terça-feira, 13 de abril de 2010

Os Bilhões do Vaticano - parte 35

que demonstra a situação que se espalhou através do vasto império colonial espanhol. Por causa de sua extensão, os fatores econômicos foram igualmente de imensa importância tanto aos parceiros religiosos como aos civis.

Referimo-nos aos grandes distúrbios que aconteceram na cidade do México em 1624. A fagulha que os incendiou, embora trivial em si mesma, tornou-se, contudo, significativa. Prez de la Sena, Arcebispo da cidade do México, pensando no bem estar do seu rebanho, gastou uma considerável quantidade de energia na almpliação dos seus interesses financeiros e econômicos. Dentre os negócios variados, ele desenvolvia um açougue particular dentro do próprio recinto do palácio episcopal. Seu estabelecimento era ilegal e o vice-rei pediu-lhe que o fechasse. O Arcebispo recusou afirmando que o vice rei não tinha poder algum sobre a liderança da hierarquia; após o que deslanchou um furioso ataque contra o governo colonial.

Enquanto isso acontecia, um bem conhecido oportunista no ramo alimentício, foi condenado por desenvolver um monopólio na produção de grãos. Esta era uma das mais sérias ofensas contra o Estado, pois tendo armazenado grandes estoques de milho ele havia feito os preços subirem a tal ponto que as classes mais pobres da população passavam fome e quase inanição.

O comerciante foi multado duramente e a polícia foi enviada para prendê-lo. Contudo, sucedeu que o acusado era amigo íntimo do arcebispo e este o encorajou a resistir. O comerciante atacou a polícia, fugiu para um mosteiro dominicano e pediu asilo.

O vice-rei não se atreveu a invadir o mosteiro; mas embora tendo o cuidado de não infringir os privilégios religiosos da Igreja Católica Romana, ele estava determinado a punir o culpado e colocou uma guarda armada ao redor dos jardins. O arcebispo, além de zombar das ordens do vice-rei e minar sua autoridade, ia ostensivamente todo dia ao mosteiro, para visitar o amigo e o aconselhava a continuar resistindo, chegando ao ponto até de planejar a fuga do mesmo. Contudo, o vice-rei continuou impassível e manteve o mosteiro sob contínua vigilância.

Verificando que não podia dobrar a vontade do vice-rei, o arcebispo transformou a questão em assunto de autoridade religiosa versus autoridade temporal. O vice-rei, ele afirmava, ao colocar um cordão de guardas ao redor do mosteiro, estava violando os direitos do santuário e, desse modo, também os direitos da Igreja Católica Romana e a sua ação era uma direta ameaça a sua autoridade autoridade religiosa de arcebispo. O governo prosseguiu negando-se a libertar o acusado. De fato, até prendeu um dos advogados do arcebispo por incitação à violência. Em represália, o arcebispo excomungou o vice-rei, os juizes, os soldados, os guardas e todo o governo.

Diante de tal fulminação religiosa, as autoridades ficaram sem apoio. O assunto não era judicial, mas havia se tornado um caso da Igreja contra o Estado. O vice-rei, no sentido de evitar que a situação piorasse, apelou ao juiz apostólico, o qual ordenou ao arcebispo que retirasse as excomunhões. O arcebispo, porém, não atendeu e ainda mandou lacrar todas as igrejas na capital, colocando-as sob interdito. Todos os sacramentos e serviços religiosos foram suspensos. O clero despachava anátemas, e os sinos de todas as igrejas, mosteiros e conventos tocavam incessantemente dia e noite, como anunciando um desastre mais pavoroso. Diante de tal ressoar interminável, o povo começou a se apinhar nas ruas, em estado de quase terror, indagando a causa de tanto alarme. A resposta foi dada através de longas procissões de sacerdotes portando velas, cantando hinos, encabeçadas por imensa cruz coberta de preto parando na casa de cada pessoa excomungada para ali afixar na porta a excomunhão do arcebispo colocando-a para fora da igreja. Ninguém poderia falar ou ajudar qualquer dos excomungados pelo arcebispo.

Desse ponto de vista, a população ignorante ficou mais alarmada e esse alarme cresceu quando os sacerdotes lhes contaram que eles todos poderiam, também, ser eventualmente condenados ao fogo eterno. Enquanto isso, o repicar lento e contínuo dos sinos prosseguia dia e noite.

Quando finalmente o populacho aterrorizado não mais pôde suportar isso, o arcebispo, tendo-se assegurado de que todos já estavam prontos para segui-lo e fazer tudo que ele ordenasse, no sentido de evitar excomunhão, disse-lhes que se preparassem para marchar ao lado dele contra aqueles que haviam obrigado a Igreja Católica a usar seus anátemas contra a cidade. Então ele realmente marchou até à Corte Suprema com o populacho seguindo-o, tentando intimidar as autoridades civis. A Corte, em vez de ficar intimidada, ordenou-lhe que assinasse um acordo jurídico. O arcebispo, em vez de concordar, rebentou em insultos, incitando o populacho à violência. Então a Corte o prendeu, multando-o pesadamente e banindo-o oficialmente da cidade do México. Contudo, uma vez no subúrbio, o arcebispo novamente excomungou todo o governo, colocando a cidade sob novo interdito. Isso foi o início de uma rebelião aberta. O populacho, temendo também ser lançado fora da proteção da Igreja, por não ajudar o arcebispo, decidiu defender a religião contra o rei. O edifício vice-real foi cercado e logo tijolos de construção foram lançados contra o palácio. Quando estes acabaram, o povo começou a arrancar os paralelepípedos da rua. Enquanto isso, eram liderados por um sacerdote a cavalo e gritando “Viva Cristo” e “Morte ao herege”, eles seguiram para assaltar o quartel general do governo, enquanto outro sacerdote, sentado numa cadeira colocada sobre uma mesa e segurando na mão os evangelhos,

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