terça-feira, 27 de abril de 2010

Os Bilhões do Vaticano - parte 49

O resultado da política bélica da Igreja Católica ou talvez dos astuto movimentos que ela fez quando a sorte dos nazistas começou a declinar – foi que quando finalmente Hitler se suicidou numa Berlim sitiada pelo exército vermelho, Pio XII no total colapso da Europa Hitlerista Católica, teve pelo menos a satisfação de ter salvaguardado alguma coisa através da transferência de milhões de dólares para os Estados Unidos.

O fluxo dos investimentos católicos não parou com o cessar das hostilidades, porém continuou imbatível por mais alguns anos seguintes. Pois conquanto fosse verdade que o Exército Vermelho fora impedido de irromper sobre toda a Europa derrotada, que os Estados Unidos tenham se tornado o protetor da Europa e que o Vaticano tenha iniciado com sucesso uma parceria político-ideológica com ele, também é verdade que os Comunistas da França, e sobretudo, da Itália estavam ameaçando seriamente desestruturar o governo em Paris e Roma.

Esse perigo ameaçando o Vaticano, fez com que ele continuasse sua política de transferência pelos anos que vieram logo após a guerra.

O perigo tornou-se real e imediato durante a primeira década. O Papa Pio XII achou por bem intervir, e ordenou o eleitorado italiano a votar pelo Partido Católico. Qualquer um que votasse nos Comunistas ou mesmo nos Socialistas seria excomungado.

Conquanto restringindo a ameaça Vermelha, o Vaticano começou a observar a Europa pós-guerra no sentido de investigar seus milhões, onde quer que estes milhões pudessem melhor render bons dividendos. E como a Europa começou a reeguer-se e vários “milagres econômicos” iam acontecendo um após outro, a perícia financeira do Vaticano entrou logo em ação. Sua perícia e intuição para escolher os investimentos certos provaram ter sucesso mais uma vez. Ele redobrou seus esforços no sentido de consolidar seus fundos com prósperas ações, indústrias, capital e bônus, com elevada audácia, em pequenas e grandes empresas privadas e governamentais, não só na Itália, mas também na França, Alemanha, Suíça e até mesmo na Inglaterra.

O Vaticano investiu vergonhosamente o seu dinheiro até nos cassinos da Riviera, tais como o San Remo, em bebidas alcoólicas como água benta estrangeira, como a água Perrier na França, na Societe General Imobiliare, já mencionada, e em empresas imobiliárias. O Monsenhor Vittório Valletta, líder do gigante automobilístico, Fiat de Turim, e o Monsenhor Presenti, líder da Italcementi, do grupo de cimento Italcimenti, eram os diretores dessas empresas. Os negócios da Imobiliare em imóveis no biênio 1969-70 foram avaliados entre 18 a 19 milhões de Libras Esterlinas. Esta companhia controlava também numerosos empreendimentos industriais, turísticas e outros, incluindo 3/4 do Hotel Hilton de Roma. Sogene, um grande ramo da Imobiliare possuía outras companhias nas quais o Vaticano era um grande acionista, nas quais tinha uma equipe de diretores, incluindo os representantes da Financeira Bastoggi Italpi e a grande companhia de seguros, Assicuracioni Generali, Cerâmica Pozzi, Italgaz, Ácqua Marcia, organizações de moinhos e pasta Pantanella e muitas empresas semelhantes. Dever-se-ia lembrar que o Vaticano não pagava imposto algum na Itália, bem como em outros países, de modo que durante décadas ele teve contínua e injusta vantagem sobre seus rivais comerciais, industriais e financeiros que jamais podiam auferir lucros iguais ao da Igreja Católica.

O tratamento grosseiramente anacrônico das manipulações de isenção fiscal da Igreja comparada ao dos seus rivais financeiros era ostensiva demais para não provocar uma reação geral contra o seu status privilegiado, especialmente em vista do fato de que, enquanto lucrava por serviços que lhes eram prestados pelo Estado, pagando pela taxa normal – ela nada lhe dava em troca, nem mesmo qualquer tipo de oferta ex-gratia fora dos lucros crescentes que resultavam de sua imunidade nos impostos. Na Itália esta anomalia era progressivamente ressentida, mas os esforços de vários movimentos para fazer o Vaticano pagar impostos eram consistentemente derrotados pelo dominador Partido Católico. Finalmente em 1968 foi atingido o clímax, quando o Vaticano, após intermináveis esquemas ilegais, viu-se enquadrado e concordou em submeter-se a uma forma parcial de taxação “sobre os ganhos de capital”. O pagamento sonegado provou ser nada menos de mil bilhões de liras anualmente”. (3)

Esta soma revelou os enormes negócios que ele controlava somente na Itália, tornando-o não apenas uma preponderante força política, mas também um fator econômico da maior importância na vida da nação.

Nino Lo Belo o correspondente econômico-financeiro do New York Herald Tribune fez um resumo detalhado da preponderância dos investimentos e posse econômica do Vaticano num livro bem digno de ser estudado. (4) O peso econômico da riqueza do Vaticano e posse nas finanças, indústria e comércio italianos, agora se tornara um dos principais fatores da prosperidade da Península Italiana.

O autorizado Economist, de Londres nesse período não hesitou em dizer o quanto “o Vaticano podia teoricamente ter lançado a economia italiana em confusão, se ele resolvesse retirar todas as suas ações repentinamente e colocá-las no mercado” (5).

Qual era a grandeza do portifólio italiano da Igreja Católica vinte e cinco anos após a II Guerra Mundial? A resposta a esta pergunta é difícil, visto como o Vaticano é o único Estado que tem recusado consistentemente revelar seus orçamentos reais ou permitir que “estranhos” conheçam o valor dos seus negócios. Mas estimativas extra oficiais feitas pelos governos italianos em várias épocas, baseadas nas escassas informações a que puderam chegar, pareciam coincidir com os nebulosos lampejos liberados aos poucos pelo Vaticano. Conforme essas estimativas a Santa Sé possuía entre 15 e 20% do capital total na Bolsa de Valores Italiana. Em dezembro de 1964, o valor total de todas essas ações era de 5.500 bilhões de liras, só em capital italiano, ou cerca de 500 milhões de dólares. Em 1972 estes tinham aumentado para 700 milhões. Contudo, os investimentos do Vaticano na Itália representavam, segundo fontes fidedignas, apenas 1/10 e 1/12 do total de seus investimentos mundiais.

Isto nos dá a figura astronômica de 5 mil milhões de dólares – em estimativa conservadora.

Capítulo 20

Porque a Igreja Católica é a Igreja

mais rica da América

Os Estados Unidos são nominalmente um país protestante. País que se orgulha da separação entre a igreja e o estado. Ele se ancora em mais de trezentas prósperas denominações protestantes.

Contudo, a Igreja Católica é a maior unidade religiosa do país. Ela é a máquina mais fechada, com exceção talvez, da fraternidade judaica. Ela é a mais poderosa, ética, social e politicamente. É também a igreja mais rica de todas não apenas nos Estados Unidos mas em todo o hemisfério ocidental e sem dúvida em todas as Américas do Norte, Central e do Sul.

Seu status espetacular no ocidente não pode ser compreendido de um relance. Sendo embora a maior religião exclusiva, contudo ela ainda é minoritária, com 50 milhões de membros dentro de uma população de 200 milhões.

A explicação, sem dúvida poderia ser encontrada na fórmula elementar: a divisão cria enfraquecimento, a união causa força. Porém mesmo aceitando esta verdade o fenômeno católico ainda não pode ser compreendido facilmente.

Aqui nos preocupamos com a grande riqueza armazenada pela Igreja Católica nos Estados Unidos. O processo e os resultados carecem de esclarecimento, não apenas quando se trata da instrumentalidade de juntar e multiplicar riqueza. O método básico de colecionar dados sobre bônus, estoques e ações conquanto aplicável a uma corporação de aço ou até mesmo a Coca-cola não é apropriado à Igreja Católica. Além de ser uma corporação – ou de preferência, uma multi-corporação na mais lata significação da palavra – ela é simultaneamente um sistema religioso, e o acúmulo de sua riqueza deriva tão somente disso.

A religião é ainda a maior de todas as sociedades imponderáveis. Os Estados Unidos, a mais materialmente próspera terra do mundo tem sido profundamente afetada por esta imponderabilidade religiosa muito mais do que a Europa o foi no passado e ainda é no presente. Tal fator intangível é basicamente indefiável diante de suas credenciais religiosas. Estas últimas, apesar de suas diversidades ideológicas, denominacionais e eclesiásticas e até contradições, têm um denominador comum. Eles gastam uma grande quantidade de energia não edificante no acúmulo de riqueza material, em matéria de opulentos, custosos e numerosos edifícios, hábil aquisição e explosão remunerativa das áreas urbanas, ou pela coleta e investimentos em dólares através da nação.

Estas operações predominantemente financeiras e operações comerciais são promovidas, executadas e até mesmo energizadas pela intangível e contudo concreta realidade das várias crenças, operando por meio e dentro do quadro da religião organizada. A não ser que este fator básico seja levado em conta, o fenômeno da fantástica riqueza das igrejas da América não pode ser totalmente entendido. Argumentar-se-ia com justiça que o fenômeno não é peculiar aos Estados Unidos da América. E não é. Contudo, na Europa foram precisos séculos senão milênios para a religião organizada poder controlar razoáveis porções da riqueza coletiva das várias nações européias.

Como é então, possível que em um país tão jovem como os Estados Unidos, nascido ontem, as igrejas tenham atingido estágio através do qual podem derrubar as grandes corporações industriais, financeiras e petrolíferas em seu próprio solo e de fato com seu próprio jogo?

A resposta é dupla.

Pode-se encontrar nas características mais básicas do homem americano. a) energia, iniciativa, produtividade, audácia, tudo cimentado na mais profunda preocupação pelas riquezas materiais e a mais idealística generosidade – duas feições que parecem ter-se tornado a marca registrada do homo americanus – e b) emocionalismo atávico e religiosidade tola latente. Tudo resultou em tornar o homo americanus o mais generoso benfeitor de sua igreja e também deixou-o capaz de se identificar a si mesmo, seu sucesso pessoal e comunitário como o de sua igreja. Daí, se ele se torna rico, por que não deveria sua igreja compartilhar dessa riqueza?

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