Não existem muitos livros que conduzam você para a pergunta: O que eu devo fazer quando estou planejando pecar novamente? Toda a Escritura, é claro, trata dessa questão, porque todos nós sabemos que iremos pecar novamente, mas há dois padrões que são especialmente perigosos.
1. Confessa — depois ignora. Um casal cede ao sexo antes do casamento e se sente culpado. Eles confessam isso ao Senhor e prometem a Deus e, um ao outro, que nunca mais farão isso. Mas acontece de novo, e depois de novo. Na terceira vez, eles já não têm mais certeza de como proceder. Eles ainda podem sentir-se um ‘pouquinho horríveis’, mas por que se incomodar em confessar algo que você irá fazer de novo? Eles sabem que fazer promessas por culpa não funciona e, neste ponto, eles admitem que tais promessas são mentiras mesmo. Eles esperam fazer isso novamente. Melhor é apenas deixar essa fase correr seu curso, eles concluem. O casamento pode chegar logo, ou talvez o pecado morra gradualmente. Depois eles podem se comprometer novamente com Deus.
2. Confessa — tenta — se sente muito mal — perde a esperança — tenta ignorar. Essa é uma pequena variação do primeiro padrão citado anteriormente e leva um pouco mais de tempo para colocar o pecado recorrente em quarentena espiritual para que ninguém mais mexa nele. Por exemplo, alguém pode não estar planejando sua próxima queda na pornografia, mas fez pouco para interrompê-la, como compartilhar sua atividade na internet com alguém a quem ele possa prestar contas. Ele pode confessar suas próximas nove quedas (saltos?) na pornografia, mas uma vez que chega aos dois dígitos ele começa a imaginar: para quê isso serve? Então, esse setor da vida vai gradualmente se fechando para a ação de Deus, embora tais sentimentos ruins nunca tenham ido embora de fato.
De qualquer maneira, Deus é marginalizado, e o pecado vence através da nossa negação e complacência.
Peça ajuda
Tais padrões exigem ação. Eles matam nossas almas e nossas almas não irão curar a si mesmas com o tempo. Pelo contrário: precisamos de intervenção espiritual. A mais óbvia intervenção é ir a público. O pecado é como cogumelos e outras coisas que florescem no escuro. Então, traga-o à luz e confesse-o a outra pessoa. Se podemos confessar algo ao Senhor, mas não para um mero ser humano, nossa confissão é suspeita. Vá a público.
Há riscos. Talvez a pessoa para quem contemos conte a outras, ou muito pior, não faça absolutamente nada. Mas não podemos nos dissuadir de uma ação sábia, porque pode haver consequências indesejáveis.
Duas abordagens: Graça ou Lei
Quando pedimos ajuda para esses padrões, provavelmente ouviremos uma das duas abordagens: graça ou lei. Um pastor confiável me disse para pregar a graça até que uma pessoa desconsidere o pecado, então nós pregamos a lei.
Graça proclama a benignidade, o perdão e a paciência do Senhor. Ela convida e aceita. Ela pergunta: “Como você pode continuar a pecar à luz do amor de Deus agora revelado em Jesus Cristo? Você deve desconhecer que ele ama você. Como você pode perder a esperança ou se comprometer com o pecado quando o Espírito Santo foi dado a você?”
A graça de Deus nos corteja. É o amor de Cristo que nos compele à ação piedosa (2Co. 5.14). É sua graça que nos ensina a dizer “não” para a impiedade (Tt. 2.12).
A lei toma muitas peças do caráter de Deus e as remonta na forma dos mandamentos: “Farás…” e “não farás…” Sem elas, não temos ideia de como imitá-lo. Sem elas, esquecemos que a vida diária é vivida diante de Deus e nossos instintos são traiçoeiros.
A lei tem urgência — “hoje” (Hb. 3.15). Ela avisa. Ela pergunta: “Não há temor do Senhor? Seguir Jesus é reservado apenas para aqueles tempos em que há um encontro coincidente entre seus desejos e os dele?” É o temor do Senhor que nos compele a viver justamente. Nós pertencemos a ele. Ele tem toda a autoridade.
Para qual lado você está pendendo?
Conforme temos oportunidades de aplicar essas duas abordagens à nossa própria obstinação e oferecê-las a outros, para onde pendemos? Para a graça ou para a lei?
Palavras e significados importam aqui. Há muitos diferentes usos da lei: a lei revela o caráter de Deus, restringe o pecado, expõe o pecado (nos mostrando a necessidade de Jesus) e nos ensina a viver. Nenhum deles se opõe à graça, mas são expressões dela. No entanto, outro uso da lei é encontrado em Romanos e Gálatas, onde a lei é resumida em um sistema sem o Espírito que olha para nossas próprias ações para justiça própria. Esse uso da lei (chamado de justiça por obras ou legalismo) é oposto à graça e ao evangelho.
Fazendo um uso da lei, graça e lei são companheiras. Com o outro, elas são inimigas. Estou usando a lei como uma companheira para a graça. Ao invés de optar pela graça ou pela lei, podemos dizer que a lei está embutida na ampla graça de Deus.
Então, o que estamos realmente perguntando é: como resultado da multiforme graça de Deus para conosco, devemos persuadir ou advertir o pecador? A questão do pecado intencional e planejado não nos força a escolher a graça ou a lei. Ao invés disso, tanto a graça quanto a lei revelam o caráter de Deus, e nós queremos acessar toda a gama do caráter de Deus enquanto persuadimos e advertimos. Com todo o amor persuasivo que podemos possivelmente oferecer, com súplicas, consideramos tanto a benignidade quanto a severidade de Deus (Rm 11.22).
Todos nós pecaremos de novo, e disso podemos ter certeza. Quando pecamos, pedimos o perdão tanto de Deus quanto daqueles a quem fizemos o mal. Então, algum combate ‘mano a mano’ contra o pecado é provavelmente planejado de certa maneira em público para permanecer firme ou correr quando houver outro ataque. Tudo isso é precedido e seguido por nosso descanso no perdão do pecado assegurado por Jesus. O descanso é espiritual, a complacência é pecaminosa.
Por: Ed Welch; Original: When You Are Planning to Sin Again; ©2014 CCEF; website: www.ccef.org.Tradução: Alan Cristie; Revisão: Vinícius Musselman Pimentel. Copyright © 2014 Voltemos ao Evangelho. Original: Quando Você Está Planejando Pecar Novamente?Permissões: Você está autorizado e incentivado a reproduzir e distribuir este material em qualquer formato, desde que informe o autor, seu ministério e o tradutor, não altere o conteúdo original e não o utilize para fins comerciais.
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