa.
A parte da mútua comunhão de interesses ideológicos e políticos entre a Igreja e os Estados Unidos, que foi tratada noutro livro “O Poder Católico Hoje”, uma das principais razões porque o Vaticano escolheu os Estados Unidos como o seu depositário e banqueiro é que a Igreja aí já era bilionária e como tal já comandava autoridade suficiente no campo econômico para assegurar que os interesses dela fossem propriamente salvaguardados.
O dinheiro é poder e desde que o poder pode ser traduzido em dinheiro, a combinação de ambos gera um clima para o desenvolvimento do primeiro ou do segundo, ou simultaneamente de ambos. O Catolicismo dos Estados Unidos estava em excelente posição, de modo que, após a II Guerra Mundial, vimos o espetáculo do Vaticano emparelhando com os Estados Unidos, um dos vencedores, na criação do eixo econômico Vaticano/Washington durante a ideológica Guerra Fria que se seguiu, a pesar do seu consistente apoio a Hitler durante a guerra, mas também na consolidação de um front econômico Vaticano/Washington – de fato uma parceria financeira.
O Vaticano enviou milhões para os Estados Unidos e os Estados Unidos “emprestaram” milhões ao Vaticano. As transações às vezes seguiam linhas ortodoxas, outras vezes, não. Muitas eram camufladas, como é o hábito do Vaticano, tendo por trás da cena indivíduos, bancos e corporações, que serviam como testas de ferro, a fim de livrar a Igreja de potenciais embaraços. Muitas vezes os negócios eram executados bem acima das cabeças da administração americana e, portanto, por sobre as cabeças do povo americano, por meio de arranjos particulares e secretos entre os altos oficiais do governo e a hierarquia católica.
Devemos nos contentar com a citação de um exemplo. Este diz respeito ao estranho Caso do Ouro do Vaticano. As primeira notícias desta celebrada venda de ouro vazaram através de uma história no United Nations World Magazine de dezembro de 1952. O artigo afirmava que o Vaticano havia adquirido, nos últimos poucos anos, muitos milhões de lingotes de ouro do grande suprimento de ouro dos Estados Unidos. Na Europa o rumor era que o Vaticano estava recebendo tratamento preferencial nestas transações, a saber, que ao papa fora permitido comprar o precioso metal a 34 dólares a onça. O artigo da revista acima também declarava que o Vaticano estava repleto de ações nas principais indústrias americanas.
Vários curiosos americanos se aproximaram, então, do Secretário do Departamento do Tesouro Americano, bem como o representante do Vaticano em Washington – Mons. Amleto Cicognani – a fim de obter confirmação. Sobre a assinatura de A N. Orarly, o governo dos Estados Unidos disse oficialmente que havia vendido 26.8 milhões de dólares em lingotes de ouro ao Vaticano, numa série de transações. O Bispo McShea, como representante do papa, admitiu a compra do ouro pelo Vaticano no montante de, “digamos, 17 ou 18 milhões de doláres” e negou qualquer favoritismo no preço. Acrescentou que um número maior de lingotes papais estavam guardados nos cofres da Reserva Federal em Nova York, perfazendo um total líquido de 21.8 milhões e informou ainda que o Vaticano havia, em certo período, revendido cerca de 5 milhões (suas cifras eram mais exatas do que as do Departamento do Tesouro). Mas o Bispo McShea negou que o Vaticano tivesse investido pesadamente na indústria americana e que tais investimentos tivessem rendido pesadamente durante o “boom” das vendas nos anos da guerra.
Depois de mais inquirições, negações, contra-negações e silêncios estranhos, finalmente numa carta, em abril de 1953, emitida pela United Nations World Magazine, veio uma declaração da própria Secretaria do Tesouro informando que não era verdade que o ouro tivesse sido vendido por um dólar abaixo da taxa legal. (3)
O caso foi esclarecido porque confirmou – se é que havia qualquer necessidade de confirmação – que o Vaticano estava comprando ouro a um dólar a onça abaixo do preço de mercado e vendendo com lucro milhões de dólares em ouro nos Estados Unidos e também que era o seu costume fazer negócio com o governo americano com vantagens próprias. Além disso, a notícia do negócio em questão jamais havia chegado ao público. Também parecia que alguns segmentos da máquina do governo americano eram influenciados e controlados por certos cidadãos americanos, isto, é, por católicos trabalhando como agentes a favor do Vaticano, como por exemplo, o Bispo McShea, cidadão americano, que admitiu abertamente, quando indagado, como estava tão bem informado sobre a venda do ouro, o qual havia representado o Vaticano na compra feita pelo papa. (4)
A compra do ouro do Vaticano já mencionada foi apenas uma das muitas executadas em sigilo. Mas a mão do Vaticano sobre a vida financeira dos Estados Unidos não está confinada a compras esporádicas. Ela é efetiva dentro de um campo bem mais amplo e mais compreensível, embora grandes esforços sejam feitos no sentido de que tudo permaneça no mais absoluto sigilo. O porta voz do Vaticano, Bispo McSchea, negou, por exemplo, que o Vaticano tenha investido na indústria americana, embora fosse bem conhecido que o Vaticano tem agido assim maciçamente.
A “Santa Sé”, de fato, além de ser uma importante sócia majoritária no Bank of America, tinha investido milhões de dólares adicionais em diversas corporações – para citar apenas duas – A Cia. Americana de Cobre (AACC) e a Cia. de Petróleo Sinclair, e isto na faixa de 35 milhões de libras ou 100 milhões de dólares. Cerca de vinte anos atrás, achou-se que nos registros de Bancos em Nova York, a Igreja Católica apresentava investimentos em ações e bônus em centenas corporações. Dentre estas se incluem: Baltimore&Ohio, R.R., Rock Island, Eire, Seabord, Missouri Pacific, Pere Marquette, Goodyear Tire & Ruber, Firestone, Fisk, U.S. American Smelting, Commonwealth Edison, Brooklin Edison, N. Y. Edison, Pacifica Gas & Electric, West Penn Power, American Commonwealth Power, Texas Electric, Atlantic City Convention Hall, Louisiana Hotel Co., Squire Building Lane Bryant, Fox Playhouses, Fox Theater (St. Louis), Denver Joint Stock Land Bank, Savoy Plaza Hotel, National Dairy, Thermoid, Washington Silk, Pillsbury Flour, etc. (5)
A partir daí a Igreja Católica tem ameaçado penetrar cada vez mais profundamente dentro do quadro financeiro e industrial da sociedade americana. Isso ela tem feito a tal extensão que, no presente, ela é um dos maiores fatores, particularmente dentro das corporações de trusts e bancos e gigantes industriais da América. Devido à sua bem sucedida infiltração e ostensivo poder financeiro, a Igreja Católica, é, portanto, uma das presenças mais influentes nas atividades econômicas dos Estados Unidos e, por causa disso, do bem estar econômico do Hemisfério Ocidental.
Capítulo 21
Membro do Clube Bilionário
dos Estados Unidos
A Igreja Católica Romana dos Estados Unidos é um gigante econômico, não tanto porque tenha penetrado nos tendões das corporações gigantes, trusts e bancos americanos, mas porque ela tem acumulado terras e imóveis, e controlado instituições, cujo valor real, sólido e material em termos de dinheiro fizeram dela um colosso econômico, em verdade, talvez, o maior colosso de todos os do Hemisfério Ocidental.
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