segunda-feira, 22 de março de 2010

Os Bilhões do Vaticano - parte 15

Muitos foram os que se rebelaram contra isto. Wetreld, em carta ao Imperador Frederico, datada de 1152, séculos antes do precursor do Protestantismo Wycliff, não hesitava em declarar:

Essa mentira e fábula de Constantino ter concedido os direitos imperiais na cidade ao Papa Silvestre, foi agora tão inteiramente exposta, que até mesmo os trabalhadores diários e mulheres puderam confutar os mais letrados nesse ponto, e o papa e seus cardeais não se aventurariam a contestar, de tanta vergonha. (7)

A exposição da falsidade da Doação prosseguiu até os meados do século 15, quando três homens conseguiram, mais do que outros já haviam feito, explodir o mito em bases históricas, provando sem dúvida que o fato da Doação, não menos que o documento, era uma invenção fraudulenta. Foram eles Reginal Pecock Bispo de Chichester, o Cardeal Cusa e acima de todos Lorenzo Valla, os quais provaram que os papas não tinham direito algum sobre qualquer terra na Europa e nem mesmo de possuir os Estados da Igreja na Itália e na própria Roma.

Um dos mais ousados oponentes da Doação, um certo Eneas Sylvio Piccolomini, Secretário do imperador Frederico III, em 1443, foi tão longe ao ponto de recomendar que o Imperador convocasse um concílio no qual a questão da Doação de Constantino “que causa perplexidade a muitas almas” deveria ser finalmente decidida, no terreno das doações “tremendamente fraudulentas”.

De fato Piccolomini foi mais longe e propôs que depois que o concílio tivesse proclamado solenemente a falta de autenticidade da Doação, Frederico tomasse posse da maior parte dos territórios nela incluídos e rejeitasse abertamente todas as exigências papais de supremacia sobre os governantes e nações. Eneas Sylvio Piccolomini tornou-se mais tarde Pio II. Um século antes dele, Dante, que não havia hesitado em consignar muitos papas às chamas do inferno, proclamou sua famosa lamentação sobre a Doação: “Ah, Constantino! De quanta desgraça foi mãe, não a tua conversão, mas esse dote de casamento que o primeiro Pai rico tirou de ti”. (Comentário da tradutora)

Meu amigo Constantino,

quanta desgraça geraste,

não do teu senso latino,

mas de tanto que entregaste

a tanto papa ladino,

que em teu seio geraste.

De um místico menino,

em teu reino, não passaste.

E por decreto divino

foi que no inferno encalhaste!

Capítulo 6

Quando o mundo quase acabou,

no Ano 1000 d.C

Mas, como se a propriedade de imensos domínios territoriais e, em verdade, a propriedade de praticamente todo o mundo ocidental não bastasse, a Igreja Católica Romana antes de tudo, durante e após suas aquisições, estabeleceu com não menos sucesso, despojar de suas riquezas os fiéis que nelas viviam. Isto ela fez, através de padres cheios de rapinas, com o seu mau uso da religião, seu abuso da credulidade das multidões, seu exercício do medo e seu uso inescrupuloso de promessas destinadas a extrair dessas pessoas terras e valores pelos quais eles haviam desenvolvido o mais insaciável apetite, desde os tempos de Constantino.

Assim, enquanto as possessões da Igreja se identificavam com o grande acúmulo de terras, edifícios e vários bens, multiplicados com a construção de novos mosteiros, conventos, abadias e semelhantes, seus tesouros em forma de dinheiro, ouro e jóias aumentavam à medida em que novos centros monásticos e eclesiásticos eram levantados. Estes, além de se tornarem repositórios tradicionais de comunal riqueza, tornaram-se também seus coletores, e portanto usuários dos dízimos e de todas as outras contribuições legais, semi legais e às vezes forçadas que os crentes(católicos) eram obrigados a “doar”.

Quando a estas eram adicionadas, as contribuições voluntárias dos crentes ou como pena de seus pecados ou de ações de graças por favores celestiais recebidos, ou em seus leitos de morte, então a riqueza total acumulada no decorrer dos séculos tornou-se igual à de qualquer barão ou príncipe. Em verdade houve um tempo em que ela ultrapassou a riqueza dos reis

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