sexta-feira, 12 de março de 2010

Os Bilhões do Vaticano - parte 5

Assim, sob o pontificado de Gregório, os clérigos aceitavam valores em troca de locais de sepultamento. Gregório proibiu a prática “jamais permitindo que alguém tivesse de pagar por uma sepultura”. Ele emitiu vários decretos, os quais proibiam a cobrança de taxas para a indução de clérigos ao ofício, pelo investimento de um bispo, pela retirada de documentos, e assim por diante.

Após saber de repetidos casos em que os clérigos eram acusados de vender os vasos da Igreja, Gregório iniciou uma completa investigação dentro de toda a questão da riqueza da Igreja. Após terem lhe contado como um padre havia vendido dois cálices de prata a um judeu, ele editou uma série de ordenanças que decretavam que cada comunidade cristã deveria fazer um inventário correto de todos os seus vasos sagrados, terra e propriedade. Pela primeira vez o censo deu informações precisas da riqueza da Igreja. Ele mostrou a um surpreso Gregório como a sua Igreja havia acumulado propriedades na Sicília, Gália, Espanha, Balcãs, Oriente Próximo e até muitas partes da África.

Essas propriedades incluíam não apenas terras e fazendas, mas até mesmo cidades inteiras. O Patrimônio de São Pedro, como passou a ser chamado, incluía Siracusa e Palermo, além de numerosos e ricos imóveis espalhados por toda a Sicília, sul da Itália, Apulia, Calábria, e até mesmo Gallipoli, embora em ruínas. Os imóveis em Campânia e os de Nápoles e da Ilha de Capri estavam todos produzindo grandes lucros.

Ao todo, a Igreja Romana, no tempo de Gregório possuía vinte e três imóveis cuja área total compreendia 380 milhas quadradas, com lucro agregado de mais de um milhão de dólares ao ano, soma colossal para aquele período.

O próprio Gregório levava uma vida de austeridade. Ele acreditava piamente na “antiga regra dos pais”, isto é, na pobreza evangélica. Quando confrontado por toda essa riqueza ele chamou a si mesmo de “o tesoureiro do homem pobre” e tentou viver de modo diferente. Ele foi o primeiro papa a chamar a si mesmo de Servus Servorum Dei, isto é, o servo dos servos de Deus.

Contudo, embora concordando com os pais da igreja primitiva, tais como Orígenes, Tertuliano e Cipriano, que essas possessões materiais não eram boa coisa, o fato é que Gregório estava governando um sistema que possuía vastas propriedades, imóveis e riquezas de todos os tipos. Gregório justificava a sua retenção baseado no argumento de que essas riquezas deveriam ser usadas, como os cristãos primitivos costumavam usá-las, a fim de ajudar os carentes. Que ele acreditava realmente nisso, ficou provado pelo fato de que certa vez, tendo sabido que um mendigo morrera de inanição em Roma, ele ficou tão desgostoso que se trancou numa cela por três dias e três noites sem comer nem beber, recusando-se até a rezar a missa. Ele tentou administrar as riquezas com sabedoria ao distribuir entre os pobres tanto quanto recebia.

Mas o laço da corrupção e o acúmulo progressivo de riqueza mundana continuaram descontroladamente. De fato, esta crescia absurdamente sem levar em conta os esforços contínuos de Gregório no sentido de fiscalizar por todos os meios à sua disposição, tais como sua exigência de detalhes precisos sobre como o dinheiro fora gasto, o escrutínio de contabilidade e sua árdua proibição de “balanços escondidos do tipo grego” (caixa dois).

E aconteceu que apenas trezentos anos desde Constantino o Catolicismo Romano já havia se transformado em um dos maiores proprietários de terras no Ocidente. O Patrimônio de São Pedro tinha se tornado não apenas uma pequena soma de dinheiro líquido, para “ser distribuído entre os carentes”, mas a fortuna acumulada de um rico sistema religioso determinado a se tornar cada vez mais rico, nos anos que viriam.

Conquanto houvesse ainda dentro da Igreja indivíduos que acreditavam na pobreza, a riqueza continuou se acumular, e isso a tal extensão, que em um estágio, ela (ou talvez alguns de seus líderes) tiveram a audácia de fazer com que o próprio Abençoado Pedro “escrevesse uma carta do céu”.

Antes de relatar como o Abençoado Pedro escreveu tal missiva celestial, seria útil dar uma olhada nos eventos que precederam e de fato, aprontaram esse feito.

Após a morte de Gregório, o processo de acrescentar mais riqueza ao já grande acúmulo, prosseguia imbatível por mais cem anos ou isso. Em seguida, para horror dos papas, a coisa repentinamente mudou de rumo.

No século 8, quando o papado possuía tanto que nem sabia quanto possuía, os semi-convertidos eslavos começaram a espoliar o Patrimônio de São Pedro. Isso fora ruim demais. Mas, então, pior ainda, apareceram assaltantes no horizonte. Eles brotaram da África distante. E os árabes para piorar as coisas, começaram também a espoliar o Patrimônio de São Pedro, afirmando que faziam isso em nome de Deus. Eles o chamavam Alá. Além disso, eles tinham o péssimo hábito de espetar os súditos do papa com as suas cimitarras dizendo-lhes ao mesmo tempo em que roubavam suas possessões (ou melhor as possessões do papa) que em adição ao fato de terem mudado os senhores da terra, eles teriam também de mudar de religião – o que a vasta maioria prontamente fez.

Dessa maneira, todos os domínios papais foram perdidos. Isso incluía a Dalmácia, Istria, Espanha, e o sul da França, e toda África do norte. A tudo isso, a Providência, ou melhor, a cupidez humana, adicionou insulto e injúria, quando os sucessores de Constantino, o imperador mais cristão de Constantinopla, seguiram o exemplo e privaram o Patrimônio de Pedro de seus vastos domínios, na

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