CANILATRIA
Acho que não existe essa palavra no “Aurélio” e, por isso, dou uma de Ibrahim Sued, o jornalista que mais escreveu subliteratura neste país, nos anos 1950 a 1970, e invento-a, agora mesmo.
Ontem eu havia acabado de fazer a tradução de um trabalho (13 páginas ofício A-4), para um dos meus “netos, sobre os problemas dos movimentos de reabilitação (principalmente o AA). Quando ele chegou, conversamos alguns minutos e acabei indo com ele visitar uma senhora que tem idolatria pelo seu cachorro.
Quando ela estava procurando casa aqui na cidade, sempre pensava antes no cachorro, se ele iria gostar da casa, do jardim, ia à feirinha comprar roupas de inverno para o cão, falava, falava tanto nesse cão que eu comecei a odiar o bicho, cujo nome fiz questão de não aprender. Se eu gostasse dos meus netos um centésimo do que ela gosta do seu cachorro, poderia me considerar uma boa avó... Ela é “canólatra” enquanto eu nem sequer jamais desejei ser avó objeto...
Encontramo-nos com dois jovens técnicos em informática, que iam lá consertar o computador da heroína deste artigo. Quando lá chegamos, meu neto tocou o interfone, ela atendeu e pediu que esperássemos “um minutinho”.
Exatamente nessa hora caiu um turbulento temporal de granizo sobre nossas cabeças e só não fomos despedaçados porque nos abrigamos sob uma proteção, em frente à casa da dona. Ela demorou nada menos de 15 minutos (e nós sob o aguaceiro) e, quando apareceu, disse que estava tentando fazer o cachorro compreender que ela precisava sair para atender algumas pessoas e que ele não devia sair para não se molhar nem se resfriar, etc.
Entramos na casa e o cachorro infernizou a nossa vida, latindo, querendo nos morder, até que os dois técnicos desistiram do serviço e pediram para levar o PC para a oficina, sob a alegação de que estavam sem ferramenta adequada para fazer o conserto, etc. Enquanto isso, eu fiquei igual a um poste, sem me mexer, com receio de ser atacada pelo “filhinho da mamãe” e com medo que ele me considerasse de fato um poste e...
Na saída, o cão nos acompanhou até o portão, aí a dona teve um ataque de nervos e começou a gritar, descontroladamente, que não o abríssemos, para o cão não fugir. Os gritos era tão histéricos que eu tapei os ouvidos por causa do excesso de decibéis.
Ela é minha parenta, filha de um cearense e casada com um europeu, exatamente como eu. Então temos algo em comum, menos o cachorro (e a igreja, pois ela é da IURD e eu, da Batista). Ela já havia me convidado algumas vezes a visitá-la, mas eu sempre dava uma desculpa, com receio de enfrentar o cachorro. Ontem, aproveitando a companhia do Mário, resolvi enfrentar a fera e fiquei lá 15 minutos (o mesmo tempo sofrido sob o temporal), para NUNCA mais voltar. Pois detesto cachorros, não aprecio gente idólatra, nem de santo católico e do papa, muito menos de bichos! Que Deus me perdoe essa “falta de amor pelos bichinhos”, como diz a senhora em questão. A Bíblia ensina que os animais foram criados para o serviço do homem e não o homem para o serviço dos animais!
Mary Schultze, julho 2004.
Nenhum comentário:
Postar um comentário