Os missionários brasileiros Francisca e Sérgio Oliveira moravam havia seis anos numa cidade no Estado de Mopti, no Mali. Além do trabalho evangelístico, eles têm projetos sociais na área de saúde e agricultura.
Quando saíram para buscar colegas que chegavam à capital, Bamako, os rebeldes entraram na cidade em que eles moravam. Era o início da revolução islâmica que resultou na intervenção da França e de tropas internacionais naquela nação africana.
“Os rebeldes… metralharam a central de energia do centro de comunicações e roubaram muitos estabelecimentos comerciais, a única ambulância do hospital local e uma viatura da polícia”, contou Francisca, que também é técnica de enfermagem.
“Éramos os únicos estrangeiros da cidade, então se tivéssemos ficado certamente seríamos um alvo preferencial”, explicou ela à BBC. Desde esse dia, os missionários não puderam mais voltar para casa.
“Seria muito arriscado voltar porque desde então os rebeldes costumam aparecer na região. Essa foi a primeira casa em que moramos depois de casar e deixamos tudo lá”, lamenta.
Francisca explica que é difícil saber notícias da cidade. “É um lugar bastante isolado, não tem nem energia elétrica. As pessoas precisam subir no telhado das casas para conseguir sinal de telefone”.
A expectativa dos missionários é que as tropas da França que estão no Norte do Mali tragam a paz de volta. “Esperamos que possamos voltar para casa em breve, mas também achamos que, tal como os franceses estão anunciando, o conflito parece estar fácil demais para eles. Precisamos esperar para ter certeza de que não há risco de voltar.”
Acredita-se que ainda há dez missionários brasileiros no Mali hoje. Quase todos são evangélicos e atuam em projetos sociais no país. A maioria está na capital, que não foi atingida pela guerra ainda. O embaixador brasileiro no país confirma que os missionários cristãos são bem vistos pelos habitantes, de maioria muçulmana.
“É óbvio que não seria prudente fazer proselitismo religioso em um momento desses, mas esses brasileiros nunca fizeram isso. Seu foco são os projetos sociais, por isso seu trabalho é muito apreciado e respeitado localmente”, ressalta.
A maioria dos missionários americanos e europeus já saíram do país. O temor é que, caso os rebeldes tomem o poder, o cristianismo seja erradicado do Mali. Há relatos de igrejas sendo queimadas e malineses cristãos mortos pelos extremistas muçulmanos.
O Mali vive desde o início do ano um confronto armada entre milícias extremistas islâmicas, e o governo do país, apoiado por tropas da França e da ONU. Ex-colônia francesa, o Mali tem testemunhado bombardeios contra cidades do norte e ainda são intensos os conflitos terrestres. Não existe previsão de quando o conflito acabará. Com informações de BBC e Urban Christian News.
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