sábado, 17 de abril de 2010

Os Bilhões do Vaticano - parte 39

recebido de Pepino e seus sucessores, lá pelos séculos 8 e 9, através dos falsos documentos de doação, deixaram de existir. Foram incorporados à Nova Itália Unida. Várias tentativas durante as preciosas décadas foram feitas para salvar a inevitável incorporação, redundaram todas em fracasso. Tanto é que no ano de 1848, quando o povo romano desapossou o papa de ser o rei e proclamou a República, o papa em resposta apelou para as nações católicas “por uma intervenção armada para libertar os estados da Igreja da facção de desordeiros”.

Em 1870, contudo, Napoleão III tendo ido à guerra com a Prússia, foi fragorosamente derrotado. Os papas tendo perdido o seu principal protetor, nada puderam fazer, exceto se confinar dentro dos muros do Vaticano, onde permaneceram, sem jamais daí saírem até depois da II Guerra Mundial(1939-1945). Os Estados Papais foram então apagados do mapa da Europa e da história para sempre. A Igreja Romana finalmente com exceção da pequena cidade do Vaticano, com apenas 109 acres, a qual eventualmente passou a existir em 1929, não teve mais domínio mundial de governo.

Contudo, no mesmo ano, enquanto o papado era reduzido a quase nada em termos de status temporal, de prestígio e território, o pontífice desapossado convocou o Concílio Vaticano I, usou sua pujança espiritual para elevar-se a si mesmo acima de todos os homens. De fato, acima da própria razão humana, com um simples golpe. Ele o fez declarando-se infalível – algo que jamais homem algum se atrevera a fazer.


Capítulo 15

A Igreja Católica é mais uma vez despojada

de sua riqueza na Europa e nas Américas

O Dogma da Infalibilidade Papal, elevando o papa acima das condições humanas, possibilitou o papado, através de oportuno trunfo, a estabelecer o fundamento de uma novel estrutura dirigida a acumular as riquezas do mundo com mais eficiência do que antes. Pois se é verdade que a perda dos territórios dos Estados Papais havia aparentemente deixado a Igreja quase em mendiga, também é igualmente verdade que numa sociedade em rápida transformação as perdas territoriais significavam muito menos do que nos séculos anteriores, uma vez que o mundo ocidental palmilhava agora uma estrada onde a riqueza já não era confinada a propriedade de terras. A revolução Industrial estava transformando o Ocidente e a América numa lâmpada de Aladin. Seus tesouros agora eram as multiplicadas fábricas, a abertura de mercados industriais, o aparecimento de impérios embriônicos baseados em mercadorias produzidas pelas indústrias, pela ciência e organizações do trabalho. Estas três novas divindades emergiram com a abertura de novos países, com a explosão de novos materiais e com o direcionamento das massas trabalhadoras todas podendo ser entusiasticamente impiedosa e proveitosamente exploradas.

Vista sob este prisma, a perda dos Estados Papais e dos imensos territórios que a Igreja Católica havia possuído no passado, foi quase providencial, pois ele forçou o papado a tomar consciência deste tremendo mover na evolução, produzindo e acumulando em novo tipo de riqueza.

O processo que a havia destituído da riqueza material não havia terminado em 1870; longe disso. O advento das “teorias pestilentas”, tais como o liberalismo, democracia e a pior de todas o socialismo, haviam criado um anticlericalismo universal. Muitas nações no Ocidente estabeleceram governos sendo que um dos objetivos principais era continuar o processo do empobrecimento da Igreja. As admnistrações liberais, democratas e agnósticos, eram-lhe abertamente hostis, através de toda a Europa. Na Alemanha, Bismark e a Kultur Kampf paralisaram a Igreja enquanto na França os regimes semi ateístas não hesitaram em efetuar mais espoliação. Tudo isso contribuiu para a debilidade financeira que esmagou o Vaticano e a quase total exclusão de sua influência sobre o estado, as escolas e o exército. Na nova Itália unida governantes inimigos humilharam a Igreja em todos os campos restringindo suas atividades exatamente nas regiões onde ela havia antes governado, endefiavelmente como um poder espiritual e temporal.

O anti-clericalismo europeu irrompeu rapidamente no hemisfério ocidental. Embora enquanto no norte ele tenha sido dificilmente notado, graças não apenas a fluidez da sociedade norte americana, ao Protestantismo. Acima de tudo, isso foi devido ao esforço efetivo do detestado princípio da separação entre a Igreja e o Estado. Contudo, nas Américas Central e do Sul ele causou a mesma devastação de um cataclisma, uma vez que o anti-clericalismo aí era como uma bomba relógio pronta a explodir diante do menor impacto. Foi um inimigo natural do clericalismo que o havia trazido à existência talvez mais violentamente do que na Europa. Pois enquanto na Europa aqueles modelos de liberdade civis e religiosas que principalmente evitaram os excessos, eram protegidos pelo Estado e pela sociedade em geral. Na América do Sul tais limitações eram praticamente inexistentes.

A Igreja, sem levar em conta as perdas sofridas durante a guerra Latino Americana da Independência no final do século 18 e início do século19, já havia se refeito, e isso a tal extensão que o seu poder, tanto religioso como temporal tinha se tornado novamente quase sem paralelo. Com este viera o seu estrangulamento sobre as riquezas destas nações. Suas propriedades representadas pela possessão de terra, imóveis, estabelecimentos agrícolas e comerciais, para não mencionar suas garras sobre o sistema bancário e sobre os próprios governos, haviam feito dela o verdadeiro governante da sociedade sul americana direta e indiretamente. Ela havia se tornado de facto um governo agindo por trás das várias oligarquias das diversas Repúblicas das Américas Central e do Sul.

As explosões eventualmente apareceram – não tão potentes como aquela ocorrida no México, durante a primeira década do século 20. Muitas administrações anti-clericais da América do Sul subiram, ao poder como resultado da reação popular contra o estrangulamento da Igreja, sobre a vida e riqueza da nação. A Igreja foi completamente desestabilizada. Seu monopólio sufocante na educação e na política foi quebrado. Acima de tudo, sua imensa riqueza foi confiscada e redistribuída entre os camponeses famintos.

A Igreja clamou ao céu e acusou as forças revolucionárias de perseguirem a religião. Essa religião, nesse caso consistia, como sempre no passado, de dar sólida, concreta e proveitosa apropriação de mais de 1/3 de toda a riqueza do México. Pois a Igreja convenientemente desviou o fato de que, até então, ela controlava mais riqueza do que os mexicanos mais ricos colocados juntos, e não apenas isso, mas direta ou indiretamente, ela controlava mais imóveis e dinheiro do que o próprio governo mexicano.

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