domingo, 10 de março de 2013



Protesto na Avenida Paulista, em São Paulo
Foto: Marcos Alves / Agência O Globo
Protesto na Avenida Paulista, em São PauloMARCOS ALVES / AGÊNCIA O GLOBO
RIO, SÃO PAULO e BRASÍLIA - Manifestantes realizaram neste sábado um protesto, marcado para acontecer em 16 cidades do Brasil, contra a eleição do deputado Marco Feliciano (PSC-SP) para a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. No Rio de Janeiro, entre 300 e 400 pessoas se reuniram em frente à Câmara dos Vereadores, no Centro. Já em São Paulo, na região central da cidade, os manifestantes ocuparam duas quadras da Avenida Paulista, e o trânsito foi parcialmente interrompido. A Polícia Militar acredita que entre 650 e 800 manifestantes tenham comparecido.

No Rio, ativistas levaram cartazes como "Apesar de você, amanhã há de ser um outro dia", "Fora, Renan", "O Brasil precisa de mais professores do que pastores" e "Deputado Feliciano, você envergonha o Congresso, o Brasil e os cabeleireiros".
- Feliciano, você vai ver, a maioria não precisa de você! - foi grito de guerra no final do ato, quando os manifestaram caminharam em direção à Lapa.
Em um alto-falante, a produtora Beatriz Pimentel Ferreira, de 21 anos, uma das organizadores do ato, criticou a postura do deputado:
- Sou cristã e o Feliciano não representa grande parte dos evangélicos - disse ela, que é da 1ª Igreja Batista do Recreio.
Já Gabriel de Melo, estudante de Letras, disse que o protesto também é contra o que chamou de “bancada homofóbica”.
-Tem evangélico que não é homofóbico. Tem homofóbico que não é evangélico. Nossa luta é contra essa bancada homofóbica.
Em São Paulo, o ato teve a participação de integrantes de movimentos gays e do candomblé. Na esquina da Avenida Paulista com a Rua da Consolação, a Polícia Militar acompanhou o ato.
Organizadores do protesto repudiaram afirmações do deputado, que é pastor evangélico.
- Organizamos o movimento por causa da declaração do Feliciano de que negros e homossexuais são amaldiçoados - disse Luiz Ricarte, um dos organizadores do protesto e integrante do Movimento de Combate à Homofobia de Guarulhos.
Para Beto Volpe, representante estadual da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV, o pastor não pode presidir a Comissão de Direitos Humanos porque declarou que "o HIV é o câncer gay".
Os manifestantes querem fazer pressão política para que Feliciano renuncie.
— O Feliciano não representa nada. No próximo dia 6 de abril vamos fazer uma passeata na Avenida Paulista e coletar assinaturas para ele renuncie — disse Daniel Fernandes, um dos organizadores do ato deste sábado.
Em vias próximas ao local onde foi realizado o protesto contra a eleição de Feliciano ocorreu uma outra manifestação, contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Porém, os dois grupos não se encontraram.
Em Curitiba, 200 pessoas vão às ruas
Além do Rio e São Paulo, outras capitais também cumpriram a agenda de protestos contra a nomeação do pastor Marcos Feliciano.
Em Curitiba, cerca de 200 pessoas foram às ruas do Centro da cidade na manhã de hoje (apesar de 3 mil terem confirmado presença pelo Facebook). Vestidos de preto e com cartazes que diziam "Fora Feliciano" os manifestantes informaram que vão enviar uma petição à Câmara dos Deputados pedindo a destituição do parlamentar do cargo. Um dos protestantes, inclusive, estava trajado como pastor evangélico. A eles se juntaram os manifestantes do movimento "Fora Renan", contra a eleição do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) para a presidência do Senado. Fantasiados de palhaço e enrolados com a bandeira do Brasil, os manifestantes pediam a renúncia do senador. Segundo Marco Aurélio Sartorelli, um dos organizadores, essa é terceira mobilização contra Renan Calheiros em Curitiba e já está marcada uma próxima, para o dia 23 de março.
Em Vitória, o protesto começou às 14h na Praça do Papa e a caminhada seguiu até o prédio da Assembleia Legislativa. Segundo os organizadores do evento, eles vão enviar uma nota de repúdio pela nomeação do parlamentar à Comissão de Direitos Humanos do Espírito Santo para que chegue a Câmara dos Deputados em Brasília.
Em Maceió, a manifestação foi marcada para as 16h, na orla de Jatiúca, e leva o nome de “Ato-Manifestação-Grito-Ruído de repúdio e repulsa a nomeação de Marco Feliciano à presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias”. Em Santa Catarina, onde foi gravado o vídeo que circulou fartamente em redes sociais (em que o pastor cobra um fiel a senha do cartão de crédito, em Camboriú), o protesto começou às 14h, em Florianópolis, na Catedral da cidade.
Em Brasília, convocados pelas redes sociais, os participantes levaram faixas e aproveitaram o evento para também condenar a presença do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) na presidência do Senado. O ato ocorreu na Esplanada dos Ministérios.
- Fomos barrados no Congresso. Não tem problema. É das ruas que gostamos - dizia uma das faixas, criticando a decisão da presidência da Câmara de vetar a presença de manifestantes na sessão que consumou a eleição de Feliciano.
Integrante da Comissão de Direitos Humanos, a deputada Érika Kokay (PT-DF) afirmou que considera fundamental esse tipo de protesto e chamou de "golpe" a presença do pastor do PSC no comando da comissão.
- Esse protesto, e outros que virão, são os sinais da resistência ao que aconteceu. Se o espaço da Câmara foi vetado ao povo, a voz da sociedade, então, se expressa nas ruas - disse Érika Kokay.



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