terça-feira, 28 de outubro de 2014

KevinDeYoungAlgumasReflexoes
Eu passei a última semana no Brasil, onde falei na Conferência Fiel em Águas de Lindóia, uma pequena cidade turísticas a cerca de 160 quilômetros de São Paulo, e também em Salvador, uma cidade litorânea no nordeste. Passar sete dias em um país gigantesco de 200 milhões de pessoas dificilmente torna alguém qualificado a pontificar a respeito do “estado da igreja” naquele lugar, muito menos a respeito da nação como um todo. Ainda assim, espero que isso permita algumas reflexões — tanto para benefício daqueles que pediram minhas impressões e (mais proveitoso) para meu próprio benefício enquanto medito sobre o que eu vi e aprendi.
Deixe-me resumir meus pensamentos (ainda em formação) em quatro palavras.
  1. Encorajador. É claro, o clima estava ensolarado, a terra era linda e as pessoas calorosas e amáveis. Contudo, além desses deleites, fui muito encorajado pela saúde e a maturidade da igreja que encontrei no Brasil. É fato: a maior parte do país ainda é Católico Romano (e frequentemente sincretista) e o abracadabra da saúde e da prosperidade ainda corre solto em muitos lugares. Ainda assim, a igreja está crescendo no Brasil. Bons ministérios e igrejas evangélicos, fortemente bíblicos e calvinistas estão crescendo. Se nos faltam presbiterianos vibrantes e conservadores no Estados Unidos, somos capazes de encontrar um monte deles no Brasil.
Uma pessoa com quem conversei comentou que pensa que a igreja brasileira é tão forte quanto em qualquer lugar do mundo (imagino que os coreanos possam discordar). Há bons seminários com bons acadêmicos treinando bons pastores para pastorear igrejas boas e em crescimento. Pelo que ouvi, precisam-se de mais pastores e professores confessionalmente ortodoxos e treinados nos mais altos níveis da academia. Mas eu vi de primeira mão e aprendi de primeira mão com pastores e estudiosos brasileiros de primeira linha. A conferência foi dirigida por brasileiros. [...] O Brasil é um país de forte envio missionário. A igreja tem um apetite crescente por bom ensino e bons livros. Agradeço a Deus pela obra do evangelho no Brasil.
  1. Fidelidade. Também agradeço a Deus pelos missionários e líderes locais que plantaram as sementes para a colheita do evangelho que agora cresce no Brasil. O Ministério Fiel é apenas uma história, mas uma digna de nota (esse foi o 30º aniversário da Conferência Fiel). Ao longo das últimas muitas décadas, a Fiel tem publicado bons livros, investido em novas tecnologias (vídeos, blogs, mídia social), estabelecido boas parcerias com ministérios no Estados Unidos e ajudado a dar suporte a pastores locais. Existem outros ministérios, editoras, seminários e denominações fazendo coisas similares. Será que Deus permitirá que você veja os mesmos resultados na sua cidadezinha ou entre o povo não alcançado ou escassamente alcançado que você está servindo agora? Só Deus sabe. Mas se não abandonarmos o trabalho e continuarmos a plantar e mantivermos a nossa mão no arado, Deus certamente fará mais do que podemos imaginar.
  2. Evangelismo. Falando de plantar, sempre que tenho o privilégio de passar tempo com irmãos e irmãs ao redor do mundo, fico inevitavelmente impressionado com o comprometimento deles com o evangelismo (e um pouco envergonhado do meu próprio comprometimento). Que alegria foi ouvir a respeito das dezenas de milhares de livros do R.C. Sproul que foram distribuídos por cristãos brasileiros durante a Copa do Mundo. E que alegria ainda maior foi ouvir um pastor falar de mais de uma dúzia de novos crentes que ele estava batizando em sua igreja como resultado desse esforço evangelístico. Uma doação de livros de larga escala é a melhor maneira de alcançar os perdidos em nosso país? Talvez sim, talvez não. Mas posso pensar em maneiras que com certeza são as piores, como não planejar, não fazer estratégias ou não compartilhar absolutamente nada.
  3. Recursos. Se há algo de que sempre sou lembrado quando falo em outro país é a importância de bom treinamento e bons recursos. Que presente teologicamente sadio, pastoralmente sábio, devocionalmente rico são as editoras cristãs para o mundo. Nunca subestime o poder da palavra impressa, e não subestime a crescente influência da internet. Através da tradução de bons materiais em inglês e da produção de seus próprios recursos online, a igreja brasileira parece estar à frente da média quando se trata de utilizar a internet para a causa de Cristo e a saúde da igreja.
Isso me leva a uma última advertência. Embora seja certamente apropriado para nós no Estados Unidos que tuitamos, escrevemos artigos de blog e livros a respeito de questões que afetam nosso contexto imediato, trabalhemos para pensar ampla e biblicamente sobre o que escrevemos. Obras gerais de teologia, comentários acessíveis, materiais básicos sobre discipulado cristão, peças profundas sobre o ministério pastoral: esses são os tipos de artigos e livros que podem não torná-lo um best-seller ou o rei dos acessos do país, mas o tornarão relevante para cristãos vinte anos no futuro e para cristãos ao redor do mundo hoje. Vamos dar importância ao que é importante.

Por: Kevin DeYoung. © 2014 The Gospel Coalition. Original: A Few Reflections on My Trip to Brazil.
Tradução: Alan Cristie. Revisão: Vinícius Musselman Pimentel. © 2014 Ministério Fiel. Todos os direitos reservados. Website: MinisterioFiel.com.br. Original: Algumas Reflexões Sobre Minha Viagem ao Brasil.
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