sexta-feira, 16 de abril de 2010

Os Bilhões do Vaticano - parte 38

lucros perdidos com as desapropriações da maior parte de seus imóveis durante a Revolução Francesa, foram reavidos em longa correria, com cem por cento de lucro através da coleção de milhões de Francos com as peregrinações aos santuários franceses deixados atrás como concretas lembranças de seus visitantes.

A política de promover milagres e deles tirar proveitos, com uma considerável coleta de francos, dólares, libras esterlinas e outras moedas valiosas, uma política que havia caído em desuso durante alguns séculos, era agora reavivada. Alguns esforços neste sentido se tornaram patéticos fracassos e quase nada conseguiram. Outros, contudo, obtiveram altos resultados religiosos e financeiros. Um destes é digno de nota, visto ter sido o esquema piloto de outros que viriam. Foi organizado apenas algumas décadas depois que a Igreja havia perdido a maior parte de seus lucros com a desapropriação de terras e imóveis da França. Uma freira chamada Catarina Labouré, num claro dia de junho de 1830, viu a Virgem Maria “dentro de uma moldura oval” e, logo em seguida no outro lado da mesma apareciam os corações de Jesus e Maria. Em seguida a Virgem pedia a astuta Catarina que fossem cunhadas medalhas com estes corações estampados. O incentivo? Todos que as usassem seriam totalmente protegidos por ela. Quem seria tão pobre ao ponto de não gastar alguns centavos ou alguns francos para garantir tão maravilhosa proteção?

E aconteceu que, em junho de 1832, mil e quinhentas medalhas desse tipo já haviam sido cunhadas. Uma ou duas ordens religiosas, tendo percebido os grandes lucros que daí proviriam, tornaram-se patrocinadoras dessa “medalhas milagrosas”. As “Filhas da Misericórdia” e os Padres Lazaristas fizeram tudo para promover o culto dessa medalha.

O resultado? Dentro dos primeiros quatro anos 2,5 milhões de medalhas tinham sido vendidas somente em Paris e mais de 11 milhões na França. Em 1836 o fabricante já estava cunhando 3000 medalhas diariamente e deve-se lembrar que somente na Europa daquela época, de pouca população, comparada à imensa população de hoje. O negócio (e não temos palavra mais adequada) da Medalha Milagrosa, como é chamado continua ainda hoje, não apenas na França, mas onde quer que haja católicos romanos. Se olharmos no pescoço dos cidadãos americanos, poderemos ver esta medalha, além do escapulário e outros adornos católicos.

A Medalha Milagrosa, contudo, foi apenas uma das encenações entre as muitas organizadas algumas décadas mais tarde.

Num dia nebuloso, duas ou três crianças enfermiças e descalças afirmaram ter falado, ouvido, visto e conversado com a Virgem. Seguindo os acontecimentos normais; com as inevitáveis dúvidas, humilhação, incredulidade e finalmente aceitação, a aparição e a presença real e milagrosa da Virgem foram oficialmente reconhecidas. Multidões foram organizadas e o seu fervor religioso friamente observado e pesado. O papado decidiu que esta poderia ser uma coleta verdadeiramente espantosa de lucro. Comparada à mesma a Medalha Milagrosa era uma pecinha infantil (nota da tradutora: o autor se refere à aparição de Fátima, a qual tem rendido financeira e politicamente, lucros astronômicos à Igreja Católica).

O culto à virgem foi promovido primeiro em escala local, depois nacional. O último teria levado tempo, caso a Providência não tivesse se adiantado disfarçada numa jovem inexperiente que o encenou. Esta moça logo convencida e dirigida pelo seu confessor e várias pessoas de suas relações, certo dia expressou o estranho desejo de possuir uma garrafa d’água de uma fonte da qual as autoridades da Igreja asseguravam aos crentes havia jorrado rapidamente do solo duro e seco de uma caverna onde a Virgem havia aparecido e falado com a menina que havia iniciado a história. Parece que alguém já possuía uma para ser pedida. A Virgem então deixou claro que ela estava recebendo poderoso conforto espiritual e físico da água milagrosa dessa garrafa. Seus amigos resolveram imitar o exemplo. A água sagrada da fonte logo entrou na maior demanda. Entrou na moda, de forma que, em vez de perfume novo, as parisienses agora pediam essa água sagrada tirada da fonte ao sopé dos Pirineus.

Claro que a água não chegava de graça a Paris. Mas quando as pequenas somas se multiplicaram aos milhares, tornaram-se uma soma considerável. A partir daí, a água, a fonte, a caverna, a Virgem e o local onde ela apareceu foram colocados no mapa. Pois a jovem não era outra senão a Imperatriz Eugênia esposa de Napoleão III, e o lugar milagroso, Lourdes.

Não muito tempo depois, Napoleão perdeu o trono. A Igreja sofreu um tremendo baque na França, uma vez que o Império de Napoleão foi sucedido pela agnóstica e ateísta República Francesa, inimiga da Igreja. Mas quem se importava? Lourdes, a oeradora de milagres, e daí a jogada de milhões de dólares havia sido deslanchada. E continua até hoje.

Lourdes tornou-se desse modo, uma fonte sempre crescente de lucro para a Igreja. Milhões de dólares foram investidos e continuaram sendo investidos em sua promoção pela Igreja, o Estado e empresas de turismo. Ninguém jamais pode saber quanta riqueza o Vaticano tem acumulado através do culto de Lourdes, especialmente desde que foi promovido em escala mundial, transformando-se numa máquina global de fabricar dinheiro.

Enquanto o culto de Lourdes era promovido em escala financeira, um evento de maiores conseqüências aconteceu na Itália. As províncias territoriais, isto é, os Estados Papais – que o papa havia

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