sábado, 10 de abril de 2010

Os Bilhões do Vaticano - parte 32

Os papas eleitos pelos cardeais amantes da luxúria eram dignos de seus eleitores. Vamos mencionar apenas alguns:

O Papa Paulo II – (1467-1471) – Logo após ter sido nomeado, o ex-cardeal anunciou ao Sacro Colégio que tinha tomado o nome de Papa Formoso I (formoso = belo), baseando-se no fato de que ele era o homem mais elegante que já havia usado a coroa papal. Os cardeais objetaram, temendo provocar um escândalo com o populacho; então ele se tornou Paulo II. Ele se cobria de roupas suntuosas, perfumes caros e jóias fabulosas. A corte papal vivia cheia de mulheres e jovens bonitos. Sua maior fraqueza – ou talvez doença – era o amor pelas pedras preciosas. Ele costumava brincar com as mãos cheias delas, não só em particular, mas também em funções públicas. Elas lhe provocavam um sensual deleite e as contemplava fascinado. Ele sempre dormia com as mais esplêndidas gemas colocadas sob o seu travesseiro. Tornou-se tão maníaco por jóias que tinha uma coroa papal incrustada com pedras preciosas. A tiara custou uma soma enorme. Seu peso era tamanho que ele mal podia usá-la. De fato, a primeira vez que ele a usou (por mais tempo do que havia previsto), teve um ataque de apoplexia e morreu vitima de sua própria vaidade, ambição, amor pela luxúria, voluptuosos bacanais e dissipação de fabulosa riqueza.

O papa que o sucedeu não era melhor. Xisto IV (1471-1484) – promovia guerras perpétuas. Todas as honras eclesiásticas foram postas à venda. Ele concedeu benefícios aos mais altos jogadores. Impôs taxas mais exorbitantes sobre o populacho, enforcando e torturando todos os que não pagavam. Ele impunha taxas sobre qualquer coisa, inclusive os bordéis. De fato, para ganhar dinheiro ele chegou ao ponto de conceder absolvição de todos os crimes, com indulgência plenária. Ele ameaçava com o inferno todos os que não pagavam. Realmente, ele não hesitava em ameaçar os próprios prelados venezianos de vendê-los como escravos aos turcos, por um bom preço.

O Papa Inocêncio VIII- (1484-1492) – comprou abertamente os votos dos cardeais. Seus únicos interesses eram as mulheres e seus incontáveis filhos ilegítimos. O Vaticano havia se tornado um vasto estabelecimento dominado pela sua progênie (estimava-se que ele possuía mais de 100 filhos ilegítimos reconhecidos). A despesa para manter os seus filhos, filhas, netos, sobrinhos e parentes de todos os tipos era enorme. Através de sua grosseira auto-indulgência ele ficou imensamente gordo e lá pelo verão de 1492, havia se tornado uma montanha de carne, e, segundo disse um historiador contemporâneo, “era incapaz de ingerir qualquer alimento além de algumas gotas de leite do seio de uma jovem mulher”.

Inocêncio VIII foi sucedido por um cardeal mais notório ainda. Rodrigo Bórgia tornou-se o Papa Alexandre VI – (1492-1503).

Como cardeal e também como papa, ele passava noites inteiras nas maiores orgias. Era o pai dos legendários César e Lucrécia Bórgia, além de muitos outros filhos ilegítimos. Gastava somas enormes de dinheiro e recebia e dava enormes subornos. Antes ele vendia sua influência como cardeal, e depois como papa, a qualquer um que lhe pagasse e isso com tal ostentação que, como papa, ele costumava se gabar abertamente de que podia encher a Capela Sixtina com sacolas de ouro. Esse Bórgia comprou o cardinalato subornando abertamente todos que podia, enquanto ainda era jovem. Como um jovem cardeal, ele levou uma vida de tanta intriga, que tendo gasto enormes somas de dinheiro para comprar a maioria dos cardeais, durante décadas, ele finalmente foi eleito pontífice. Tornou-se uma lenda em seu tempo e embora muitas histórias sobre ele não tivessem qualquer fundamento, vindas da fervente imaginação de um escritor de novelas, contudo uma vasta quantidade do que dele se falava era verdadeiro. Foi o seu uso ostensivo da imensa riqueza do papado com suborno que despertou a ira da Cristandade.

Devemos lembrar que Alexandre foi o papa que exigiu a posse do continente recém-descoberto das Américas como propriedade da Igreja, a qual, por sua vez, dele se apropriou em nome do Abençoado Pedro.

Alexandre vendia e comprava ou até colocava em leilão abadias, bispados e cardinalatos, nomeando abades, bispos e cardeais de acordo com a quantidade de ouro que pudessem lhe oferecer. Ele entregou as Américas à Espanha e Portugal, conforme barganha secreta por tesouros espanhóis e portugueses. Tais práticas já correntes tornaram-se tão divulgadas que o Vaticano se tornara apenas um mercado aberto de leilão, onde qualquer coisa sagrada e profana podia ser adquirida por dinheiro.

Quando, portanto, outro papa, o Médici, Leão X, foi eleito, em 1513, o hábito do papado de fazer transações comerciais estava bem estabelecido. Leão era um agnóstico, se não um ateu, e havia contraído sífilis na casa dos vinte anos, o que não chocava o Vaticano. O que o tornou imortal nos anais da Cristandade foi a sua ostensiva venda de indulgências para construir a Basílica de S. Pedro, o que provocou a centelha que detonou a Reforma Protestante.

A Cristandade se dividiu em duas metades. Forças que haviam estado rangendo os dentes durante séculos audaciosamente se levantaram e se iraram contra o papado. Embora os motivos primários que inspiraram a Reforma fossem teológicos, forças de não menos importância deram-lhe o ímpeto, o poder e a oportunidade para ter o sucesso que ela teve.

Estas forças eram o nacionalismo embriônico, um velado antagonismo racial e um conflito de culturas diversificadas. Na superfície e por trás de tudo isso, contudo, estava o mais importante –

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