1. Prega expositivamente
Em primeiro lugar, devemos pregar expositivamente, ou seja, através dos livros inteiros do Pentateuco, capítulo por capítulo, versículo por versículo. Muitos pregadores pegam as “cerejas” do texto, deixando a dieta espiritual de suas congregações aos caprichos de seus sentimentos semana após semana. Embora ele não era um pregador expositivo no sentido que estou defendendo, Charles Haddon Spurgeon descreveu o que nós precisamos fazer: basta abrirmos nossas Bíblias e deixarmos o Espírito Santo fazer a Sua obra da mesma maneira como se nós soltássemos um leão deixando-o fazer o seu desejo. Nosso povo precisa ouvir as histórias de Gênesis, como a criação, o pecado de Adão, Noé e do dilúvio, o chamado de Abrão, a luta de Jacó e a preservação de Israel por José, bem como a genealogia de Esaú que parece não poder ser pregada (Gênesis 36) e os desvios sexuais da história de Judá e Tamar (Gênesis 38). Nosso povo precisa ouvir as histórias do Êxodo, como a preservação de Moisés no Nilo, sua vocação na sarça ardente, as pragas, os Dez Mandamentos, e do Tabernáculo, bem como as Leis aparentemente aleatórios no chamado “Livro da Aliança” (Êxodo 21-23). Estes são apenas a ponta do iceberg.
2. Pregar Claramente
Em segundo lugar, devemos pregar “de forma clara”. A linguagem do apóstolo Paulo em 1 Coríntios 2:1-5[1] e Colossenses 4:4[2] tornou-se o grito de guerra do “estilo simples” puritano da pregação nos séculos XVI e XVII, enfatizando simplicidade de expressão e de método. Em suma, cada sermão girava em torno de dois pontos principais: doutrina e uso, ou, em nossa terminologia, exposição e aplicação.
Pregar o Pentateuco de maneira clara, é primeiramente pregar doutrina. Os textos do Pentateuco são o terreno fértil de que os profetas e apóstolos colheram sua doutrina. Portanto, quando você pregar em Gênesis 1, pregue sobre a doutrina da criação, quando você pregar em Gênesis 2, pregue no sábado, quando você pregar sobre a narrativa do dilúvio em Gênesis 6-9, pregue sobre a justiça e a misericórdia divina, quando você pregar sobre o chamado de Abrão em Gênesis 12, pregue sobre eleição e chamado eficaz, quando você pregar sobre a fé de Abraão em Gênesis 15, pregue sobre a justificação Sola Fide. Os exemplos de doutrinas dos textos do Pentateuco são numerosos demais para mencionar.
Pregar o Pentateuco de forma clara significa pregar a aplicação e utilização do texto. Nós precisamos dizer ao nosso povo o “quê” da passagem, bem como o “e daí?”. O Diretório de Westminster para o culto público de Deus chamou isso de “trazer[ndo] de casa para uso especial, através da aplicação para seus ouvintes”. Esta é uma área em que nós, como pregadores reformados, podemos ser fracos, para ser honesto. O Diretório de Westminster admite que a aplicação vai “se provar uma obra de grande dificuldade para [o pastor], o que requer muita prudência, zelo e meditação”. Para pregar, um ministro deve ter uma consideração daqueles a quem ele prega. Leva tempo para desenvolver essa habilidade, porque é preciso tempo para conhecer a si mesmo, bem como suas ovelhas e as suas necessidades, preocupações, problemas e medos.
Por que é tão importante que as pessoas compreendam a santidade e justiça de Deus na narrativa das pragas do Êxodo? O que você quer que seu povo a faça em resposta à providência de Deus na narrativa José? Você não pode simplesmente alimentar o seu rebanho ignorante, impotente, e muitas vezes com medo com a carne da Palavra. Você precisa dizer a eles o porquê que isso é bom para eles, o porquê eles precisam comer, e como eles precisam comer.
3. Pregar Cristologicamente
No final de The Arte of Prophecying, William Perkins afirmou “O Sumo do Sumo” da pregação com estas palavras: “Pregue um Cristo por Cristo para o louvor de Cristo”. Devemos anunciar a Cristo como a sabedoria eterna do Pai, por meio de quem o universo foi feito a partir de Gênesis 1, proclamá-Lo como o Salvador do julgamento na narrativa da inundação, proclamá-Lo como o juiz dos vivos e dos mortos nas narrativas das pragas no Êxodo, e proclamar a Sua obediência ativa e passiva nas leis e regulamentos do Livro da Aliança e as narrativas do tabernáculo.
Ao dizer isto, deixe-me acrescentar que você não deve simplesmente pregar sobre Cristo, mas você deve ser a voz de Cristo à sua congregação. Você quer que as pessoas a ouçam a voz viva de Cristo perto deles na sua voz e não apenas como um eco distante. Eu faço isso pregando com paixão e urgência, e falando frequentemente na primeira pessoa. Isso é humilhante e assustador. Mas se Paulo diz: ” E como crerão naquele de quem nada ouviram?” (Romanos 10:14), e se a pregação não é palavra dos homens, mas a Palavra de Deus (1 Tessalonicenses 2:13[3]), então a sua voz é a viva vox, a voz viva do Senhor. Portanto, pregue a Cristo aos incrédulos, chamando-os ao arrependimento e à fé; pregue a Cristo a crentes duvidosos, garantindo a seus corações o Seu amor; pregue a Cristo aos crentes fortes, chamando-os a perseverar e continuar em uma fé viva; e pregue a Cristo aos rebelde, preguiçoso, e pérfidos membros, chamando-os a compreender os privilégios que têm e para entrarem neles através da tristeza piedosa e pela verdadeira, não apenas histórico, fé.
O Pentateuco deve ser pregado, pois ele é a Palavra de Deus. O Pentateuco precisa ser pregado, pois contém alimento para alma do nosso povo com fome. Finalmente, devemos desejar pregar o Pentateuco, à medida que isso leva o povo pela mão para o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo e nossa vida incrível nele.
Este post foi adaptado do livro de Daniel Hyde, God in Our Midst.
[1] “Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria. Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado. E foi em fraqueza, temor e grande tremor que eu estive entre vós. A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana, e sim no poder de Deus. Entretanto, expomos sabedoria entre os experimentados; não, porém, a sabedoria deste século, nem a dos poderosos desta época, que se reduzem a nada”. 1 Co 2:1-5.
[2] “para que eu o manifeste, como devo fazer”. Cl 4:4.
[3] Outra razão ainda temos nós para, incessantemente, dar graças a Deus: é que, tendo vós recebido a palavra que de nós ouvistes, que é de Deus, acolhestes não como palavra de homens, e sim como, em verdade é, a palavra de Deus, a qual, com efeito, está operando eficazmente em vós, os que credes.
Por: Daniel Hyde. © 2014 Ligonier Ministries Website: www.ligonier.org; Original: 3 Principles for Preaching the PentateuchTradução: Hélio Sales; © 2014 Voltemos ao Evangelho. Original: 3 Princípios para Pregar o PentateucoPermissões: Você está autorizado e incentivado a reproduzir e distribuir este material em qualquer formato, desde que informe o autor, seu ministério e o tradutor, não altere o conteúdo original e não o utilize para fins comerciais.
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