O retorno que tenho recebido nos últimos anos pelo que escrevi a respeito da doença, da alta e da ausência da minha amada, é tanto constrangedor quanto encorajador. Eu me alegro especialmente quando ouço que as coisas que escrevi têm servido a outros em um momento de provação. Minha intenção continua sendo usar o que eu escrevi em um livro no futuro. Dito isso, ainda creio que a coisa mais vulnerável, mais perspicaz e mais útil que eu escrevi em toda essa jornada foi esse breve tuíte:
Queria ter segurado mais a mão dela — R.C. Sproul Jr. (@RCSproulJr) 4 de Maio de 2012
Provavelmente esse é o meu mais profundo arrependimento, de não ter segurado mais a mão dela.
Não significa, é claro, que eu nunca segurava a mão dela. É provável, contudo, que eu não o tenha feito tão frequentemente quanto ela gostaria. Segurar a mão dela comunica a ela de uma maneira simples, porém profunda, que nós estamos conectados. Tomar a mão dela é dizer: “Eu sou grato por nós sermos uma só carne”. Tomar a mão dela me diz: “Essa é osso dos meus ossos, carne da minha carne”. É uma liturgia, um hábito ordinário que lembra de ver mais claramente a extraordinária realidade de dois sendo feitos um. Mesmo em momentos de dificuldade ou discordância, isso teria comunicado: “Passaremos por isso juntos. Não largarei”.
Isso também teria lembrado a nós ambos da secreta, mas feliz verdade que escondemos um do outro; aquela realidade oculta que é tanto um constrangimento quanto uma vertiginosa alegria: que nós somos apenas crianças. O fato de termos filhos, pagarmos hipotecas, enfrentarmos dificuldades do tamanho do mundo adulto nunca muda, de fato, o que somos por dentro. Segurar a mão ela era como andar saltitante no parque. Segurar a mão dela era como piscar para ela, como quem quer dizer: “Eu sei que você também é só uma criança. Vamos ser amigos”.
Por outro lado, segurar mais a mão dela teria comunicado a nós dois meu próprio chamado de guiar tanto ela quanto a nossa casa. O ato de segurar a mão é uma maneira de dizer tanto “você está segura comigo”, quanto “siga-me em uma aventura!” Isso teria me lembrado de que não existe renúncia, não existe fuga, não há como retroceder diante da responsabilidade, e enquanto eu a conduzia, seria um constante lembrete de que eu conduzo não por amor a mim, mas por amor a ela.
Segurar mais a mão dela teria falado com clareza ao mundo que nos observa. Teria comunicado: “Existe um homem que ama a sua mulher”. Fico triste com o fato de que tantos só descobrem isso após sua esposa ter falecido. Contudo, talvez acima de tudo, eu gostaria de ter segurado mais a mão dela para que eu ainda pudesse sentir isso mais claramente. Queria que tivesse sido um hábito tão constante, que até agora minha mão estivesse no formato que ficava quando eu segurava na mão dela toda vez que eu entro no carro. Queria que eu pudesse cair no sono sentindo a mão dela na minha.
Eu sei de tudo isso, felizmente, porque eu segurei a mão dela. Eu recebi todas as bênçãos descritas acima. Eu só queria que tivesse recebido mais delas. Não custa nada e produz dividendos até hoje. Se, para você, não é tarde demais, faça o investimento. Segure a mão dela sempre que tiver uma chance. Você não vai se arrepender.
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