domingo, 14 de março de 2010

Os Bilhões do Vaticano - parte 7

estrito carbono catorze e outros testes radiológicos, descobriu-se que a cadeira datava aproximadamente do tempo de Carlos, o Calvo, isto é, cerca de 875 d.C., e não do primeiro século d.C.

O papa Paulo VI foi, desse modo no inverno de 1969 – 1970 colocado em outro sério impasse. O que iria ele fazer com o Trono de Pedro, após mil anos de veneração? Colocá-lo de volta onde ele havia estado durante um longo milênio, na Basílica de São Pedro ou colocá-lo no Museu do Vaticano? (10) Mas este era um problema pessoal de um papa do século XX. Os do século XIII tinham se preocupado apenas em magnificar o culto ao Abençoado Pedro, de modo a assegurar o seu poder, nada menos que o patrimônio terreno da Igreja.

E assim aconteceu que, graças principalmente ao culto do Abençoado Pedro, o Catolicismo Romano, que havia coletado tão vastas somas de riqueza temporal antes de Pepino, coroava agora suas possessões terrenas com muitos outros domínios territoriais. A estes, que haviam originalmente formado o primeiro núcleo das possessões papais teoricamente foi dado status legal por Pepino em 754 d.C. Eles se tornaram uma realidade concreta e aceita em 756 d.C. Em 774, a doação foi confirmada pelo imediato sucessor de Pepino, Carlos Magno e os estados papais vieram realmente à existência. Aqui os papas reinaram como governantes temporais absolutos durante mais de mil anos até 1870, quando os italianos tendo sitiado Roma com todos os territórios papais adjacentes declararam a Cidade Eterna, capital do recém formado Reino Unido da Itália.

Capítulo 3

A Igreja como Herdeira do

Antigo Império Romano

O estabelecimento dos Estados Papais concedeu à Igreja Católica Romana uma base territorial e jurídica de imensa importância. Daí para a frente possibilitou-a a deslanchar a promoção de uma política ainda mais audaciosa no sentido de acelerar a aquisição de mais terras, mais ouro, mais status e o prestígio e poder que daí provinham.

O Imperador Carlos Magno não tinha de fato voltado a Roma, após reconhecer a doação de Pepino, mas o Papa Adriano I, em 774 d.C presenteou-o com uma cópia da Doação de Constantino. Esta foi reputada como concessão por Constantino de imensas possessões e vastos territórios à Igreja. Era outra falsificação papal. Enquanto a carta de Pedro tinha sido uma falsificação feita pelo Papa Estêvão a Doação de Constantino foi uma falsificação do Papa Adriano I. (1)

A Doação de Constantino teve uma influência tremenda sobre a aquisição territorial e as exigências do papado e uma rápida olhada em sua origem, conteúdo e significação testamentária ajudam a elucidar a sua importância.

A Doação foi precedida e seguida de vários documentos forjados pelo papado ao mesmo nível da missiva do Abençoado Pedro. Como a última, o seu objetivo específico era dar poder, território e riqueza aos papas. Assim, logo após a morte de Pepino, por exemplo, surgiu em cena um documento que era uma narrativa detalhada colocada na boca do próprio falecido Pepino. Nela Pepino relatava num Latim um tanto extravagante o que se havia passado entre ele e o papa, “o sucessor do Porteiro do Céu, o Abençoado Pedro”. Sua revelação foi aceita como prova de que ele doara ao papa não apenas Roma e os Estados Papais já mencionados, mas também Istria, Veneza e realmente toda a Itália. (2)

Não satisfeito com os Estados Papais, e as novas regiões adquiridas, os papas agora queriam sempre mais, provando assim a exatidão do antigo provérbio de que o apetite aumenta com o comer. Eles determinaram-se a expandir ainda mais sua propriedade de territórios adicionais. Concluíram eles que os recém-nascidos Estados Papais, embora de considerável tamanho, eram pequenos demais para o papa, representante do Abençoado Pedro. Esses territórios tinham de ser estendidos no sentido de fazer jus ao império espiritual de Pedro. Fato indiscutível pelo qual aos papas seria inequivocamente concedida a possessão de todos os reinos e impérios. Isso, portanto, havia se tornado uma necessidade.

Neste ponto, a mais espetacular de todas as falsificações fez o seu aparecimento oficial: a Doação de Constantino. Pressupondo ter sido escrita pelo próprio Imperador Constantino, ela agora emergia não se sabe de onde. O documento, com um golpe de mestre, colocava os papas acima de reis, imperadores e nações, tornando-os herdeiros legais do território do Império Romano que lhe fora doado, com fechadura, estoque e barril, e deu a São Pedro – ou melhor a São Silvestre e seus sucessores – todas as terras ao ocidente e além deste, em verdade todas as terras do planeta.

O documento era a soma de todas as falsificações anteriores, mas ao contrário das fabricações passadas, ele era decisivo, preciso e falava em termos claros da supremacia espiritual e política concedida aos papas, como um direito inalienável. A significação e as conseqüências do seu aparecimento foram portentosas para todo o mundo ocidental. A estrutura social e política da Idade Média foi moldada e baseada em seu conteúdo. Com

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