sábado, 13 de março de 2010

Os Bilhões do Vaticano - parte 6

Sicília, Sardenha, Calábria e Córsega. Dentro de algumas décadas São Pedro tinha sido roubado de imóveis tão imensos que aquele antigo domínio sem fronteiras tinha sido eventualmente reduzido à Itália central, não muito além, relativamente falando, de Roma. Sem levar em conta essa diminuição de suas possessões, os piores demônios de todos, os lombardos do norte da Itália, decidiram também roubar do Abençoado Pedro também os seus últimos imóveis. Isso eles estavam a ponto de fazer quando o papa implorou o auxílio do Príncipe dos Apóstolos, o próprio Abençoado Pedro. Ele lhe pediu para mobilizar o mais poderoso potentado desse tempo, Pepino Rei dos Francos. Pepino, disse o papa, deve preservar intactas as possessões terrenas da Igreja. E sem dúvida ser-lhe-ia também de benefício espiritual acrescentar algumas das suas próprias riquezas a estas.

O Abençoado Pedro concordou! Como? Simplesmente através de uma carta escrita diretamente do céu, a Pepino. A carta celestial, é claro, foi enviada primeiro ao papa Estêvão, que tinha uma porção de “raspas” das correntes de São Pedro. Estêvão enviou-a ao rei através de um emissário especial do papa.

A carta, no mais delicado pergaminho, era toda escrita em ouro puro. Seu conteúdo era o seguinte:

Pedro, eleito Apóstolo por Jesus Cristo, o Filho do Deus vivo. Eu, Pedro, convocado ao apostolado por Cristo, o Filho do Deus vivo recebi do poder divino a missão de iluminar o mundo inteiro...

Pepino ajoelhou-se reverentemente diante do legado papal que prosseguiu na leitura da missiva do Abençoado Pedro:

A partir de agora, todos os que, tendo ouvido a minha pregação, a puserem em prática, devem crer absolutamente que pela ordem de Deus os seus pecados são removidos neste mundo e entrarão sem censura na vida eterna. Vinde todos em auxílio do povo romano o qual foi a mim confiado por Deus. E eu, no Dia do Julgamento preparar-vos-ei um esplêndido lugar de habitação no reino de Deus. Assinado: Pedro, Príncipe dos Apóstolos. (8)

O emissário papal mostrou a carta a toda a corte e garantiu solenemente a autenticidade da assinatura de Pedro. E não foi só isso. São Pedro tinha até se dado ao trabalho de escrever a carta de próprio punho, algo que ele jamais havia feito antes... ou desde então.

Como teria essa carta chegado à terra? Indagou Pepino. O Abençoado Pedro havia descido pessoalmente do céu e entregara a carta ao seu sucessor o papa de Roma, explicou o emissário papal. A seguir, ele mostrou ao rei como São Pedro havia endereçado a carta celestial:

Pedro, eleito Apóstolo por Jesus Cristo, ao nosso filho favorito, o Rei Pepino, a todo o seu exército, a todos os bispos, abadessas, monges e a todo o povo. (9)

Pepino, rei dos Francos não tinha outra alternativa. Como poderia ele jamais recusar o pedido urgente do Príncipe dos Apóstolos, o Porteiro do Céu?

O devoto Fleury em sua famosa Historia Ecclesiastica, livro 43, 17, não pôde conter a sua indignação diante da carta celestial do Abençoado Pedro, a qual ele declarou ousadamente ter sido nada mais que um “exemplo inigualável de artifício”. Artifício ou não, quer escrita pelo próprio Estêvão ou por algum dos seus conselheiros, o fato é que a carta do Abençoado Pedro conseguiu o efeito desejado.

No ano de nosso Senhor de 754, Pepino, o Breve, rei dos Francos, derrotou os rapaces lombardos. Como estes haviam a princípio desejado roubar as terras de São Pedro, Pepino, além de doar a Estêvão o que havia justamente preservado e retomado, acrescentou-lhe o Ducado de Roma. O Exarchate e o Pentápolis. Tudo isto e mais uma considerável quantidade de território, compreendendo milhares de vilas, fortes, cidades, fazendas e imóveis – que a partir de então pertenceriam ao representante de São Pedro na terra, o papa.

O sucesso da missiva celestial incentivou os seus autores a novos esforços. Logo em seguida de fato, a chancelaria romana produziu o Trono do Abençoado Pedro, a legítima cadeira na qual São Pedro se sentou quando estava em Roma. Desse modo, foi garantida mais uma indução a Pepino e seus sucessores no sentido de conceder sua proteção ao papa e propriedade adicional, se necessário. A indução foi poderosa, uma vez que o rei dos Francos, caso fosse coroado, assentado na Cadeira do Porteiro do Céu seria investido de uma autoridade que sobrepujava a de qualquer outro rei temporal, com exceção do papa.

Ao que parece, Pepino jamais ouviu falar da Cadeira de Pedro, ou não teve tempo ou – o que é mais provável – morreu antes que esse esquema fosse posto em plena operação. A Cadeira jamais foi usada para o seu propósito original. O filho de Pepino, Carlos Magno quando foi coroado imperador no ano 800 d.C. não se sentou aí. O trono, contudo eventualmente, teve o seu uso próprio. Tanto assim, que no século seguinte – durante o governo de Carlos, o Calvo (875 d.C) – havia se tornado uma das relíquias mais preciosas do Catolicismo Romano. Desde então tinha sido venerada como a legítima cadeira que Pedro usou para se sentar, relíquia sagrada do culto petrino durante séculos. Em 1656 ela foi posta dentro de uma caixa de bronze por ordem do papa, pelo escultor Bernini.

Contudo, há alguns anos atrás, sua autenticidade foi questionada por certas autoridades católicas. Tendo sido colocada sob intenso estudo por uma comissão de eruditos e cientistas, com o

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