domingo, 9 de junho de 2013

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Colossenses 1.1-23
O tema central da epístola aos colossenses é a sufi­ciência de Cristo para a vida e a salvação. A perigosa heresia que ameaçava se infiltrar na igreja em Colossos precisava ser combatida. Para isso, a melhor arma de que Paulo lança mão é a proclamação da pessoa e da obra de Jesus. Como forma de desautorizar os adeptos dos gnósticos em suas afirmações e em seus falsos ensinamentos, o apóstolo tão somente afirma que Cristo é Senhor sobre tudo e que, nele, todas as coisas foram criadas.
Assim, o cerne da proclamação de Paulo reside no fato de que Jesus é o cabeça do Corpo e de que, nele, está a plenitude: ele criou todas as coisas e está acima de toda a criação.

Prefácio e saudação (1.1-8)

Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, por vontade de Deus, e o irmão Timóteo, aos santos e fiéis irmãos em Cristo que se encontram em Colossos, graça e paz a vós outros, da parte de Deus, nosso Pai. Damos sempre graças a Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, quando oramos por vós, desde que ouvimos da vossa fé em Cristo Jesus e do amor que tendes para com todos os santos; por causa da esperança que vos está preservada nos céus, da qual antes ouvistes pela palavra da verdade do evangelho, que chegou até vós; como também, em todo o mundo, está produzindo fruto e crescendo, tal acontece entre vós, desde o dia em que ouvistes e entendestes a graça de Deus na verdade; segundo fostes instruídos por Epafras, nosso amado conservo e, quanto a vós outros, fiel ministro de Cristo, o qual também nos relatou do vosso amor no Espírito.
Colossenses segue o padrão das epístolas de sua época, nas quais o autor se apresenta e profere uma bênção sobre os destinatários. No caso dos cristãos, “graça e paz” combinava duas saudações e, ao mesmo tempo, configurava uma bênção. Quando os gregos escreviam cartas, desejavam somente “graça”. Os judeus, por sua vez, saudavam com shalom (traduzido em português como “paz”). Paulo combina os dois elementos, “graça” e “paz”, uma saudação que geralmente costumava usar.
Paulo chama os irmãos de “santos” e “fiéis”, porque, apesar de a igreja local estar sofrendo a influência daquela heresia descrita no capítulo anterior, ainda não havia capitulado ao ensino dos falsos mestres que a difundiam; pelo contrário, estava resistindo. Alguns poucos estavam sendo influenciados, mas, em sua maioria, os membros daquela igreja ainda estavam firmes na Palavra de Deus e no evangelho. Por isso, Paulo os cumprimenta da maneira citada.
A menção a Timóteo no primeiro capítulo indica que ele estava com Paulo na prisão. O jovem era filho na fé do apóstolo, seu assistente, embaixador e ministro. Frequentemente, atendia Paulo nas suas necessidades. Na época em que a carta foi redigida, ele estava lá, em Roma. Timóteo pode até mesmo ter sido a pessoa que escreveu a carta, pois o apóstolo costumava ditar para que alguém escrevesse.
Depois de fazer sua apresentação, dizer que estava com Timóteo e desejar graça e paz aos irmãos, Paulo diz aos crentes em Jesus de Colossos que sempre ora por eles e dá graças a Deus (1.3-8). No versículo 4, agradece ao Senhor por duas realidades. Diz que, desde que ouviu falar da fé e do amor que os colossenses tinham para com todos os santos, não cessava de dar graças a Deus por eles. Paulo não os conhecia pessoalmente, uma vez que nunca esteve na cidade — foi Epafras quem pregou o Evangelho ali e trouxe notícias da igreja até Paulo em Roma. Ao tomar conhecimento do que acontecia naquela igreja, Paulo pôs os irmãos em suas orações. O apóstolo orava não somente pelos que conhecia, mas também pelos que não conhecia. Orava por aqueles de quem tinha notícias, onde  quer que o evangelho estivesse sendo pregado e a Palavra de Deus fosse anunciada. Assim, intercedia pelos colossenses.
Dois elementos da verdadeira igreja são a fé em Jesus e o amor entre os irmãos. Por isso, Paulo agradece a Deus a fé da igreja de Colossos na pessoa de Cristo e o amor que tinham por todos os santos. Na certeza dessas duas realidades, Paulo agradece a Deus.
O versículo 5 mostra que essa fé e esse amor se basea­vam na esperança daquilo que estava reservado nos céus para eles. É muito importante saber disso. Quando Cristo ressuscitou dos mortos e subiu ao céu, deu à humanidade a certeza e a garantia de que um dia os salvos estarão com ele — saber isso e confiar nessa verdade faz com que cada cristão tenha fé em Jesus e amor para com os santos. É por isso que o encontro com o Senhor e o desejo de estar com ele permeia todas as exortações para uma vida terrena santa e fiel: por causa daquilo que está reservado nos céus aos que o recebem como Senhor e Salvador.
A Bíblia diz com frequência que os cristãos estão no mundo mas não são do mundo. O destino, a moradia de cada crente em Jesus já está reservada. Por isso importa que os cristãos amem uns aos outros, vivam de maneira digna, creiam no Senhor Jesus, façam o que tem de ser feito nesta vida e preguem o evangelho. Essa é a grande motivação, a esperança proposta à igreja. Naturalmente, esperança nesse contexto quer dizer certeza. É chamada de esperança porque ainda não se concretizou, mas é uma esperança certa — e é por isso que esse amor deve ser demonstrado para com todos.
Como exatamente os cristãos de Colossos ouviram falar dessa esperança? Paulo aproveita e faz uma exposição. Ele diz no versículo 5 que eles escutaram sobre a esperança eterna por meio da palavra da verdade, o evangelho. O tempo verbal de ouvistes remete ao passado. Assim, foi provavelmente antes de a heresia de Colossos chegar àquela igreja que seus membros ouviram a autêntica proclamação das boas-novas. O apóstolo diz, então, que aquilo que estavam escutando era mentira, o que poderia se perceber porque antes ouviram e foram instruídos na verdade.
No versículo 6, Paulo afirma que o evangelho chegou até os colossenses, mas também que estava frutificando e crescendo por todo o mundo. Nessa passagem ele usa uma hipérbole, um recurso de linguagem. Quando se refere a “todo o mundo”, na verdade está fazendo alusão ao mundo conhecido na época. De fato, quando o apóstolo estava em Roma, as boas-novas de Cristo já estavam sendo anunciadas em todas as partes do mundo conhecido, pregadas em todos os lugares do Império Romano. Não significa que não houvesse locais em que não era pregado, mas a hipérbole apresenta a ideia de que a Palavra de Deus já tinha se espalhado por praticamente todo o império.
Assim, chegamos a este ponto do texto sabendo que Paulo estava orando por irmãos em Colossos que ele nunca conheceu nem viu e que o evangelho estava sendo difundido por todo o Império Romano. Não demoraria muito e o cristianismo seria reconhecido pelos imperadores como a religião oficial do império romano — porque estava crescendo, se espalhando por todo lugar pela graça de Deus e frutificando “desde o dia em que o ouviram e entenderam a graça de Deus em toda a sua verdade” (1.6). Aqueles cristãos ouviram o evangelho por intermédio de Epafras, creram naquela mensagem e se tornaram parte da grande multidão de milhares e milhares que no mundo inteiro ouvia as boas-novas e cria no Senhor Jesus.
No versículo 7, Paulo diz quem foi o instrumento de Deus para levar o evangelho até seus destinatários: “como aprendestes com Epafras, nosso amado conservo, fiel ministro de Cristo em nosso favor. Ele também nos contou do amor que tendes no Espírito” (1.7-8). Em linhas gerais, ele está agradecendo a Deus pelos colossenses, como se dissesse, em resumo: “Toda vez que oro a Deus, dou graças a ele por vocês, porque Epafras me contou que lhes pregou o evangelho que aprendeu de mim e que vocês creram — receberam essa palavra da verdade, que é diferente dessa mentira que estão escutando. E, como resultado de terem crido no Senhor Jesus, vocês têm amor uns pelos outros, porque sabem da esperança que lhes está reservada. Por isso, sou grato a Deus por serem uma igreja de Cristo. E louvo ao Senhor por vocês — mesmo que nunca os tenha visto”.

A Supremacia e a suficiência de Cristo: A mensagem de Colossenses para a igreja de hoje (Augustus Nicodemus Lopes)

A Supremacia e a suficiência de Cristo: A mensagem de Colossenses para a igreja de hoje (Augustus Nicodemus Lopes)
Em nossos dias, assim como na época de Paulo, a supremacia e a suficiência de Cristo têm sido desafiadas pelos mais variados tipos de heresia. Paulo escreveu a carta aos colossenses em meados do primeiro século para combater um falso ensinamento, conhecido como a heresia de Colossos. No entanto, o leitor atento que esteja familiarizado com a situação da igreja evangélica brasileira não terá dificuldade em identificar nos dias de hoje várias semelhanças com essa heresia. Precisamente por esse motivo a carta que Paulo escreveu aos colossenses é tão relevante para o nosso tempo.
Por Augustus Nicodemus. Trecho do 1º Capítulo do livro “A Supremacia e a suficiência de Cristo” (Edições Vida Nova). Usado com permissão.
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