domingo, 19 de outubro de 2014

Sete benefícios da ressurreição de Cristo – Horatius Bonar

“Porque eu vivo, vós também vivereis”
É a essa vida ressurreta que a fé nos liga desde o momento em que cremos Naquele que morreu e ressuscitou novamente. Por isso, notemos coisas como essas:
1.  A segurança dessa vida ressurreta. Ela não é uma simples vida pro­veniente do nada, como no caso do primeiro Adão, mas uma vida proveniente da morte. E é essa vida que as Escrituras nos apre­sentam como a mais sublime, completa e segura. O solo do qual a árvore da imortalidade brota não é o solo comum da terra, mas do bolor do cemitério, do pó do túmulo. Essa vida muito mais segura, essa vida na qual nenhuma morte pode tocar, vem a nós através da vida ressurreta Daquele que morreu e ressuscitou novamente. A fé que nos une a Ele nos torna participantes de sua vida ressur­reta; e não somente isso, mas o faz de forma tão completa, que a ressurreição dEle se torna nossa: somos ressuscitados nEle e jun­tamente com Ele nos revestimos da imortalidade divina.
2. O poder dessa vida ressurreta. É como Aquele que ressuscitou que Ele diz: “Toda a autoridade me foi dada”. Foi como o possui­dor dessa autoridade que Ele saiu do sepulcro; uma autoridade como aquela com a qual Ele venceu a morte: “o poder de uma vida indissolúvel”. Esse grão de trigo caiu na terra e morreu, embora semeado em fraqueza, foi ressuscitado em poder. Foi com esse poder da vida ressurreta que Ele ascendeu aos céus, levando cativo o cativeiro. É nesse poder da vida ressurreta que Ele agora domina sobre o trono. É nesse poder da vida ressur­reta que Ele virá novamente em poder e glória. O Redentor, Rei, Juiz de todos. É esse poder da vida ressurreta que Ele exibe em Sua Igreja — que Ele exerce ao nos regenerar para uma viva esperança e ao sustentar cada regenerado num mundo de hos­tilidade e morte, em meio a lutas, sem temores internos. É a esse poder dessa vida ressurreta que nos submetemos nos dias de fraqueza e conflito, de modo que, fortalecidos no Senhor e na força do seu poder, tornamo-nos mais que vencedores.
3. O amor dessa vida ressurreta. A ressurreição foi uma nova e mais elevada fase da existência, e com a perfeição da vida, veio tam­bém a perfeição do amor. Agora, o instrumento estava afinado da forma mais perfeita e estava adequado tanto para conter quanto para expressar uma nova medida de amor. O amor da vida ressurreta é o mais abundante e o mais elevado de todos. É desse amor que nos tornamos participantes, um amor que está além de tudo o que é terreno e humano, um amor que excede todo entendimento.
4. A afinidade da vida ressurreta. A ressurreição não forma um abis­mo ou levanta uma parede entre nós e Aquele que ressuscitou. Ela não é o Pastor se afastando de seu rebanho para uma altura inacessível. Ela é o aterramento de todos os abismos, a derru­bada de todas as paredes; ela é o Pastor se aproximando para uma afinidade mais íntima e mais plena com o Seu rebanho. É verdade, eles são maus, e Ele é bom; eles são mundanos, e Ele é celestial. Mas o que a ressurreição rejeitou não foi nada em relação à verdadeira humanidade. Foram apenas as debilidades puras que oprimiam Sua verdadeira humanidade e impediam que as afinidades dessa humanidade chegassem ao seu pleno desenvolvimento e atividade. A vida ressurreta, portanto, é a vida da maior e mais verdadeira afinidade. Em sua perfeição, há perfeição de afinidade, o desenvolvimento da plena expressão do sentimento de solidariedade existente no Ser do Verbo que se fez carne.
5. As relações dessa vida ressurreta. A ressurreição não rompe quais­quer vínculos, exceto os da mortalidade. Ela é o fortalecimento, não o enfraquecimento das ligações que unem o Filho de Deus a nós, e nós ao Filho de Deus. Os vínculos da ressurreição são os mais fortes de todos. A vida ressurreta de Cristo não altera nenhuma das relações entre Ele e Seus santos; ela não dimi­nuiu o número de vezes em que entramos em contato com Ele; ela não O tornou menos humano; nem cancelou determinados canais de comunicação entre nós e Ele. Sua imortalidade não O desligou daqueles que ainda estão na carne. Sua vida ressurre­ta não abalou ou removeu o relacionamento que Ele tem com aqueles que ainda não ressuscitaram. Ele continua sendo tudo o que era anteriormente, com algo mais acrescentado: um novo amor, um novo poder, uma nova perfeição, uma nova glória. A diferença entre Sua vida ressurreta e a não ressurreta é mesma entre a do sol da alvorada e a do sol do meio-dia. Que possa­mos nos regozijar com a memória de sua vida ressurreta como a mais verdadeira, a mais adequada e a mais abençoada para nós. Quanto mais percebermos a nossa própria mortalidade, que possamos sentir mais ainda a preciosidade e a adequação da imortalidade Dele como Aquele que ressuscitou; e que pos­samos perceber ainda mais a identificação entre nós e Ele, em virtude da qual nós não só ressuscitaremos, mas já ressuscita­mos com Ele.
6. As alegrias dessa vida ressurreta. No túmulo, o Homem de dores deixou todas as suas dores, assim como deixou todos os nossos pecados. Ali, eles foram sepultados com Ele. Na ressurreição, sua alegria teve início; nos Salmos, essa ligação entre a Sua res­surreição e a Sua alegria é proclamada mais de uma vez. No Salmo 16, essas duas coisas são colocadas juntas de modo ex­cepcional, pois após ser dito: “Nem permitirás que o teu Santo veja corrupção”, é acrescentado: “Tu me farás ver os caminhos da vida (ressurreição), na tua presença há plenitude de alegria” (veja Salmo 30.3-5; 116.3-7). Para Ele, a ressurreição era ale­gria, não simplesmente porque ela encerrava Sua ligação com a morte, mas porque ela o apresentava à plenitude de alegria — uma alegria peculiar à vida ressurreta, a qual somente um homem ressuscitado é capaz de ter. Pela fé, nós também entra­mos nessa alegria de Sua vida ressurreta em alguma medida, mas a plenitude dessa alegria ressurreta ainda está reservada para nós, que aguardamos a ressurreição dos justos, quando tanto o corpo quanto o Cabeça terão exterminado a tribulação e a morte para sempre.
7. As esperanças dessa vida ressurreta. Nós fomos “regenerados para uma viva esperança (ou viva e doadora de vida), mediante a res­surreição de Jesus Cristo dentre os mortos” (1Pe 1.3). A nossa “esperança” está ligada à ressurreição de Cristo e à Sua vida res­surreta — uma “esperança” que contém e concede “vida” aqui; uma esperança que, semelhante a um botão de flor, abre-se para a plenitude da vida gloriosa futura. A esperança da qual somos participantes por meio da vida ressurreta do segundo Adão e que transcende, em muito, qualquer esperança da vida não ressuscitada que o primeiro Adão poderia conceder. Ela é a esperança de uma herança, de um reino, de uma cidade, de uma glória, tais como os que pertencem somente à descendência do segundo Adão; como as que só podem ser possuídas por aque­le que foi redimido e ressuscitado. A ressurreição do Filho de Deus é para nós o penhor e a garantia dessa bendita esperança. Por essa razão, nosso lema é: “Cristo em nós, a esperança da glória”.
Trecho do oitavo capítulo do livro “A Justiça Eterna” de Horatius Bonar, da Editora Fiel.

A Justiça Eterna (Horatius Bonar)

Este clássico da literatura cristã, escrito pelo ministro presbiteriano escocês do século XIX Horatius Bonar, mais conhecido por suas belas composições de hinos, expõe a doutrina da justificação pela graça mediante a fé. Com muita clareza, precisão bíblica e devoção, Bonar aborda esse importante tema das Escrituras, elucidando a única forma pela qual o homem poderá ser achado justo diante de Deus.

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