quarta-feira, 21 de abril de 2010

Os Bilhões do Vaticano - parte 43

Na década seguinte tal parceria tornou-se tão maciçamente integrada ao ponto de influenciar o curso do caráter político, econômico e ideológico, não apenas dos Estados Unidos e do Hemisfério Ocidental, mas também da Europa – de fato do mundo ocidental.

Capítulo 16

A Igreja Católica dá as boas vindas

ao surgimento do Bolchevismo

A despercebida parceria da Igreja Católica com os colossos energéticos comerciais dos Estados Unidos durante a “espoliação” mexicana, um fenômeno gerado pela sua mútua determinação de defender, preservar e expandir seus interesses, não havia sido meramente uma aliança local, mas o reflexo de um fenômeno de imensas proporções, que havia já ocorrido fora do hemisfério ocidental, isto é, na Europa. Pois ali, fora da grandiosa tolice das monarquias européias, mergulhados em sonhos de anacrônica grandeza, preparados pelo bairrismo e ambição comercial, o qual havia lançado esse continente na sanguinária I Guerra Mundial (1914-1918), havia emergido a mais infernal aberração vista em milênios: o Bolchevismo.

Este monstro, que durante a maioria dos séculos anteriores, havia existido apenas dentro das paredes dos círculos estreitos de esquematizadores, não práticos e sonhadores boêmios, havia aparecido repentinamente na devastação da Europa como um colosso concreto, sólido e aterrorizante, aparentemente acéfalo e sem visão, determinado a esmagar tudo que pertencia à velha ordem, à velha cultura, à velha economia e à velha religião. Ele tinha a força de cíclopes primevos, mas em vez de uma cabeça proporcional ao tamanho do corpo, ela ostentava milhares de cabecinhas – não aculturadas, todas cheias de ódio e de inúmeros esquemas impossíveis para uma nova sociedade, um novo homem e um novo futuro. Seus milhares de cerebrozinhos estavam todos se movendo confusamente com a fumaça do ódio anestésico, em todas as direções.

Por causa de sua incoerente anarquia, o gigante ameaçava todos e vários com aniquilação.

Tivesse essa maldição aparecido das profundezas num país pequeno, teria sido bastante aterrorizadora, mas ela se identificou com um país imenso, a Rússia. E além de aniquilar tudo e todos dentro de suas fronteiras, espalhava-se do Japão até à Polônia, do Norte até à China, ameaçando toda a Europa com os seus pestilentos bacilos vermelhos.

Após um estupor inicial, a Europa, enquanto tentava reconstruir suas ruínas, começou a programar suas defesas contra o Bolchevismo russo e internacional. O Cristianismo organizado conduzia o assalto, pois o Bolchevismo se havia declarado ateísta. O esmagamento da religião seria um dos seus objetivos. Isso trouxe o Cristianismo estabelecido com todos os seus interesses lícitos e riqueza temporal, depressa para o lado de todos aqueles outros estabelecimentos que tinham algo a perder. Indivíduos, organizações, igrejas, partidos, governos e grupos de nações se uniram numa frente comum para dar cabo dos Vermelhos.

A democracia provara ser um completo fracasso em vários países, tanto vitoriosos como fracassados. A Igreja Católica estabeleceu partidos católicos para dominar as máquinas democráticas, mas visto como estes eram incapazes de restringir o avanço vermelho, ela finalmente os abandonou e eles se debandaram.

Entrementes um movimento violentamente energético tinha aparecido em meio à confusão geral: o Fascismo; e, bastante curioso, ele procedeu de um país católico romano, a Itália. A primeira ditadura fascista, de fato partiu de Roma, junto ao trono de Pedro. A Igreja Católica viu rapidamente suas possibilidades e logo com ela entrou num acordo. Pois o Fascismo havia sido estabelecido para enfrentar o Bolchevismo no país e no exterior. Os imitadores concordaram. Na Alemanha o Partido Nazista fez os seus primeiros movimentos na Bavaria católica. A Igreja Católica abençoou também esse. Ela abençoava e ajudava qualquer um e qualquer coisa que parasse o Bolchevismo. Todas as suas ações religiosas e diplomáticas entre a I e II Guerra foram inspiradas e promovidas por essa grande estratégia.

Seus motivos para fazer isso pareciam lógicos. O Bolchevismo pregava o ateísmo, a total aniquilação do Cristianismo organizado. A Igreja Católica tinha o direito e o dever de combatê-lo no sentido de preservar-se como religião, como Igreja e, acima de tudo, como importante entidade de interesses lícitos. Pois o Bolchevismo, além de querer destruir a religião, desejava abolir a propriedade e redistribuir as riquezas. Isso significava que a Igreja Católica bem como as demais igrejas, seriam espoliadas de suas riquezas, caso o Bolchevismo tivesse conquistado a Europa. Pois, sem levar em conta as diversas desapropriações do passado, a Igreja Católica ainda possuía uma soma colossal de propriedades através da Europa e Américas.

Sua parceria com o Fascismo, portanto, quando analisada por este prisma era tão natural quanto a aliança com as corporações de petróleo dos Estados Unidos na aventura do México. O fato de que a Igreja Católica se preocupava mais com suas possessões terrenas do que com os tesouros espirituais foi demonstrado por seu comportamento ou talvez atividades em relação ao bolchevismo. Estes pareceriam quase inacreditáveis se não fossem concretos e bem documentados uma vez que a verdade sobre o assunto é que ela secretamente deu as boas vindas à Revolução Bolchevista.

Isto parece a mais absurda contradição, em vista da imediata, inequívoca e rompante condenação e oposição da Igreja Católica à Rússia Vermelha durante quase meio século. Contudo, enquanto suas ações anti-bolchevistas eram genuínas e efetivas, suas atividades secretas em dar as boas vindas ao Bolchevismo não eram menos reais. Essas políticas duplas conduzidas ao mesmo tempo em todos os níveis durante um período de anos, eram o resultado dos dois mais básicos procedimentos que sempre tinham aviltado sua conduta através de sua longa existência – insaciável fome de engrandecimento eclesiástico e insaciável apetite por qualquer projeção de potencial riqueza terrena.

Com a queda da Rússia czarista e o advento do Bolchevismo ateísta, a Igreja Católica vislumbrou um vasto panorama dessa dupla conquista que se abria diante dos seus olhos. Os Bolchevistas, deve-se lembrar, fiéis à sua palavra, haviam aniquilado a Igreja Ortodoxa. A Igreja Ortodoxa Russa, tendo-se identificado com os czares, era secundada apenas pela coroa em prestígio, poder e possessões. Sua fortuna era colossal, o parasitismo do seu clero, inacreditável. A destruição do sistema czarista, portanto, trouxe consigo a inevitável destruição da Igreja Ortodoxa.

Para o Vaticano, que havia bancado a guerra contra a Igreja Ortodoxa, desde o século onze, a queda da sua rival milenar era boa demais para ser verdade (1). A maldade do Bolchevismo podia, então, ser aceita por ter este destruído a Igreja Ortodoxa com a condição, contudo, essa desse a Roma campo livre para terminar a tarefa de eliminar a Ortodoxia na Rússia, de uma vez por todas. O negócio foi fechado e aconteceu que, enquanto o Vaticano fulminava o Bolchevismo, no Kremlin, os diplomatas do Vaticano em Roma começavam as negociações secretas. Lenin concordava com o Papa. A maquinária foi estabelecida. As comissões papais, algumas lideradas por prelados americanos, eram despachadas para a Rússia Bolchevista, disfarçadas de missões de combate à fome e coisa semelhante.

Em Roma e em qualquer lugar aos padres católicos eram dadas instruções aceleradas sobre o ritual e a Teologia Ortodoxa Russa por todos os modos, incluindo os reclamos de suas antigas riquezas e terras; estas para serem colocadas num estágio posterior, uma vez que o Catolicismo tivesse sucesso. Grandiosos esquemas foram impressos para desapossar a Igreja Ortodoxa em todos os sentidos. Contudo, Lenin, primeiro, depois seus sucessores, começaram a se acautelar contra o jogo do Vaticano. Ele criou dificuldaees e a lua de mel secreta do Kremlin-Vaticano foi abruptamente interrompida em cerca de 1925. Havia durado quase desde o início da Revolução Bolchevista, de 1917-1918.

Em 1922, Mussolini tornou-se Primeiro Ministro da Itália. O Vaticano que ainda estava de namoro com o Bolchevismo, resolveu dar-lhe um gelo. De fato, a Igreja até lançou um partido católico para combater o Fascismo. Em 1925 contudo, após terem sido cortadas as negociações secretas com o Kremlin, o Vaticano reorientou sua política e adotou o Fascismo. Fez um acordo secreto com Mussolini. O papa iria bancar o Fascismo contanto que Mussolini bancasse o Vaticano e lutasse contra o Bolchevismo. No ano seguinte, 1926, ao líder do Partido Católico foi ordenado pelo próprio papa (Pio XI) desmanchar o partido (2) e seus membros apoiarem o Fascismo.

Em 1929 o papa assinou o Tratado Laterano e uma Concordata com Mussolini. O noivado Vaticano-Fascismo tornou-se um casamento oficial.

A união Fascista-Católica foi um evento da maior importância para a Europa e o Ocidente, pois criou dois precedentes ou, quem sabe, estabeleceu os fundamentos para as duas políticas básicas do Catolicismo. A primeira foi aquela pela qual a Igreja Católica identificou-se com os dois extremos regimes do Ocidente – os da extrema direita conservadora – o Fascismo e o Nazismo – cujo objetivo principal era destruir o Bolchevismo russo ou de qualquer parte (3), o segundo, e o que é de interesse importante ao nosso exame atual foi a assinatura do Tratado Laterano.

Esse Tratado foi o selo oficial para acabar com as pressões temporais da Igreja, às quais ela renunciava o presente que Pepino lhe havia devolvido no século 8, conhecido como Estados Papais.

Quando em 1870 os italianos se apossaram dos Estados Papais, estes se fecharam dentro das paredes do Vaticano em protesto contra o “roubo”, obstinadamente recusando-se a colocar os pés fora do Vaticano. Pio IX, Leão XIII, Pio X, Benedito XV e Pio XI, uma vez dentro do Vaticano, jamais dele saíram. Contudo, com o Tratado, os papas reconheceram seu antigo território papal como parte integral da Itália. Em troca desse reconhecimento, eles exigiram e receberam o pagamento de tudo que lhes havia pertencido antes.

Foi tudo sólido. A Igreja Católica, uma religião que diz respeito às coisas celestiais barganhou de meneira comercial uma mercadoria de modo bastante moderno. Ela não deu nada de graça. Ela exigiu e barganhou por investimentos sonantes, sólidos e terrenos em forma de dinheiro, crédito bancário e bônus do governo. Nada dessa bobagem evangélica de pobreza no negócio e muito menos daquele conselho dado pelo Homem que ela diz representar – vai, vende o que tens e dá aos pobres.

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