“O temor do Senhor é o princípio da sabedoria” (Pv 9.10). Se isto é verdade (e é), então o temor do Senhor nunca é algo a ser temido. Este temor não é uma barreira ao crescimento, mas um caminho para o crescimento e a realização eterna. Mas a palavra “temor” precisa de esclarecimentos, não é? Afinal de contas, a Bíblia não diz “O perfeito amor lança fora o medo” (1Jo 4.18)? Sim. Então, deve haver dois tipos de temor.
Um tipo de temor é aquele que foge do Senhor com pavor, que se esconde e se afasta dele com terror, como se ele fosse nosso problema. Esse tipo de medo é pagão, não cristão. Não tem nada a ver com glorificar e desfrutar de Deus. É desconfiança e ressentimento para com Deus. O evangelho não cria esse temor em nossos corações. O evangelho nos mostra a glória da graça de Deus em Cristo e nos ergue, seguros e destemidos, para enfrentar a vida corajosamente como homens e mulheres com destinos eternos.
Se você não está em Cristo, você teme o Senhor de todas as formas erradas, e não o teme o suficiente. A Bíblia diz que você enfrenta uma “expectação horrível de juízo e fogo vingador prestes a consumir os adversários” (Hb 10.27). Se você não está em Cristo, você é adversário de Deus e está indo para o julgamento eterno – e você realmente merece isso. Mas ele está livremente lhe oferecendo Cristo como seu abrigo.
Você precisa de abrigo por muitas razões. Aqui vai apenas uma: sem Cristo, você é tudo que você tem. Arthur Allen Leff, da Escola de Direito de Yale, um incrédulo brilhante, declara sem rodeios: “Parece que nós somos tudo que nós temos. Dado o que sabemos sobre nós mesmos e sobre os outros, esta é uma perspectiva extremamente desgostosa; olhando ao redor do mundo, parece que, se todos os homens são irmãos, o modelo dominante é Caim e Abel. Nem a razão, nem o amor e nem mesmo o terror parecem ter servido para nos tornar “bons”, e pior do que isso, não há razão nenhuma por que qualquer coisa deva nos tornar assim”. Se você não está em Cristo, você é tudo que você tem. Isso é algo a temer. Mas Cristo é um abrigo para as pessoas que estão com mais problemas do que elas mesmas imaginam. Volte-se para Ele. Volte-se para Ele agora. Ele vai recebê-lo.
Aqui está outro tipo de temor: “O temor do Senhor [como] o princípio da sabedoria” (Pv 9.10). Esta é uma nova atitude de abertura a Deus, criada pelo Seu amor. Se você está em Cristo, o perfeito amor dEle está lançando fora o seu medo de julgamento. A Bíblia diz: “o medo implica castigo, e quem tem medo não está aperfeiçoado no amor. Nós amamos porque ele nos amou primeiro.” (1Jo 4.18-19, A21). O castigo caiu sobre nosso Substituto na cruz. Nós O recebemos com as mãos vazias da fé. Estamos sob o amor de Deus agora. O evangelho nos liberta do temor de que Deus irá, no final, nos condenar de qualquer forma. Nada jamais nos separará do amor de Deus em Cristo Jesus, nosso Senhor.
Porque estou certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor (Rm 8.38-39).
Nós cremos nisso, e O amamos.
Então, tememos ao Senhor de uma nova maneira. Tememos que venhamos a entristecer aquele que nos ama tanto. Este temor sadio é uma humildade ensinável, diz a Bíblia (Pv. 15.33). É total abertura para fazer a vontade de Deus (Gn 22.12). É arrependimento, afastamento do mal (Jó 28.28). Ele se traduz em obediência simples e prática à Palavra de Deus.
De tudo o que se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo homem (Ec 12.13).
O temor do Senhor é uma outra maneira de descrever a confiança no Senhor. Mas a palavra “temor” acrescenta conotações de reverência, respeito e admiração. O temor do Senhor é o oposto de uma superficialidade lisonjeira. Esta humildade não se importa de depender totalmente do Senhor. Na verdade, o temor do Senhor é psicologicamente compatível com “o conforto do Espírito Santo” (At 9.31). É um novo senso de realidade com o Deus vivo (At 2.43; 5.11; 19.17), que nos resgata de uma fé meramente teórica. Este temor é doce, e nos mantém perto do Senhor.
O temor do Senhor ganha em apelo quando concordamos com C. S. Lewis que “em Deus você está diante de algo que é, em todos os aspectos, incomensuravelmente superior a si mesmo.” Se pensamos que podemos viver um só dia de nossas vidas sem nos submetermos ao Senhor, cedendo à Sua sabedoria superior e baseando-nos em Sua infinita provisão a cada momento, enganamos a nós mesmos, não importa o quão brilhante possamos ser.
Mas assim que aceitamos que não somos a medida, mas somos medidos; que não somos os doadores, mas os recebedores, e que Jesus Cristo é o maior especialista do universo em todas as coisas humanas, nós embarcamos em uma maravilhosa nova jornada. Somos livres para crescer e mudar.
O temor do Senhor é o princípio dessa sabedoria.
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