sábado, 24 de abril de 2010

Os Bilhões do Vaticano - parte 46

A Frente Popular, com o seu programa semi-bolchevista parecia ser a força de uma França comunista. Uma França Comunista teria se comportado – até o ponto em que os interesses do Vaticano estavam em jogo – pior do que a Revolução Francesa e a República Francesa ateísta do início do século 20.

O Vaticano, portanto, se colocou fortemente contra o governo da Frente Popular. As organizações católica de direita, organizada nos moldes do Fascismo, tomou a dianteira – isto é – a cruz de fogo (Le Croix de Feuz). Surgiram rumores de uma guerra civil pendente e isso não apenas ameaça. A guerra civil já havia estado por trás dos Pirineus, vizinhos da Espanha, onde um governo semelhante havia falhado profundamente. Crises econômicas, políticas, caos e assassinatos tinham se tornado a ordem do dia. O comunismo e a anarquia ameaçavam de modo real e iminente. Aos olhos do Vaticano a continuação de tal instabilidade ameaçava não apenas os interesses espirituais da Igreja, mas também suas riquezas terrenas. Uma grande porção destas já havia escapado, pois em 1931 a República Espanhola fizera exatamente o que os franceses e os russos já haviam feito durante suas revoluções – desapossado a Igreja de suas propriedades. Uma das primeiras ações da república, de fato, fora despojar os jesuítas de tudo que possuíam.

Suas possessões não tinham se limitado a pequenas parcelas que possibilitassem os pobres de Cristo a plantar soja, nem eram somente para ajudar as viúvas e os órfãos carentes. A Igreja era a maior, a mais rica dona de terras em toda a Espanha – até mesmo bem maior do que a da decadente aristocracia com a qual ela se aliara intimamente, de modo que em geral era bem difícil distinguir uma da outra. A República imparcialmente despojada, tanto de seus bens com o resultado de que se achou com não menos de treze milhões de acres de terra, que foram divididos em pequenos lotes para um milhão de camponeses.

A propriedade da Igreja Católica na Espanha nesse período (cerca de 1933) era, conforme John Guinther avaliada em não menos de quinhentos milhões de dólares, sendo a maior parte desta controlada pelos jesuítas. Quando a República Espanhola confiscou ali suas vastas possessões, foi oficialmente confirmado que estavam avaliadas em seis milhões de pesetas e antes da inflação, que veio logo depois, isto significa um valor de mais de um bilhão de dólares. Esta soma colossal, deve-se lembrar, foi o que restou depois que a propriedade da Igreja já havia sido substancialmente reduzida por maus legisladores durante o século anterior, quando a Espanha estivera em um ou dois períodos de anti-clericalismo. Nos dias antigos havia sido estimado que a Igreja possuía entre 80 e 90% de toda a fortuna da Península Ibérica (1). No início da I Guerra Mundial esta fora reduzida a 60%.

Não é de admirar, portanto, que em 1936, quando Mussolini foi para a guerra na África e a frente Popular na França ameaçava a religião e a propriedade da Igreja, que o Vaticano se aliasse a um quase desconhecido general, que naquele mesmo ano se revoltou contra o governo espanhol em Madri. Seu nome era General Franco. A guerra civil espanhola havia começado. Quer a República Espanhola merecesse morrer, quer fosse ela a precursora do anarquismo e eventualmente do Bolchevismo, quer Franco estivesse certo ou errado ao rebelar-se contra a fraqueza, inércia e demagogia dos republicanos, cabe à história julgar. Um fato indiscutívrl, contudo, está bem claro – a Igreja Católica bancou a rebelião até o fim – em verdade ela patrocinou. Em verdade, ela foi uma das agências mais importantes em alimentá-la e promovê-la.

O motivo que a levou a fazer isso não foi apenas o de salvaguardar o seu monopólio religioso, mas antes e sobretudo sua imensa riqueza temporal – um verdadeiro estrangulamento na vida econômica e financeira da nação. “Seu pecado capital é que ela é rica numa terra de pobreza”, comentou um jornal católico, referindo-se à Igreja Católica na Espanha durante a Guerra Civil Espanhola.

Após quase quatro anos de sangrentos assassinatos de civis (1936/1939) e o holocausto de quase um milhão de mortos, finalmente as forças nacionalistas venceram. A Igreja Católica cantou o Te Deum em toda a Península Ibérica. A sua propriedade de um bilhão de dólares já não estava mais ameaçada. Pertencia-lhe novamente. Deus seja louvado!

Capítulo 18

A riqueza total da Igreja Católica,

antes e durante a Segunda Guerra Mundial

A Guerra Civil Espanhola nem bem tinha terminado, quando a II Guerra Mundial explodiu (setembro 1939). A primeira, embora feroz e ameaçada de perigosa intervenção internacional pelos comunistas russos, fascistas italianos, nazistas alemães, Brigada Internacional, Frente Popular e outros, havia pelo menos sido realizada e ganha dentro da fronteira espanhola. A Igreja Católica havia colocado a salvo ali sua imensa fortuna. Onde ela iria se estabelecer agora, com relação à sua força política e econômica fora da península ibérica?

O papado, embora apreensivo, parecia não temer coisa alguma. Hitler, sem levar em conta pequenas disputas periódicas com a hierarquia católica germânica, jamais havia ameaçado tomar a riqueza da Igreja. Pelo contrário, ele havia assegurado as propriedades e a estabilidade católica dentro do Reich Nazista através de um solene tratado – a Concordata - assinada entre Hitler e o Papa Pio XI, em junho de 1933, apenas alguns meses após Hitler ter-se tornado o Chanceler da Alemanha, em janeiro. Este feliz estado de negociações foi devido ao fato principal de que a Igreja Católica e o Nazismo haviam concordado em se apoiar mutuamente. Ao mesmo tempo em que Hitler garantia ao Vaticano suas propriedades e vários privilégios especiais, o Catolicismo ordenava ao seu clero não fazer pacto algum de ataque ao Nazismo. Orações eram rezadas publicamente em favor da Alemanha Nazista. Os bispos obrigavam todos os padres católicos a jurar que eles jamais se oporiam ou prejudicariam a ditadura nazista. Era o mesmo tipo de casamento formal daquele contraído com a Itália fascista, apenas quatro anos antes.

Considerado sob o enfoque acima, portanto, o assunto de como Hitler seria mau, não interessava ao papado, pois basicamente ele seria útil – até o ponto em que se posicionasse contra Stalin. Este era a personificação do Bolchevismo, que procurava aniquilar a Igreja e se apossar de suas propriedades. Hitler dispôs-se a destruir não apenas Stalin, mas também o Bolchevismo russo e europeu. Daí, com guerra ou sem guerra, ele se tornaria o mais efetivo defensor da Igreja e, portanto, de todos os bilhões desta.

Tal argumento, visto do interesse próprio do Vaticano, parecia bom e esta é a razão por que o seu principal promotor, o Cardeal Pacelli, mais tarde Papa Pio XII, seguiu, desde o princípio, uma política de apoio direto aos dois mais vigorosos movimentos de extrema direita anti-comunistas do período, o Fascismo italiano e o Nazismo germânico. O Vaticano foi ao ponto de pavimentar o caminho para Hitler, e em verdade forçar os católicos alemães dissidentes a apoiarem a linha Vaticano- Hitlerista. Os quatro objetivos dessa política foram estabelecidos: 1) Quando o líder do Partido Católico Alemão, Franz Von Papen, foi nomeado Vice-Chanceler da Alemanha Nazista, secundado apenas por Hitler, em janeiro de 1933; 2) Quando os deputados do Partido Católico no Parlamento votaram pela concessão de poder absoluto para Hitler (23/03/1933); 3) Quando o Vaticano deu ordens ao líder do Partido de Centro Alemão (Partido Católico) para se dissolver, de modo a encerrar qualquer oposição contra Hitler – o que foi feito imediatamente, em 05/07/1933, e 4) Quando o Vaticano e Hitler assinaram a Concordata, no verão de 1933. Conforme o Artigo 20 desta concordata “...Aos domingos orações especiais... serão oferecidas... para o bem estar do Reich (Alemanha Nazista)”. Bem mais sério era o Artigo 16: “Antes dos Bispos tomarem posse em suas dioceses, devem fazer um pacto de lealdade ao Representante do Reich...” Todos os detalhes desta política já foram tornados públicos por este autor em seu livro “The Vatican in World Politics”.

Olhando-se retrospectivamente, a colaboração Hitler-Vaticano parece um colossal julgamento errado da parte do papado. Contudo, nesse período, a ameaça do Comunismo nos campos doméstico e internacional era real, pressionadora e iminente. O Comunismo estava pondo em risco não apenas a religião, mas também a riqueza da religião estabelecida, inclusive toda a riqueza da Igreja Católica Romana.

Ao explodir a II Guerra Mundial, portanto, a Igreja não hesitou sobre de que lado ficaria. Sem dúvida, como a fé possuía adeptos de ambos os lados, a Igreja Católica tinha de desempenhar o papel oficial de neutralidade. Ela não podia antagonizar milhões de Católicos na França, Bélgica, Holanda, Polônia, Inglaterra e, acima de tudo, nos Estados Unidos. Mas enquanto desempenhava o papel de “pai universal”, Pio XII, estava apoiando a cruzada hitlerista, até o ápice, como o fizeram alguns países católicos fora do campo dos Aliados.

A guerra de Hitler, vista a partir de Roma, era uma cruzada essencialmente anti-bolchevista. Quando, portanto, em junho de 1941, Hitler cruzou as fronteiras da Rússia, houve manifesta alegria no Vaticano. Orações, novenas e o culto a Fátima, baseado nas promessas da Virgem de que “o Santo Padre me consagrará a Rússia” foram todas revividas e magnificadas.

Para ajudar a promessa da Virgem a se tornar realidade, e também tornar possível a Pio XII consagrar-lhe a Rússia, ospaíses católicos enviaram contingentes ao front russo. Os católicos da Espanha enviaram a Divisão Azul junto com os exércitos nazistas, e voluntários deram dízimos em praticamente todos os países católicos. Enquanto tal acontecia, Franco determinou-se a reconstruir sua terra meio destruída. Isso ele fez, restaurando as fortunas do Vaticano na Espanha varrida pela guerra. Desse modo em 27/01/1940, ele assinou um decreto devovendo formamelmente “as vastas propriedades pertencentes à Sociedade de Jesus, que haviam sido confiscadas pela República, em 1932”. Ao mesmo tempo ele também restaurou todas as terras que a República ou os legalistas haviam tomado da Igreja Católica, em 1931.

Para o Vaticano esta era uma grande vitória. Seus bilhões haviam retornado aos seus cofres. O governo nacionalista iniciou a reconstrução. E assim fez a Igreja. Ela fez isso adquirindo mais propriedades, investindo em mais imóveis, blocos de apartamentos e até mesmo comprando ações em

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