Ainda pior, a manipulação de sua própria riqueza havia se tornado tão grande em detrimento contra os já pobres camponeses mexicanos, ao ponto dela agir contra qualquer iniciativa coletiva ou privada por parte do povo mexicano. Com a ajuda dos seus sócios leigos, os grandes senhores de terra, ela havia, de fato, se tornado a grande responsável pela paralisação das energias agrícolas e comerciais da nação mexicana.
A Igreja reagiu contra a desapropriação de sua riqueza com algo mais que lamentações. Ela programou uma destrutiva guerra que esfrangalhou o México durante vários anos, marcando toda uma década (1920-1930) com motins, assassinatos e massacres. Os bispos, padres e monges católicos – e até mesmo freiras desempenharam parte ativa – como se vê pelo assassinato do Presidente Álvaro Obregon (17/07/28) executado por um católico a mando da madre superiora do convento mexicano.
Ela foi até mais longe, ao ponto de tentar que os Protestantes e Católicos dos Estados Unidos se mobilizassem e quase conseguiu isso. Certas criaturas da Igreja Católica exigiam uma guerra preventiva contra o México. A convocação não era como agressivamente propalada. Ela possuía uma significação mais sinistra, pois atrás dela havia um segundo poder, que o governo mexicano dificilmente tenha atingido – certas corporações gigantes dos Estados Unidos haviam penetrado recentemente com profundidade na vida econômica da nação dos quais muitos setores foram influenciados pela Igreja e por ela controlados à vontade.
Quando, portanto, o México, depois de atingir a riqueza da Igreja, deu o próximo passo reforçando a Constituição de 1927, declarando que toda a riqueza natural do subsolo era riqueza nacional, os interesses americanos em petróleo, cobre, prata logo protestaram atingindo o céu e a Wall Street com ecos simultâneos. As grandes corporações que, se estavam explorando o México, pelo menos lhe devolviam parte das riquezas, em royalties e lucros, tornaram-se aliadas naturais do Vaticano e agora os dois – tácitos sócios até então – se expunham abertamente, de modo que foi visto o curioso espetáculo da “Santa Madre” lutando em prol dos interesses das corporações dos Estados Unidos, enquanto as últimas, cujo único Deus era o dólar somente, sólido e prateado dólar, começou a lutar “pelos valores espirituais da verdadeira religião”, isto é, a Igreja Católica.
Esta aliança profana quase levou os Estados Unidos a uma intervenção. As grandes corporações planejavam envolver os Estados Unidos numa guerra de intervenção para defender suas próprias fontes de riqueza presentes e futuras, exatamente como a Igreja Católica desejava defender, não apenas as riquezas espirituais de seus filhos, mas também sua sólida, concreta e proveitosa riqueza terrena.
Os dois sócios não deixaram pedra sobre pedra em seus esforços de fazer ali uma guerra “preventiva”. Assim enquanto a Igreja Católica usava o zelo religioso de um católico para assassinar o presidente do México, como já mencionamos, as grandes corporações americanas usavam as intrigas políticas e a corrupção financeira na escala mais espetacular jamais imaginada. Uma das “criaturas”, principal porta voz em favor da guerra “preventiva” contra o México, foi o Senador A.B. Fall, cujos esforços foram investigados pelo governo americano, com o resultado de que esse senador “superpatriota” fora oficialmente aliciado ao aceitar cem mil dólares das companhias americanas de petróleo. Ele foi despachado para uma penitenciária.
Sem levar em conta a dupla pressão do Vaticano e da hierarquia católica e das corporações interessadas que haviam se esforçado para levar a opinião pública quase ao ponto de ebulição, os Estados Unidos tiveram o bom senso de não intervir, mas quão perto a Hierarquia Católica e as corporações petrolíferas estiveram de conseguir o seu objetivo máximo que era envolver as nações num conflito armado, pode ser avaliado quando se sabe que passos militares definitivos foram dados pelo exército dos Estados Unidos. Alguns contingentes foram postos em alerta e comandados a estarem prontos para cruzar a fronteira do México, sob o pretexto de realizarem manobras militares anuais na fronteira mexicana. A possibilidade de intervenção militar tinha se tornado tão real, que os correspondentes de guerra tinham sido comandados a ficarem de prontidão.
Sua campanha conjunta para a intervenção armada no intuito de salvar seus interesses prosseguiu imbatível até o primeiro termo do Presidente Roosevelt. Este colocando em primeiro lugar os interesses dos Estados Unidos e, em verdade, de todo o hemisfério ocidental, foi não apenas repelido pela colossal motivação própria dos dois sócios, mas mais importante ainda, ele estava convencido de que os Estados Unidos não podiam interferir nos assuntos internos do México sem alarmar os já desconfiados países da América Latina. E pior ainda, sem colocar em perigo sua “política da boa vizinhança”. Essa política pretendia diminuir as suspeitas dos Estados Unidos, e também ajudar na criação de uma parceria política e econômica entre nações da América do Norte, Central e do Sul. A intriga astuciosa da Igreja Católica no intuito de levar os dois países americanos a uma guerra selvagem, com o objetivo de reaver sua riqueza no México, acabou desse modo, em fracasso. Contudo, desse fracasso foi iniciada ou talvez tenha brotado uma aliança ainda maior entre os dois aparentemente inimigos ou pelo menos forças neutras – a Igreja Católica e empresariais e vigorosas corporações americanas.
Na década seguinte tal parceria tornou-se tão maciçamente integrada ao ponto de influenciar o curso do caráter político, econômico e ideológico, não apenas dos Estados Unidos e do Hemisfério Ocidental, mas também da Europa – de fato do mundo ocidental.
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