Uma das questões mais exploradas pelos governos desde os ataques de 9 de setembro de 2001, o terrorismo religioso atinge índices mais altos a cada ano. É consenso entre os especialistas que 99% dos ataques são motivados por questões relacionadas à fé.
O número de ataques e mortes subiu assustadoramente no ano passado, indica um novo relatório divulgado pela CNN esta semana.
Ocorreram mais de 8.500 ataques terroristas ano passado, matando quase 15.500. A violência se espalhou pela África, Ásia e Oriente Médio. Isso significa um aumento de 69% nos ataques e um acréscimo de 89% nas mortes em comparação com 2011, que teve 5.000 ataques. O recorde anterior de mortes era de 2007, com mais de 12.800.
Os números são parte do relatório feito pela START, um dos principais analistas do terrorismo no mundo. A sigla em inglês abrevia o nome oficial: Consórcio para o Estudo do Terrorismo e Respostas ao Terrorismo. Ligado ao Departamento de Segurança do governo americano, o sistema funciona na Universidade de Maryland. Existe um banco de dados do terrorismo global, sendo a mais completa fonte de informações não confidenciais sobre ataques terroristas desde a década de 1970.
Atualmente, seis dos sete grupos mais mortais estão filiados à organização terrorista Al Qaeda. A quase totalidade dos ataques ocorreu em países de maioria muçulmana. Embora atos terroristas tenham ocorrido em 85 países no ano passado, apenas três (Paquistão, Iraque e Afeganistão) são responsáveis por mais da metade dos ataques (55%) e das mortes (62%) em 2012. Um dos grupos mais mortais está na Nigéria. O Boko Haram, orquestrou 364 ataques e matou 1.132 pessoas, na maioria cristãos.
Para 2013, espera-se que haja um número recorde. Os dados ainda não foram compilados, mas somente no primeiro semestre ocorreram cerca de 5.100 ataques. Segundo Gary LaFree, diretor do START, a onda de violência não dá indícios que irá diminuir.
LaFree explica que os computadores processam mensalmente uma média de 1,2 milhão de artigos. Vindos de 50 mil órgãos de imprensa, existe uma comunicação mensal para identificar e esclarecer os ataques. Um software rastreia e elimina as redundâncias. A equipe de 25 pessoas do centro identifica, estuda e categoriza cada ataque.
“Estamos convencidos de que uma grande parte desse relatório comprova uma mudança real no mundo”, explica LaFree. Excetuando as pequenas quedas em 2004 e 2009, o número de ataques tem aumentado na última década.
Especialistas em contraterrorismo também dizem que os ataques estão ocorrendo com frequência crescente. Daniel Benjamin, ex-coordenador de contraterrorismo do Departamento de Estado explica que a Al Qaeda segue o modelo estabelecido por seu ex-chefe, Osama Bin Laden. “Ele era motivado por uma visão apocalíptica e queria desencadear uma guerra global entre cristãos e muçulmanos”, assegura.
Mas esse não é o único grupo. Várias organizações novas têm surgido e só se ouve falar delas quando assumem a autoria dos atentados. Para LaFree, existe uma lógica maligna: “Se você é um grupo terrorista e quer passar sua mensagem, quanto mais pessoas você mata, mais bem sucedido você é”.
Martha Crenshaw, uma especialista da Universidade de Stanford e membro do conselho da START, explica: “Infelizmente, parece ser cada vez mais aceitável em certos sistemas religiosos que é preciso matar tantos membros da outra comunidade religiosa quanto possível”. Com informações CNN.
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