quarta-feira, 7 de abril de 2010

Os Bilhões do Vaticano - parte 30

Esta última frase “com o intento de levar os habitantes... a professar a fé católica” lança a mais clara luz sobre a motivação básica de todo o empreendimento. Todos os demais fatores, sem levar em conta sua importância, eram subsidiários deste.

A afirmação do papa, que ele tem por concedida e que ele observou como a principal força motriz para a audaciosa viagem marítima, não deve ser observada como fraude própria do papa, ou um pensamento ambicioso ou uma mera fórmula retórica auxiliar. Deve ser tomada em seu sentido literal, visto como é precisamente o que a verdadeira inspiradora e deslanchadora da aventura de Colombo, a rainha, via isto.

Deve-se lembrar que a rainha não era apenas uma pessoa muito devota; ela era o que pelos moldes modernos, seria chamado de fanática. Ela cria implícita e absolutamente nos dogmas e na missão da Igreja Católica Romana. Ela era manipulada pelo seu confessor, homem responsável sem dúvida, por muitas de suas decisões, como a que ignorou a primeira petição de Colombo, ou a que deslanchou a tenebrosa caçada aos hereges, com a conseqüente queima e tortura pela Santa Inquisição.

Dizer que o seu patrocínio a Colombo foi motivado apenas pelo seu zelo religioso de servir à Igreja Romana, não seria exato. A perspectiva de encontrar novos territórios, ouro e riquezas para reabastecer seus cofres vazios não era menos importante. Contudo, foi provavelmente a sua motivação religiosa que a fez decidir-se pelo financiamento da expedição de Colombo. Aqui, portanto, novamente esse “intangível” fator religioso ao qual já nos referimos, desempenhou papel importante, mesmo sendo um imponderável desempenho nos esforços preliminares, que levaram à descoberta da América.

De qualquer modo, suposição ou fato, a realidade do assunto é que isto foi concedido pelo próprio papa, que falou e agiu conforme aquela exigência indevida. Seguindo sua introdução preliminar, Alexandre assim prosseguiu:

Vós tendes, não sem grande trabalho, perigos e desafios, nomeado o nosso bem amado filho Cristóvão Colombo (um homem certamente bem recomendado como o mais digno e apto para tão grande empreitada) bem munido de homens e navios e outras coisas necessárias para procurar (por mares nunca dantes navegados) essas ilhas firmes tão remotas e também desconhecidas, o qual (com o auxílio de Deus) fazendo diligente busca do Oceano, encontrou certas ilhas remotas e terras firmes, que nenhum outro havia ainda encontrado nas quais (dizem) muitas nações habitam, vivendo pacificamente, e se mantendo nus, não acostumados a comer carne...

Fomos também avisados de que o acima mencionado Cristóvão já ergueu e construiu uma Fortaleza, com boa munição numa das ilhas já mencionadas....

Após o que o papa chegou a conclusão, falando como mestre, senhor e proprietário do que os exploradores já haviam explorado, e explorariam no futuro. Aqui estão suas memoráveis palavras:

Nós grandemente elogiamos este vosso piedoso e louvável propósito... de nossa própria determinação e não de nenhuma exigência vossa ou pronta petição de qualquer pessoa, mas em razão de nossa liberalidade e certa coerência, e pela totalidade do poder apostólico, damo-vos concessão e direito, a vossos herdeiros e sucessores, sobre todas as terras firmes e ilhas encontradas ou a serem encontradas, descobertas ou a serem descobertas, em direção a Oeste e Sul, traçando uma linha do Polo Ártico até o Antártico (isto é) de Norte a Sul. Contendo nesta doação toda e qualquer terra firme ou ilha que for encontrada, na direção da Índia, ou de qualquer parte, sendo distante ou não da mencionada linha, traçada a 100 léguas em direção ao Ocidente, e Sul, de qualquer das ilhas comumente chamadas de AÇORES E CABO VERDE. Portanto, todas as ilhas e terras firmes encontradas ou a serem encontradas, descobertas ou a serem descobertas, a partir da dita Linha em direção ao Ocidente e Sul, tais como as que não tenham sido realmente possuídas por qualquer outro rei ou príncipe cristão, até o dia da natividade de nosso Senhor Jesus Cristo no passado, a partir do qual começa este ano, como sendo o ano de mil quatrocentos e noventa e três, ou quando isto for encontrado pelos vossos mensageiros e capitães...

Com isto, Sua Santidade uma vez mais reassegurou a sua autoridade, indicando a fonte dessa autoridade, a fim de justificar a concessão que estava fazendo ao Rei da Espanha em virtude de e devido à mesma.

Nós, (continuou o papa), pela autoridade de Deus Todo Poderoso, a nós concedida através de São Pedro, e pelo vicariato de Jesus Cristo, a qual sustentamos na terra, para sempre, pelo teor destes presentes, damos, concedemos e consignamos a vós, a vossos herdeiros e sucessores (Reis de Castela e Legião) todas as terras e ilhas, com os seus domínios, territórios, cidades, castelos, torres, lugares e vilas, com Direitos e Jurisdição a isso pertinentes constituindo, consignando e vos delegando, a vossos herdeiros e sucessores como senhores disso com poder total e livre, autoridade e jurisdição; decretando contudo por esta nossa Doação, Concessão e Consignação e a nenhum Príncipe Cristão, o qual realmente possuía essas ilhas e terras firmes, até o dia da Natividade do Senhor antes mencionado, seu direito obtido, a ser entendido através desta, que será levada ou deverá ser levada....

Tendo devidamente decretado, doado, concedido e consignado tudo acima, o Papa Alexandre despachou uma excomunhão em potencial contra qualquer um que se atrevesse a desrespeitar a sua decisão:

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