domingo, 10 de junho de 2012

O Púlpito e o Punhal


Por Cleyton Gadelha
O Púlpito e o PunhalReconhecendo que é nosso dever, como cristãos, estarmos do mesmo lado, permito-me, entretanto, apontar o dedo contra nós mesmos. Sim, precisamos que alguém, afinal, diga que as armas que estão matando nossa identidade foram gestadas por nossa tolerância autofágica.
É desesperadora a angústia de precisar se agarrar à tentativa de fazer a igreja permanecer em moldes biblicamente concebíveis.
As últimas três décadas foram devastadoras para a igreja no Brasil. À medida que a igreja ia sendo transformada de protestante em "evangélica", as estatísticas do IBGE embriagaram nossa percepção. Quase ninguém se dava conta que o processo estava apodrecendo a Igreja por dentro. Os fatores que viabilizavam tal crescimento não eram, nem de longe, legítimos como práticas cristãs.
Dos "dentes de ouro" à "Marcha prá Jesus" parte de nossa herança foi extraviada. Sem reflexão teológica, a igreja caiu nas mãos de celebridades da música gospel e de líderes carismáticos que invadiram a mídia, assumindo de forma usurpada, o direito de falarem em nome da Igreja.
A face pública do movimento chamado evangélico parece, como diria Olavo de Carvalho, "uma gigantesca máquina de desentortar banana". Visibilidade impressionante, mas completamente esvaziado de significado.
O que está aí é estatisticamente impressionante, mas não pode ser celebrado como cristianismo, porque não o é. Um "cristianismo" que não produz impacto moral sobre a sociedade. Um cristianismo que, várias vezes, fica aquém da moral pagã, não foi, evidentemente, esculpido pelo poder santificador do Espírito Santo.
Por outro lado, as denominações históricas, que deveriam ter ancorado o cristianismo no porto da reforma protestante, praticaram crime ainda maior, quando entregaram suas escolas teológicas nas mãos dos liberais.
Seminários protestantes pagaram salários a professores liberais que corromperam a fé dos nossos jovens que, indefesos,foram entregues nas mãos deles para serem "bultmanntizados", "tilichizados"etc. Esses jovens, depois de quatro anos, eram feitos pastores e, usaram nossos púlpitos como arma letal de desconstrução do cristianismo bíblico. "Quem apóia lobos, sacrifica as ovelhas". Por isso a história não nos tem por inocente.
Muitas igrejas morreram, e o punhal que as matou foi um púlpito pejado de má teologia.
Batistas, Presbiterianos e todos os históricos, precisamos fazer um "mea – culpa" porque a resposta dos nossos pais ficou muito aquém da necessidade da igreja e, nós, não somos melhores do que os nossos pais, portanto chorar é também nossa parte.
Como Deus sempre tem que salvar o seu povo, porque se dependesse de nós, seu plano seria de todo extraviado, mais uma vez está Ele vindo em nosso socorro.
É encorajador ver algo novo, burbulhante, se movendo como um broto emergindo de um toco queimado. Há uma força que não se deterá por ser pequena. O Senhor já começou sua reação. Há um vigoroso despertamento das igrejas do Brasil rumo às Doutrinas da Graça.
O mote dos anos 70/80 era: Doutrina não! Doutrina divide! Esse bordão enganoso está sendo substituído no coração de um remanescente que começa a bradar nos púlpitos e nas redes sociais, em acampamentos e em conversa de mesa: Doutrina sim! Teologia Sim! E que sejam aquelas velhas doutrinas que mudaram a Igreja e o mundo no século 16. Como disse Marcos Granconato: "Teologia é como vinho, quanto mais velha melhor".
Palavras como Wittenberg, Genebra, Dort, Westminster, Puritanos, Credo, impronunciáveis há alguns anos, compõem agora a falação da galera jovem e dos veneráveiss anciãos de nossas igrejas. A hora da virada chegou!
Deus está visitando a igreja no Brasil para reesculpir sua face com o cinzel da virilidade bíblica e da pujança dos reformadores que batalharam pela fé dos santos sem jamais desfalecerem.

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