segunda-feira, 5 de abril de 2010

Os Bilhões do Vaticano - parte 28

remissão de pecados no Corpus Christi e cada dia do oitavo, 30.000 anos e 3.000 quarentenas no Dia de Todos os Santos e cada dia até o dia de São Leonardo (1 a 6 de novembro).

A imensidade das riquezas que as indulgências trouxeram ao papado durante séculos, é incalculável. Seu uso, abuso e mal uso não nos fariam condená-las claramente como não importantes nem o seu absurdo induziu-nos a subestimar o tremendo poder que elas tiveram – ou talvez o tremendo poder de efeito cumulativo do seu emprego tanto pela Igreja como pelos papas.

Pois, mais do freqüentemente, elas serviram ao seu propósito na mobilização, controle e uso das vastas massas humanas, exércitos e nações, nenhum dos quais podia de outro modo ter sido mobilizado com tanta facilidade e fluidez por sucessivos papas. Nas lutas do papado contra os poderes temporais, por exemplo, o que era o fato dominante da história medieval, elas desempenharam papel importante. Isto elas fizeram, não apenas criando novo zelo, mas colocando homens, riqueza e exército à vontade nas mãos dos papas.

Foi graças à arma das indulgências, por exemplo, que o Papa Inocêncio III foi capaz de esmagar para o bem a heresia ameaçadora de Catari, uma heresia que uma vez parecia que estava a ponto de engolfar metade da Europa; e pelo fato de que o Papa Clemente IV foi capaz de humilhar os imperadores alemães e reduzi-los politicamente à quase impotência, evento que afetou profundamente o curso subseqüente da história européia. Pois pelo mero fato de que os papas podiam proclamar uma cruzada à vontade com todas as indulgências invariavelmente envolvidas, príncipes, reis e imperadores tinham de pensar duas vezes antes de se opor à trilha papal nas disputas territoriais ou políticas ou assuntos de dinastia.

Explorações, conversões e domínio de terras conhecidas e desconhecidas e de raças eram grandemente aceleradas pelo poder e uso das indulgências. Vamos citar apenas um caso típico, o dos cavaleiros Teutônicos, que foram incentivados principalmente pelas indulgências para conquistar e assim cristianizar o Nordeste da Alemanha e grande parte da Hungria e finalmente erguer uma impugnável barreira contra os exércitos invasores islâmicos dos turcos.

As indulgências, portanto desempenharam papel importante na modelagem e criação dos eventos principais na história da Europa. Contudo se elas foram fator positivo em certas esferas das atividades da Igreja, por outro lado, contribuíram poderosamente para a sua crescente corrupção e decadência. O seu negócio por dinheiro tornou-se em tal escândalo que se transformou, como já vimos, em abuso universal e bem organizado que operava em todos os níveis, sendo o seu principal expoente e proponente o próprio papado. A ambição dinástica e pessoal do papa estava no centro de tão grande proveito. A corrupção do clero, sempre pronto a ganhar dinheiro ao vender seus ofícios foi um fator contribuinte.

Os cristãos em toda parte, que por décadas tinham rejeitado essa prática, finalmente vieram ousadamente à frente em claro protesto. O oponente principal foi um frade inconformado, o Doutor Martinho Lutero. Seguindo muitas tergiversações no dia 31 de outubro de 1517 ele afixou suas famosas 95 Teses na porta da Igreja de Wittenberg, Alemanha. Foi um dia decisivo para o Catolicismo Romano; pois naquele dia o frade alemão agindo como porta voz de incontáveis milhões de crentes, enfrentou desafiadoramente a prática da venda de documentos e da oferta de dinheiro como pagamento por penas, isto é, rejeitando as indulgências.

Como muitos outros, ele tinha visto a degradação e abuso de tal comércio. Ele havia mostrado abertamente o seu horror contra a teoria de que adquirindo uma indulgência papal os Católicos Romanos podiam abreviar e até mesmo cancelar de vez o tempo no purgatório. Ele considerou a crença de que as almas dos falecidos podiam ser libertadas das chamas pela compra de indulgências em seu favor como uma monstruosidade teológica.

A desavergonhada compra e venda de indulgências para ganhar dinheiro, havia se tornado tão pública, a ponto de desgostar os cristãos mais tolerantes. Isso era feito não só pelo papa, que as negociava ostensivamente através de toda a Europa, com propósitos religiosos, mas também pelos dignatários menores.

Para mencionar apenas um entre muitos, o Papa Leão X em 1517 dera permissão ao Arcebispo de Mains para vender indulgências em grande escala a fim de pagar os seus débitos os quais ele havia contraído ao comprar a dignidade de Arcebispo. Na Alemanha esse tipo de negociar indulgências era promovido pelo próprio delegado papal. O dominicano J. Tetzel, que operava perto de Wittenberg. A reação e contra reação da indignação de Lutero no devido curso, provocou o que finalmente se tornou uma inevitabilidade histórica, a Reforma.

Capítulo 11

A Igreja exige as Américas

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