segunda-feira, 16 de março de 2015

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Nas páginas iniciais de Apocalipse, nosso Senhor se apresenta como o santo guerreiro celestial (1.12-20) que prepara o seu povo para conquistar os seus inimigos (2.7, 22, 17, 26; 3.5, 12, 21) ao exortá-los a ouvirem o que o Espírito tem a dizer nas cartas que ele escreve a sete igrejas. Notavelmente, embora ele escreva cada carta a uma igreja particular, Cristo insiste que cada uma delas seja ouvida por todos (2.7, 11, 17, 29; 3.6, 13, 22), tornando cada uma delas, efetivamente, uma “carta aberta” para todos os crentes lerem. O que, então, Cristo deseja que aprendamos de sua carta à igreja de Tiatira? Para ouvir essa lição, nós precisamos examinar alguns aspectos chave da carta que Cristo escreveu aos cristãos de lá.
Acima de tudo, a mensagem de Cristo aos cristãos de Tiatira é uma advertência de que eles estão em grave perigo espiritual. Mas como pode ser isso? Essa igreja, diferentemente da de Éfeso, não perdeu o seu primeiro amor (2.4-5), ao contrário, cresceu em amor e fé, com serviço e perseverança (2.19). Certamente, eles estão seguros. Todavia, junto a essas virtudes habita um vício. Em outras palavras, o risco não está vindo de fora da igreja: assim como ocorria em Laodicéia, a perseguição da Roma imperial não representava nenhuma ameaça ao bem-estar de Tiatira. Em vez disso, o perigo vem de dentro. A igreja está tolerando a presença de uma falsa profetiza e seus discípulos (2.20). Com efeito, a influência dessa árvore má e seus frutos maus (Mateus 7.15-20) está comprometendo o professo noivado de Tiatira com Cristo (ver 2 Coríntios 11.2-3). Nós entendemos melhor a ameaça posta por esses lobos ao analisarmos o pano de fundo de Tiatira.
Embora segundo padrões mundanos Tiatira fosse a menos conhecida das sete cidades do Apocalipse, ela se destacava pelo grande número de corporações de ofício (relacionadas especialmente a tecidos e armaduras) que nela prosperavam. A influência desses sindicatos na vida civil era considerável. Rigorosamente todo mês, eles patrocinavam refeições comuns para os seus membros, banquetes que envolviam adoração ao imperador romano com divindades padroeiras locais e, freqüentemente, imoralidade sexual. Não se acomodar a essas práticas pagãs colocava alguém em significativo risco econômico, particularmente se esse alguém desejasse progredir nos negócios e na sociedade.
Uma coisa seria, em Tiatira, os cristãos envolvidos no comércio (como Lídia, Atos 16.14) serem convidados para essas festas por colegas de fora da igreja; outra coisa era um líder na igreja aprovar que cristãos aceitassem tais convites. Imagine estas palavras tentadoras: “Vocês conhecem as ‘coisas profundas’ (Apocalipse 2.24) que estão em jogo aqui. Vocês sabem que “o ídolo nada é” (1 Coríntios 8.4); vocês sabem que “todas as coisas são lícitas” a vocês (6.12). Então, vão ao banquete; comam, bebam e se divirtam! Vocês precisam ganhar a vida, não é?”. Não é de surpreender que o Senhor da igreja tenha chamado a falsa profetiza de Tiatira pelo depreciador apelido de “Jezabel”. Em Israel, aquela rainha gentia do maligno rei Acabe havia perseguido os profetas de Deus e promovido a típica adoração sexualmente desenfreada a Baal (1 Reis 16.31-33; 18.4; 21.25; 2 Reis 9.22). Os paralelos entre Israel e Tiatira são óbvios.
A idolatria e imoralidade de Tiatira, contudo, expõe ainda mais acerca da falsa profetiza e seus discípulos. Se a Jezabel de Tiatira não for o modelo para o retrato da Cafetina Babilônia feito por João em Apocalipse 17, ela é ao menos uma encarnação local de tudo o que aquela prostituta representava. Como uma filha imitando sua mãe, as seduções de Jezabel ecoam as rejeições da Babilônia ao único e verdadeiro Deus e à sua justiça, rejeições encarnadas nos sistemas sociais da presente era maligna. Como a Babilônia, Jezabel faz com que seus filhos-seguidores tornem-se cúmplices das prostituições deste mundo, no corpo e na alma. E no coração dessas prostituições está o engodo da estabilidade econômica. Seguir Jezabel, então, é partilhar da identidade da Babilônia terrena; renunciá-la é partilhar da identidade da Jerusalém celestial.
Mas Cristo nos dá ainda mais discernimento acerca da escolha posta diante de Tiatira e diante de nós. Com uma sabedoria superior à de Salomão, Ele quer que as igrejas examinem seu destino pela sua semelhança com a sua mãe espiritual. Aqueles que Jesus identifica como a profetiza impenitente e seus filhos serão punidos com sofrimento e morte nesta era (Apocalipse 2.22-23); aqueles que ele identifica como o seu povo arrependido e firme (vv. 24-25) serão recompensados com uma participação na autoridade real de subjugar seus inimigos no final desta era (vv. 26-28). A lição para Tiatira e para nós é clara: partilhar da identidade de uma mãe é partilhar do seu destino.
Temos nós ouvidos para ouvir a mensagem de Cristo a Tiatira? Acaso o engodo da estabilidade econômica levou nossas igrejas a tolerarem o falso ensino? Nossos antepassados protestantes viram sua igreja tornar-se uma prostituta sujeita ao julgamento de Cristo. Então, eles renunciaram a Jezabel; eles aceitaram perder “famílias, bens, prazer” e vir “a morte enfim chegar”[1] e assim seguiu a Reforma. Que nós também nos arrependamos de nosso desejo promíscuo por estabilidade econômica neste mundo babilônio; que ponhamos um fim em nosso adultério com mestres que nos seduzem para longe da santa segurança da Jerusalém de cima e do mundo por vir.
Notas:
[1] N.T.: Trecho do hino “Castelo Forte” (letra original composta por Martinho Lutero).
Por: R. Fowler White. © 2009 Ministério Ligonier. Original: The Letter to the Church in Thyatira.
Este artigo faz parte da edição de maio de 2009 da revista Tabletalk.
Tradução: Vinícius Silva Pimentel. © 2014 Ministério Fiel. Todos os direitos reservados. Website: MinisterioFiel.com.br. Original: As Sete Igrejas de Apocalipse: Tiatira.

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