quarta-feira, 17 de março de 2010

Os Bilhões do Vaticano - parte 10

melhor administrar o Império ocidental como um feudo do papado. Isso implicava na extensão de seu domínio temporal sobre os reis e reinos da terra e, portanto, sobre as suas riquezas temporais.

De fato, Gregório não tinha escrúpulo algum em afirmar abertamente sua supremacia sobre todo o Império Bizantino, incluindo a África e a Ásia. Ele foi até mais longe, declarando que o seu objetivo final era simplesmente o estabelecimento do domínio temporal universal de São Pedro. Daí o seu contínuo exercício para tomar a posse, em adição a Roma e Itália, de todas as coroas da Europa, muitas das quais ele teve sucesso em colocar sob sua direta vassalagem.

Embora o seu vasto esquema só parcialmente tivesse se materializado durante o seu reinado seus sucessores continuaram sua obra. O Papa Urbano II, seguindo suas pisadas, decidiu colocar em sujeição as igrejas de Jerusalém, Antioquia, Alexandria e Constantinopla, com todas as terras onde estas floresceram. Sob o pretexto de libertar o túmulo de Cristo, ele simplesmente mobilizou todo o mundo ocidental num exército irresistível, o qual deixando as regiões costeiras da Europa, avançou pela Ásia Menor como um tornado, criando a maior comoção militar, política e econômica em ambos os continentes.

A captura de Jerusalém e o sucesso desta Primeira Cruzada deram incalculável prestígio aos pontífices. Enquanto as nações da Europa atribuíram esta vitória a um poder sobrenatural manifesto, os pontífices romanos se apressaram em transformar os grandes movimentos marciais dos cruzados em poderosos instrumentos a serem usados para expandir seu domínio espiritual e temporal. Isto foi feito empregando-os como pivôs militares e políticos, os quais nunca cessaram de auferir vantagens territoriais e financeiras através da Idade Média.

Tais políticas foram mais longe quando, baseando as exigências papais sobre as interpretações ainda mais ousadas da Doação, foi estabelecido que os governantes seculares deveriam ser obrigados a pagar tributo ao papado. Um veemente advogado disto foi Otto de Freisingen, o qual em seu Crônicas composto em 1143-46, não hesitou em declarar que como Constantino, após conferir a insígnia imperial ao pontífice, fora para Bizâncio, a fim de deixar o império para São Pedro, então os outros reis e imperadores deveriam pagar tributo aos papas.

Por esta razão, a Igreja Romana assevera que os reinos ocidentais foram-lhe dados como possessão por Constantino e exige tributo deles até hoje, com exceção dos dois reinos dos Francos (isto é, França e Alemanha).

Tal exigência tornou-se possível porque apenas um século antes, em 1054, o Papa Leão IX havia declarado ao patriarca Michael Celularius que a Doação de Constantino significava realmente a doação “do império terreno e celestial ao Sacerdócio Real do Trono de Pedro”.

De tudo isso seguiu-se que cedo a Lombardia, Itália e a Alemanha começaram a ser computadas, aos olhos de Roma, como “feudos papais”, os papas declarando cada vez mais ousadamente que os Reis da Alemanha haviam possuído o Império Romano, bem como o Reino Italiano. Somente como um presente dos pontífices. Tais exigências certamente, não ficaram sem confronto e muitas vezes causaram a mais profunda comoção política – por exemplo – a que rebentou na Alemanha em 1157, quando uma carta do Papa Adriano a Frederico Barbaroxa falava dos “benefícios”, que ele tinha concedido ao imperador ou poderia ainda conceder e expressamente chamava a coroa imperial de benefícium isto é, um feudo, conforme foi entendido na corte imperial. Adriano disse, para reforço do fato, que tinha sido ele quem havia colocado a coroa na cabeça do imperador e que o papa era o verdadeiro proprietário da Alemanha.

Não foram só os príncipes que se rebelaram contra as pretensões papais. Homens de outro modo devotados a este sistema religioso falaram em palavras claras contra o descumprimento papal sobre o poder civil. Provost Gerhoh de Reigsburg, por exemplo, comentando sobre o imposto (o qual, sem dúvida se apoiava na Doação de Constantino) do imperador sustentando as esporas de ouro do papa, imposto que havia levado os Romanos a pintar aqueles quadros ofensivos nos quais os reis ou imperadores eram representados como vassalos dos papas, concluíam que este, além de causar sentimentos de amargura dos governantes temporais, iam também de encontro à ordem divina ao permitir que os papas exigissem ser imperadores e senhores dos imperadores.

Alguns anos mais tarde Gottfried, um alemão educado em Bamburg, capelão e secretário de três soberanos Hohenstaufen, Conrado, Frederico e Henrique IV, apoiando-se sobre o que Eneas, Bispo de Paris, já havia dito foi um pouco mais longe do que o Papa Adriano e incluía a França na Doação. Em seu Panteon que ele dedicou ao Papa Urbano III em 1886, declarou que a fim de assegurar uma paz maior para a Igreja, Constantino havendo se retirado com toda a pompa para Bizâncio, além de conceder aos papas privilégios reais, tinha lhes dado o domínio sobre Roma, Itália e Gália, com todas as riquezas incluídas.

Com o passar dos séculos, os papas, em vez de diminuir suas exigências, continuaram a aumentá-las declarando que, em virtude da Doação, os imperadores eram imperadores simplesmente porque eles o permitiam isso o único governante em assuntos espirituais e temporais sendo, em

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